Do Blog da Andréia Sadi

O presidente Jair Bolsonaro convocou uma reunião no último sábado (2), no Palácio da Alvorada, com generais que ocupam cargos em seu governo e com os generais da cúpula das Forças Armadas.

Segundo o blog apurou, Bolsonaro usou a reunião para reclamar das últimas decisões de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como a liminar de Alexandre de Moraes no caso de Alexandre Ramagem; Luís Roberto Barroso no caso dos diplomatas venezuelanos; e Celso de Mello na abreviação de prazo para que Sergio Moro depusesse no inquérito que corre na Corte.

Nas palavras de um general que estava presente, Bolsonaro reclama que não “consegue nomear ninguém” pois é impedido pelo Supremo, e , apesar de dizer que “não há saída fora da Constituição”, o presidente subiu o tom, em desafio, e cobrou o que chama de “equilíbrio” do Judiciário.

O discurso de Bolsonaro na reunião de sábado foi ecoado no dia seguinte, na manifestação antidemocrática que contou com sua participação em Brasília. .

No entanto, a cúpula das três Forças Armadas se irritou com a fala do presidente na manifestação, quando ele disse que as Forças estão com ele.

Generais que participaram da reunião foram uníssonos ao confirmar que não houve endosso da cúpula militar no encontro quando Bolsonaro fez críticas ao STF e a Sergio Moro.

Repetem que receberam uma convocação no sábado, no Palácio da Alvorada. Por isso, compareceram, mas se sentem incomodadas com o “uso político” de sua imagem por Bolsonaro, durante a manifestação.

Mais: não são parte na guerra política entre Moro e Bolsonaro. Generais têm Moro como símbolo no combate à corrupção, e querem distância da briga do ex-ministro com o presidente.

Bolsonaro, para militares, tenta criar um ambiente de “nós contra eles”, para tentar convencer o STF de que as Forças Armadas o apoiam na briga com Moro.

O presidente tem elogiado o presidente do STF, Dias Toffoli: inclusive, apostando que se Toffoli fosse o relator do caso Ramagem, o escolhido de Bolsonaro para comandar a PF seria liberado a assumir.

No entanto, ministros do STF que conversam com generais foram avisados no domingo (3) de que a fala do presidente foi um movimento individual e que, como repetem, não há risco de golpe com apoio das Forças Armadas. Portanto, se o presidente tem essa ideia, precisará buscar apoio em outro lugar.