*Com Giovanni Alves

O programa do Fantástico, da Globo, no último domingo, noticiou casos de equívocos da Justiça, que acabaram mandando para a prisão pessoas inocentes mas acusadas por crimes que nunca haviam cometido. Em Serra Talhada um caso se demonstrou semelhante, envolvendo o agricultor Claudiomar Gomes de Oliveira, de 40 anos, preso na cadeia de Serra Talhada há um mês, acusado de homicídio doloso (com intenção de matar).

No caso do agricultor, até o próprio pai da vítima, fez questão de avisar à polícia que Claudiomar Gomes de Oliveira não seria o autor do crime. Antes de ser preso, Claudiomar morava no distrito de Logradouro, zona rural de Serra Talhada, e não possuia ficha criminal. Ele se diz vítima de um possível erro de condução do processo, que teria começado com a má apuração da polícia e terminando no equívoco da decisão judicial.

Em 7 de novembro, o juiz Artur Teixeira de Carvalho Neto, emitiu um mandado de prisão temporária contra uma pessoa conhecida apenas por ‘Claudino’, que seria filho de um homem chamado Demar Rodrigues, morador do mesmo distrito do agricultor que está preso e se diz inocente, Claudiomar Gomes. “Com documento em mãos e confundindo os nomes, a polícia acabou chegando em mim”, lamentou o agricultor, mais conhecido por “Claudin” na região onde vive. A partir daí a vida do agricultor deu uma reviravolta.  

Sentimento

“Sinto vergonha por tudo isso que venho passando, me sinto humilhado, minha vida virou um inferno”, disse Claudiomar Gomes, que faz parte da Associação dos Agricultores do Logradouro. No momento da prisão ele conta que estava na roça quando foi abordado pela PM. “Disseram que tinham que revistar a minha casa pois lá tinha arma. Levei eles e revistaram tudo. Mesmo assim fui levado para delegacia. Quando cheguei, o delegado me fez umas perguntas e disse que eu estava sendo acusado de assassinato”, declarou. 

“Mas quando aconteceu o assassinato eu estava dormindo. Minha mulher escutou os tiros e me acordou. Então fui à calçada onde outras pessoas já estavam ao redor do corpo. Peguei uma cadeira e fiquei espiando o movimento também”, relatou. A história do agricultor Claudiomar convenceu o advogado Renaldo Alves de Lima, que resolveu defendê-lo em juízo. “Conversei com o próprio pai da vítima que testemunha a inocência de Claudiomar”, disse o advogado.

Durante a visita a cadeia pública, o FAROL encontrou  Cosme da Silva, que é primo da vítima do assassinato em 20 de agosto. Ele estava no centro prisional para fazer uma visita, como amigo, ao suposto culpado, Claudiomar Gomes.  “Ele é uma ‘cabra’ da roça. É um homem bom”, disse Cosme, defendendo o susposto assassino. Diante das evidências à favor do agricultor, o advogado dele não entende porque seu cliente ainda está preso. A redação tentou entrar em contato para falar com o delegado que efetuou a prisão do agricultor, mas nã obteve reposta.

Caso  em PE

O caso mais emblemático que aconteceu no Estado foi o do ex-mecânico Marcos Mariano da Silva, 63 anos, que passou 19 anos preso injustamente. Ele morreu recentemente, algumas horas depois de saber que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou recurso do Governo do Estado e determinou o pagamento da segunda parcela de uma indenização por danos materiais e morais. O valor total da indenização era de R$ 2 milhões.

O ex-mecânico foi preso acusado de homicídio, em 1972, e solto seis anos depois, em 1982, quando o verdadeiro culpado foi preso. Três anos depois, em 1985, ele voltou à prisão – como foragido – depois de ter sido reconhecido por um policial, durante uma blitz, quando dirigia um caminhão. Marcos Mariano penou mais 13 anos no cárcere sem que ninguém desse crédito à sua história.