O prefeito de Serra Talhada, Luciano Duque, se comparou ao ex-presidente Juscelino Kubitschek, responsável por pensar a criação de Brasília, para justificar o seu projeto milionário de abrir um anel viário interligando os bairros da cidade. Incomodado com as críticas, o prefeito afirmou que a obra é digna da cabeça de um visionário que pensa o futuro de um município, assim como Juscelino pensou. “O anel viário não liga coisa a coisa nenhuma na cabeça das pessoas que não tem visão de futuro”, disse.

O curioso é que, tentando convencer que o seu projeto orçado em cerca de R$ 30 milhões irá vingar, ele colocou na reta o deputado e líder da oposição, Sebastião Oliveira (PR), dizendo que o seu rival nas últimas eleições pensa em alocar recursos para tocar o projeto faraônico da gestão. Durante entrevista a rádio A Voz do Sertão AM, recentemente, Duque defendeu o anel como modelo de futurismo urbanístico, e convocou deputados a engajar-se na iniciativa.

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“Eu tive uma conversa com um aliado do deputado Sebastião Oliveira, e ele me disse que o deputado também está interessado em alocar um recurso, que seria a ponte do Cachoeira interligando o bairro Vila Bela até o Bom Jesus. Eu espero que outros deputados também coloquem recursos dentro desse anel”, convocou.

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Indagado se o projeto iria ser concluído até o final da sua gestão, Duque evitou dizer que sim. “Olha, quando (o ex-presidente) Juscelino Kubitschek criou Brasília, e chamou o Lúcio Costa e vendeu a ideia de Brasília, todo mundo o criticou, chamando ele de visionário, de louco. E Brasília é o que é hoje. Quando prefeitos de Belo Horizonte resolveram fazer planejamento de como a cidade iria crescer com a sua formação urbanística, foi quando todos eles foram criticados e chamados de visionários e loucos”, lembrou o prefeito, concluindo o pensamento:

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“Muita gente acha que o anel viário é uma obra, mas não, é um projeto ainda. E não é uma obra barata. Agora o senador Humberto Costa já colocou um recurso aí…”.

FIQUE POR DENTRO

Apesar de ser apenas um projeto, Luciano Duque começou o traçado do polêmico anel viário, com extensão de 23 km, em janeiro deste ano, logo assim que assumiu. A justificativa era preparar o terreno para a criação do projeto topográfico. Há cerca de um mês, a bancada de oposição na Câmara Municipal iniciou uma investigação em torno do assunto, e encontrou um série de interrogações.

Em conversa com o FAROL, o próprio secretário de Obras, Cristiano Menezes, disse que desconhecia qualquer abertura de licitação para o início dos trabalhos do anel viário. Esse é um dos principais questionamentos da oposição, que também identificou que o anel não aparecia no mapa de licitações do governo.

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Os vereadores protocolaram um pedido de informações detalhadas à prefeitura sobre a questão e se concentram neste trabalho de investigação até o momento. Incomodado, o prefeito Duque, durante entrevista de rádio, recentemente, se defendeu antes mesmo de qualquer acusação. E disse que “não era ladrão”.