Fotos: Farol de Notícias/Max Rodrigues

Publicado às 05h52 desta quinta-feira (18)

Nessa quarta-feira (17), o Farol de Notícias foi às ruas para saber como a ‘quarentena’ será  vivenciada pelos vendedores ambulantes, que atuam no Centro de Serra Talhada, e terão, sem duvidas, que amargar prejuízos com o comércio fechado. A maioria afirmou que vai trabalhar normalmente, posto que não receberam nenhuma notificação da prefeitura.

FALA POVO – QUARENTENA E AMBULANTES EM ST

Dos quatro entrevistados, apenas o vendedor de caldo de cana, que trabalha na Praça Sérgio Magalhães, Antônio José de Vasconcelos, 62 anos, afirma que é a favor de ficar em casa, por conta de sua idade e também porque ‘faz tudo para se manter cm saúde’.

“Eu não sou contra e nem sou a favor, para mim tanto faz, que é bom o cara recuar, por conta de 10 dias a pessoa está sujeito a se contaminar. Eu estarei de acordo se não puder vir. Minha alternativa é ficar em casa, porque esse serviço é para ajudar na renda da casa. Agora que na realidade muita gente precisa de trabalhar para ganhar o pão de cada dia. Se é para o bem estar da gente, então sou a favor”, explicou Antônio.

 

Em conversa com a representante dos vendedores ambulantes de Serra Talhada, Maria Alves de Souza, 27 anos, mais conhecida com Mary do Coco, ela deixou claro que vai trabalhar normalmente, pois acredita que se é para fechar, que feche tudo e não só alguns segmentos. Mary do Coco ressalta que não está falando só por ela, mas por todos os vendedores ambulantes de Serra Talhada.

“Na verdade a gente está ciente que vai ter o lockdown, só que até agora a gente tá esperando uma posição da prefeita [Márcia Conrado], que até agora não estamos sabendo de nada, sabemos que algumas coisas irão ser fechadas, mas sobre nosso ramo, não estamos sabendo se vamos ficar trabalhando, se a gente vai recolher nossos carrinhos, a gente depende do trabalho, não somos assalariados, não temos emprego fixo, trabalhamos de dia para comer de noite. Então se  por acaso eles [prefeitura] tirarem a gente, vai prejudicar, porque a questão aqui é a prefeitura se organizar e organizar o pessoal das filas dos bancos, por que o que adianta dá um lockdown se vai fechar algumas coisas e vai continuar outras abertas??”, indagou Mary, acrescentando:

“Eu sou de acordo o seguinte: se é para fechar, então que feche tudo 100%, bancos, loterias, supermercados, se for para melhorar a situação do coronavírus, agora para fechar uns e deixar outros abertos, não adianta, porque isso aí atrapalha todos, principalmente a gente. Há um ano foi fechado tudo, agora está fechando novamente, eu não sou de acordo em fechar, agora se for para fechar, que feche 100%, não algumas coisas e outras não. Amanhã  [quinta-feira] a gente vai estar aqui, até agora não teve posição alguma de dizer a gente o que é que a gente vai fazer, a vigilância sanitária veio pediu para a gente manter a distância, usar máscara, ter o álcool, sempre pedimos para o pessoal dá espaço, se não a vigilância sanitária vem e fecha mesmo, e com toda razão. Agora em dizer que a gente não pode vir, ninguém disse, então a gente vem normalmente, nós não temos salário, não temos renda fixa, se a gente fica casa as contas acumulam”.

Ainda em oposição ao decreto de quarentena em Pernambuco, Rejane Raimunda da Silva, 54 anos, questiona como vai ficar a situação dela se for preciso parar. Com remédios controlado para comprar dentre outras contas, não sabe o que pode fazer para se manter sem as suas vendas.

“Eu tomo 5 tipos de medicação e tenho que tomar controlado e se eu parar, como é que eu vou comprar ?! Não tem condição, eu tenho que trabalhar mesmo, ou que eu queira, ou que não queira, mesmo com medo de estar na rua, mas eu tenho que trabalhar para ter minha medicação. Não posso ficar parada, quem vai me dar esses remédios? Eu venho, nem que seja para tirar a gente da rua, mas eu venho. Só se eu for pedir ou colocar um isopor e sair vendendo de rua a fora, dentro de casa que não posso ficar”, detalhou Rejane.

O vendedor de caldo de cana Álvaro Leandro Fonseca da Silva, 33 anos, explicou que precisa trabalhar, pois tem filho para criar, tem aluguel para pagar, além das contas que se acumulam, “eu mesmo preciso trabalhar, fico de segunda a sexta, pago aluguel e tenho um menino de 1 anos e 5 meses para criar, já tenho umas contas atrasadas. Eu venho porque estou precisando, as contas estão chegando, o papel da luz já chegou, já tem 3 de água”, explicou.

AUXÍLIO EMERGENCIAL

Sem esperança de receber auxílio emergencial, os vendedores ambulantes estão de mãos atadas com a quarentena, são contas chegando, aluguel, além da alimentação. A maioria alega que trabalha de dia para pode comer de noite, sem renda fixa, sem auxílio e sem nenhuma ajuda temem o pior. Todos estão com medo da doença e cobram responsabilidade dos governantes para que haja uma melhora na situação deles.