Publicado às 12h08 deste domingo (7)

Por Adelmo Santos, Poeta e escritor, membro da Academia Serra-talhadense de Letras (ASL)

Até 1967 Serra Talhada não tinha água encanada. A cidade era abastecida pelas carroças de burros, que eram adaptadas só para venderem água. Botavam em cima de um lastro um tambor feito de zinco, e no meio tinha um funil pra poder encher o tanque pegando água no rio. Atrás tinha uma torneira para encher as duas latas que o carroceiro carregava. Era uma “Carroça de Burro Pipa,” que já estava equipada.

Nessa época a água encanada era coisa do futuro, e a salvação da cidade eram as carroças de burros. As pessoas enchiam os potes e as caixas dos banheiros. Poucos tinham geladeiras, pois esse bem de consumo era sinal de nobreza.

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Seu Conserva e Seu Galego, os dois maiores empresários, tinham várias carroças de burros bem pertinho da CISAGRO. Eles contratavam gente dando emprego e trabalho, num curral que existia próximo ao Açude do Ginásio. Do Alto do Bom Jesus para o Alto do Urubu- hoje Alto da Conceição-, as carroças vendiam água trazida do Rio Pajeú. O rio tinha as águas limpas, quando a seca começava os carroceiros apanhavam dentro de suas cacimbas.

O Beco do Rio, no Centro, lotava cheio de carroças de burros, toda vez que elas passavam. Tinham umas que chegavam tinham outras que saiam, com o tambor cheio de água pra vender na freguesia. Vendiam nas construções, vendiam de casa em casa, com o velho Pajeú a cidade não sofria e bebia a sua água.

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Em 1967 foi criado na cidade o “Serviço Autônomo de Água e Esgoto,” com a água encanada do Açude Cachoeira. Foi o fim do abastecimento pelas “Carroças de Burros Pipas.” Hoje, com outro perfil, elas carregam de tudo, trafegando pelas ruas. Usando a carroceria pra atender a freguesia. Pegam fretes, fazem mudanças, e abastecem a construção. Tendo muita importância no progresso do sertão. Gerando renda e emprego, sendo para o carroceiro, o seu grande ganha pão.