Fotos: Farol de Notícias/Celso Garcia

Publicado às 05h03 desta quarta-feira (23)

Nessa terça-feira (22) foi celebrado o Dia Mundial da Água, uma maneira de sermos grato pelo líquido que proporciona vida a todo ser vivente, mas também é dia de reflexão, dia de luto, luto este ocasionado pelas mãos do próprio homem, que constantemente invade o percurso das águas, polui e desperdiça.

Para refletirmos sobre o Dia Mundial da Água, a reportagem do Farol traz o ambientalista Homembom de Souza Magalhães Neto, o popular Bonzinho Magalhães. Ele é graduado em Geografia e Pós-graduado em Geografia Ambiental, fundador da primeira Secretária do Meio Ambiente em Serra Talhada, grande defensor do meio ambiente e mantêm o Santuário da Natureza na Fazenda Buenos Aires, zona Rural de Serra Talhada.

”A água é limpa, é fonte de vida, é um produto finito, a água é vida. O Dia Mundial da Água foi criado para que a água fosse usada com respeito, que nós entendêssemos a dinâmica dela, aonde ela passa. Dizem: ”o planeta tem 92% de água salgada, tem 2% de água doce.’ Tudo bem, mas vamos entender porque foi criado o Dia Mundial da Água. Foi para que nós cuidássemos com respeito. Esse dia, é um dia a ser comemorado da cor da tua máscara [preta]”, lamentou o ambientalista.

REUTILIZAÇÃO DA ÁGUA

Nas várias ações que já desenvolveu enquanto ambientalista está o sistema de reutilização de água em postos de lava-jatos em Serra Talhada. O Homembom se dedicou a visitar cada posto ensinando fazerem o sistema DE aproveitamento, no entanto, com o tempo, a prática foi esquecida.

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”Os postos de lava-jato de Serra Talhada estavam todos fazendo reutilização de água, agora pergunte se tem algum. Eu ia para cada posto e fazia o trabalho com eles: pega aquela água usada, bota brita grossa, brita fina e carvão, e aquela água volta para  lavar os carros de novo. Mas, a coisa muda. Resolvi fazer minha parte e vivo muito bem”’, disse Bonzinho.

A reutilização da água também é colocada em prática na Fazenda Buenos Aires. Segundo o ambientalista, reutilizar a água em casa é um processo mais simples possível. Toda água usada no banheiro, pia de cozinha, lavanderia desce para as plantas e também armazenam água da chuva para ser utilizada.

REVITALIZAÇÃO DO PAJEÚ

O saudoso Rio Pajeú, berço para tantos pajeuzeiros, que desfrutaram da pureza da infância às margens do Pajeú, hoje desperta tristeza e até falas duras como: ‘se o Rio Pajeú foi rio um dia, hoje não passa de um riacho que a água que corre não dar para matar a sede de uma criança.’ Dói ouvir, e é certo que há exagero, mas dói mais porque sabemos que há verdade nestas espinhosas palavras. Para muitos, o Pajeú acabou, jaz na memória de quem tanto o desfrutou.

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Pensando na situação de calamidade do nosso Rio Pajeú, o Farol questionou Bonzinho Magalhães sobre a proposta de revitalização que nunca sai do papel e ele expressou sua mais profunda tristeza e falta de esperança de um dia ver o Pajeú perene, na plenitude da beleza que já teve outrora, devido à falta de prioridade do poder público com o meio ambiente.

”Esperança de revitalização eu não tenho. Quando fala do político, ele tem muitas outras prioridades e quando se fala em meio ambiente, está descartado. Eu fui presidente do Comitê da Bacia do Rio Pajeú de 2012 a 2014, durante esses dois anos, trabalhamos o Dia da Água, Dia do Rio, Caravana do Pajeú com Vanete Almeida para mostrar as pessoas pontuando os riscos e os impactos ambientais. Dentro desse contexto comecei ver quem acompanhava, cada município e chegamos ao ponto da saturação”, disse, continuando:

”Aí eu pergunto, porque o Rio nunca vai ser revitalizado? Porque têm muitas outras prioridades. Você ver obras faraônicas, ver empresários com o bolso cheio de dinheiro, mas o Rio não está aí. Tem uma coisa que me deixa triste, nós tínhamos em Serra Talhada uma ZEIS – Zona Especial de Interesse Social e foi desmanchada. O que é que precisa para isso? Um plano diretor do município atuante, atualizado e aí sim, veriam o que é área de risco, o que prejudica o Rio e as prioridades ambientais”.

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Durante as reflexões feitas pelo ambientalista, em conversa com o Farol, ele pontuou que em cada canto do Pajeú, um poeta deixou esperança, já ele, enquanto poeta e ambientalista, deixou sua tristeza através dos versos seguintes:

O Rio Pajeú perdeu seu natural

Os afluentes descobertos da camada vegetal

A caatinga sua mãe vê o filho perecer

O líquido em suas veias, não tem por onde correr

Pajeú, quem está a tuas margens ajuda a acabar com tu

Meu Deus quanta ignorância do povo lá da nascente

Não entendem que a planta é a colheita da gente

O homem urbanizou a parte do coração

Fez casa, encheu de entulho e provocou degradação

Pajeú, quem está a tuas margens ajuda a acabar com tu

Meu Deus quanta ignorância do povo lá da nascente

Não entendem que a planta é a colheita da gente

O poeta tomou banho no poço da Ingazeira

Pegava cachorro d’água com talo de macaxeira

Brincava com a meninada fazendo malinação

E o rio, está acabado, parece malinação

Todo grande rio nasce de uma grota pequena

Crescendo fazendo carreira dos pés de uma verbena

Todo rio tem um nome e Pajeú é o meu

Numa situação lastimável, não tem o que mereceu.