Rua 13 de Maio na cheia de 1960

Publicado às 14h34 desta quarta-feira (13)

O “Viagem ao Passado” convida você a conhecer um pouco da história da Rua 13 de Maio, localizada no centro de Serra Talhada, e que se baseia na relação de uma comunidade com a fé, a solidariedade, o comércio e ‘os pontos de pecado’ que se consolidaram na rua ao lado.

Parte dessa história é narrada por Dedinha Ignácio, morador da comunidade desde 1992. Ignácio nos relatou a origem da rua que em 2020 completa mais de 61 anos de existência.

“Era dia 13 de maio de 1959, o prefeito Luiz Lorena, Padre Jesus e Dona Severina desceram a Praça Sérgio Magalhães para se encontrar com o senhor João Alexandre de Souza (o popular João da Federal, pai do escritor Anildomá Wilians) em sua residência. De lá, foram na Rua do Sol, que era assim que se chamava aquela fileira de casas. Foi na residência de Sebastião Valério, na presença de Dona Iraci Nunes que foi discutido o nome da rua. Foi na presença dessas pessoas que foi decidido que o nome da rua tornou-se “13 de Maio”.

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“A sugestão foi dada pelo o Sr. João da Federal, pois essa era o dia do seu nascimento e também porque era dono do patrimônio que deu a origem a rua. E o Padre. Jesus acrescentou que a padroeira da comunidade seria Nossa Senhora de Fátima, em homenagem a data que a Santa apareceu aos primos Lúcia dos Santos (10 anos), Francisco Marto (9 anos) e Jacinta Marto (7 anos), em 1917, em Portugal. Dali em diante, foi chegando mais moradores e a Rua 13 de Maio foi crescendo”, relatou Dedinha Ignácio.

CHEIA

Ao longo dos anos, os moradores da rua foram atingidos pelas maiores cheias do Rio Pajeú, isso devido a localidade ser próxima às margens do rio e por ficar sobre uma das partes do baixo relevo da cidade, essas enchentes sempre deixaram estragos e dezenas de desabrigados, a exemplo, a cheia de 1960. No entanto, isso nunca foi empecilho para o crescimento da comunidade.

Apesar de toda a evolução urbanística e social, alguns cabarés (casas de prostituição) se formaram nas proximidades da rua, e as prostitutas sempre tiveram muito respeito com as senhoras e moças da ‘13 de Maio’.

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Os pontos de prostituição ficavam na popular “Rua da Lama” (o nome oficial é Rua Capitão Hemetério), o apelido era porque a rua não tinha calçamento e quando chovia ficava literalmente cheia de lama. Vale destacar que, várias grandes empresas se formaram no entorno das ruas 13 de Maio e da Lama, bem como o próprio Pátio da Feira Livre. O nome da Rua da Lama foi levado por Arnaud Rodrigues para a novela Roque Santeiro.

Em 1992, chegou à 13 de Maio a família de Dedinha Inácio, que fundou e passou a ser o responsável pela realização das novenas dedicadas a Nossa Senhora de Fátima. Incentivado pelos vizinhos, João Bala e Anderson de Dedé, Dedinha também passou a organizar a festa da comunidade. A festa tornou-se uma tradição, sendo sempre realizada no dia 13, logo após a procissão, onde várias brincadeiras, entre elas a quebra panelas, o que fez com que a data ganhasse muita importância para todos os moradores.

EM TEMPOS DE COVID-19

Apesar da pandemia do covid-19, Dedinha Ignácio mantêm com força a sua devoção por Nossa Senhora, mesmo com toda a tristeza por não poder realizar o novenário e a festa da localidade.

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“Infelizmente não tivemos festa esse ano em função da pandemia, mas teremos homenagem a Nossa Senhora de Fátima. Queria aqui registrar a importância e a gratidão a algumas pessoas. Algumas delas, infelizmente não estão mais aqui, estão junto a Deus, outras foram embora e algumas estão com a saúde desgastada, todas elas me ajudaram muito no desenvolvimento social e religioso da rua:”

“D. Ana viúva, Mira, D. Mariquinha Marinheiro, Zé Vaqueiro, Bilinga, D. Maria de Seu Anízio Quixabinha, D. Maria de Seu Ermílio, Ritinha, Rosinha de Capuchu, Adália, Maria do Carmo, Madrinha Maria de Seu Zé Rezador, Penha Professora ( doadora da imagem de N.S. de Fátima), D. Beleza, Madrinha Donana, D. Anunciada, D. Rufina, Rosa, Rara e Maria José Costureira”. Concluiu Dedinha Ignácio mencionando cada contribuinte do desenvolvimento da rua.

Crianças na Rua 13 de Maio em 1970

   Moradores da Rua 13 de Maio na década de 70

Sr. João da Federal

Residência do Sr. Quirino Magalhães na Rua 13 de Maio

Novena de Nossa Senhora de Fátima no final dos anos 90