Publicado às 05h28  desta quarta-feira (31)

José Natanael Costa Gomes Júnior, 29 anos, é natural de Imperatriz no Maranhão. Um andarilho, cantor talentoso e repleto de sonhos, ele vem levando música e tem conseguido chamar a atenção acalmando o coração de muita gente que passa pelo Centro de Serra Talhada em meio ao clima tenso de pandemia. Já cantou em igrejas e também viajou pelo Brasil fazendo roteiro de bares. Com a pandemia, o artista chegou a Capital do Xaxado onde tem se sentido muito acolhido.

Depois de perder os pais, Natanael se viu sozinho, tinha um emprego em sua cidade, mas sem o apoio psicológico e afetivo dos pais, começou a ficar depressivo e viu na música uma saída para o que estava passando naquele momento. “Eu estava em uma situação muito difícil na minha vida, meu pai morreu e eu trabalhava com venda de água na rua. E foi em um momento difícil da minha vida onde eu não tive muito apoio, eu comecei a ficar depressivo, ficar muito triste”, explicou Natanael, acrescentando:

“Eu tinha um teclado que não ajudava me nada, vendi, troquei em um violão, peguei um celular de herança e peguei uma caixinha de som e fui para a rua, o Brasil estava em uma crise horrível, no começo de 2019, não tinha pandemia, mas a situação do país estava horrível, me desesperei, meu pai tinha morrido, não tinha mais aquele apoio, fui para a rua e consegui me virar cantando, venci aquela tristeza. Só que também não tinha apoio algum, fim de casamento, então resolvi ir para a casa de minha mãe biológica em São Paulo, 3 meses desempregado, entregando currículo em tudo que é firma, eu resolvi pegar um violão e entrar em um metrô, comecei a tocar de Jundiaí até São Paulo e me virar assim.”

SE AVENTURANDO NO NORDESTE

Na Terra da Garoa ele não teve muita sorte, conseguia se virar, mas não estava feliz com a situação e decidiu se aventurar pelo Nordeste, conhecendo vários e estados e levando sua voz aos lugares.

“Depois de um tempo a situação em São Paulo é horrível, pessoas passando fome, é uma desigualdade social tão grande que eu disse: quero conhecer meu Nordeste, quero conhecer a cultura do meu Nordeste, resolvi ir viajando, sai de Jundiaí, cheguei em Uberaba e meu som quebrou, fiquei na rua, troquei meu violão nesse que estou usando. Comecei viajando, o violão acústico, comecei pulando de cidade em cidade, queria conhecer os estados que eu não conhecia, Pernambuco e Sergipe foram os melhores estados que eu passei, subi até Belém, fui em Fortaleza, Piauí, Maranhão, conheci meu estado um pouco mais para o Norte, cheguei na minha cidade e não tinha mais aquele apoio, continuei descendo, para ir ao Rio de Janeiro, cheguei no RJ, passei fome a situação feia, ninguém valoriza a arte lá, foi quando eu percebi que o Sul não dava para mim, então decidi voltar para o Nordeste e procurar uma cidade massa para vou morar”, ressaltou o cantor aventureiro.

Natanael já cantou em várias igrejas e sentiu que seu dom estava sendo explorado, então preferiu usar sua voz para alegrar as pessoas, iniciou com louvores e depois começou a cantar músicas populares brasileiras. Agora, depois de conhecer várias cidades, foi justo na terra de Lampião que  se sentiu mais acolhido e hoje pensa em se estabelecer por aqui.

“Fui voltando e parei aqui em Serra Talhada, no meio de uma pandemia dessa foi o lugar que eu mais me senti bem, nessa situação que nós estamos de músicos sem trabalhar, bares fechados. Resolvi morar aqui, aluguei um quarto, claro que a gente tem uma dificuldade muito grande, temos que pensar na saúde, eu venho para lugares onde eu procuro ter uma distância social das pessoas e fazer música para alegrar o dia dessas pessoas, é o único meio de vida que tenho. É preciso ter resiliência, se adaptar e eu me adaptei, o povo do Nordeste é mais humano, já passei fome em um trem de São Paulo. Quero lutar para morar em Serra Talhada, fazer minha vida aqui, depois de estar fixado aqui eu posso até viajar”, detalhou o artista.

SAIBA COMO AJUDAR O ARTISTA

Com dificuldades financeiras Natanael ressalta a importância de um auxilio para quem é baixa renda e vive da arte como ele, o cantor nunca tinha cantado em semáforo, no entanto com a necessidade, ele acaba se virando e se reinventando para ter o básico.

“Eu entendo a situação, mas acho que o governo tem que ter um auxílio para quem é baixa renda, para os músicos, porque tem pessoas que estão sem trabalhar. As pessoas estão precisando de ter paz, você vê aquele grupo do Titanic, onde as pessoas estavam morrendo eles tentaram acalmar através da música”, afirmou Natanael.

Para conhecer mais sobre Natanael e também ajudar o cantor é só entrar no Instagram @eucantoempostugues