Fotos enviadas pela família

As vésperas da chegada do secretário de Saúde, Antônio Figueira, a Serra Talhada, o Hospital  Regional Agamenon Magalhães (Hospam) torna-se, mais uma vez, um mau exemplo da gestão da saúde em Pernambuco. No último domingo (2), a dona de casa Michelle de Andrade Moreira, 31 anos, chegou ao hospital com a filha, Laura Maria, de apenas 8 meses, com sintomas de febre, dor de garganta e vômito. Era o início de uma dolorosa “via- crucis” proporcionada pelo equipamento do Sistema Único de Saúde (SUS).

“Cheguei às 22 horas e a minha filha foi medicada por voltas da meia- noite. Neste momento, existia só uma médica e uma enfermeira numa emergência superlotada. Não estou culpando os médicos, mas a direção do Hospam. Fiquei numa cadeira de plástico com a minha filha no braço até as 3 da manhã. Fiquei cansada e tive que improvisar colocando o meu bebezinho em três cadeiras e um colchão”, lamentou Michelle Andrade.

A pequena Laura teve alta na última terça-feira (4) mas as dores de Michelle ainda vão demorar um pouco a cicatrizar. “A gente se sente impotente diante tudo isso. É um absurdo um hospital daquele tamanho e não ter uma estrutura digna. Isso não é de agora mas de muito tempo. A gente paga impostos para ver resultados e vê apenas descaso”.

O OUTRO LADO

A reportagem do FAROL conversou com a diretora do Hospam, Karla Millene, para comentar sobre o assunto. Ela justificou o improviso na pediatria do hospital culpando a falta de uma Unidade de Pronto Atendimento UPA (24 horas) em Serra Talhada e o não atendimento nos postos de saúde da rede municipal, que estariam provocando as superlotações na unidade.

“Nós temos capacidade para 23 leitos e tínhamos 41 crianças. Estão chegando crianças com sintomas de anemia, viroses e verminoses que poderiam estar sendo atendidas nos postos de saúde”, justificou Millene, afirmando que a mãe, Michele Moreira, poderia ter chegado mais cedo ao Hospam. “O hospital é de emergência, mas está havendo superlotação porque não há trabalho de prevenção na rede municipal de saúde. Estamos nos virando nos 30”, concluiu Karla Millene.