Publicado às 05h30 deste domingo (5)

Essa foto histórica é dos poucos registros da vida de uma das figuras mais emblemáticas do cotidiano serra-talhadense das décadas de 1960 e 1970, trata-se do boêmio de fama regional, Gêra de Manoel Lourenço (com paletó escuro e lenço no bolso). Gêra aparece nessa rara fotografia – que faz parte do acervo de Antonio de Bia – trajando um dos seus inseparáveis ternos, é o segundo da direita para a esquerda. Também aparecem na foto Seu Vanja Lacerda e Seu Eufrazino Pedro.

Gêra morreu ainda jovem, vítima de uma doença adquirida em função dos seus excessos no consumo de bebidas alcoólicas. Era um grande sapateiro, também chegou a ser vocalista de uma banda em meados da década 1960. Gostava da boemia, de serenatas, e contava anedotas, prosas, ‘pulhas’ e piadas. Gêra tornou-se frequentador fiel dos ‘cabarés da Rua da Lama’, do bar abrigo e tantos outros bares, botecos e cabarés espalhados por diferentes ruas da cidade. Sua fama de boêmio atravessou os limites do município e por consequência, escreveu o seu nome na história como o maior boêmio e folclórico contador de casos e ‘causos’.

Veja também:   Ministro diz que Fux 'zombou' de Aécio ao votar por seu afastamento

Mesmo não sendo um rapaz tido como bonito, ele era um sujeito extremamente galanteador e gostava de andar sempre bem vestido, mas foram as suas respostas rápidas a perguntas embaraçosas ou sem muita objetividade, que o tornaram uma verdadeira lenda. De Gêra sempre se esperava uma resposta engraçada, direta e às vezes até irônica. Foi graças a essas características que muitas histórias e ‘estórias’ ainda hoje são atribuídas a sua pessoa.

HISTÓRIAS E ‘ESTÓRIAS’ SOBRE GÊRA  

A CHEGADA EM CASA APÓS MAIS UMA FESTA

Uma história bastante conhecida narra a chegada do boêmio em casa, vindo de uma festa realizada em Triunfo.

Já era de manhã quando Gêra entrou silenciosamente em casa e discretamente começou a tirar os sapatos.

Nesse momento entrou no quarto a sua mãe e antes que ele terminasse de tirar as meias, ela lhe perguntou:

Veja também:   FORMAÇÃO: Sest Senat, Celpe e Senac abrem vagas para cursos em Serra Talhada

– Chegando em casa uma hora dessa?

E Gêra como de costume respondeu rápido:

-Não mãe, estou saindo agora!

Ele então calçou os sapatos e foi novamente para a rua tomar mais umas cachacinhas.

CONSELHO DE UM MÉDICO

Certa vez um médico o aconselhou a ‘acabar com as cachaças’ para melhorar a saúde e a sua vida, Gera logo respondeu: “Eu não consigo doutor! Quando eu bebo uma garrafa, aparecem 10 na prateleira!”

O PREGO NO SAPATO

Em um belo dia, um cliente foi provar um par de sapatos consertado por Gêra. Ao calçar sentiu a ponta de um prego e perguntou: “E esse prego é pra quê?”. Gera respondeu na hora: “É pra segurar as meias!”

VOU COMPRAR UM DETEFON

Em outra ocasião, um grupo de amigos estava com Gêra, em um dos bancos da praça Sérgio Magalhães, quando veio em direção ao grupo o popular Muriçoca Aubri. Percebendo a chegada de Muriçoca, Gêra então levantou e disse que iria à farmácia. Um dos integrantes do grupo perguntou o que ele iria fazer na farmácia. O boêmio então respondeu: “Vou comprar um detefon (inseticida)!”

Veja também:   Sest/Senat faz contratação em ST com salário de quase R$ 2 mil

ENTROU NO CINEMA DE PÉS DESCALÇOS

Na Rua Agostinho Nunes Magalhães existia o “Cine Plaza”, na entrada uma placa com os seguintes dizeres alertava os freqüentadores sobre a proibição de “entrar de sandálias”, mas não deixava claro que todos eram obrigados a usarem sapatos ou tênis dentro do cinema. Conta-se que, Gêra conseguiu um ingresso, tirou as sandálias e com elas nas mãos tentou entrar descalço na sessão, porém, foi abordado pelo porteiro sob a alegação de não ser permitido a entrada de pessoas descalças, Gêra respondeu: “Estou de acordo com o aviso, que proíbe a entrada de sandálias!”.  A lábia e o argumento foram contundentes e o porteiro não teve outra opção a não ser deixar o boêmio assistir o filme, ainda que estivesse descalço.