selo-farolNessa quinta-feira (3) a redação do FAROL recebeu a visita de duas mulheres: Edjane Maria dos Santos, 27 anos, e Vilma Maria da Conceição, 44 anos. Elas são irmãs do Cabo PM Cícero Valdivino, que está preso em Recife, sob acusação de ter praticado homicídios em Serra Talhada. Desesperadas, as irmãs relatam uma ação truculenta de policiais militares em sua residência, no bairro Vila Bela. Confira a entrevista na íntegra.

FAROL: O que aconteceu na manhã dessa quinta-feira (3) na sua casa?

EDJANE DOS SANTOS: Estava eu e ela (Vilma da Conceição) no muro, na porta do muro. Quando deu fé um policial logo com a arma, apontou e disse: ‘mão na cabeça, busca e apreensão’, não foi? Aí ele pegou e disse desse jeito, nós temos um mandado de busca e apreensão nesse número, uma denúncia. Ela pegou e disse: ‘quem denunciou?’ e ele disse, ‘não queira saber’ e perguntou se tinha mais alguém na casa e eu respondi que tinha o meu sobrinho e a mulher dele que está gestante. Ele (o policial) mandou eu pedir para que eles saíssem para fora porque nós vamos revistar a casa todinha.

Meu sobrinho saiu e colocou a mão na cabeça, o policial começou a revistar ele; e minha prima e minha sobrinha. Eles (policiais) começaram a entrar no quarto, a jogar lençol no chão, abrir fogão, geladeira e armário. Todinha, a casa todinha. Quando pensou, entrou um policial, o Samuel. Ele disse: ‘elas são as irmãs de Valdivino’, e chamou ela e disse: ‘não, não é aqui não. O endereço está errado’. Os policiais pediram o documento dela, a identidade e um comprovante de residência.

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FAROL: Mesmo eles vendo os documentos mantiveram a ação?

EDJANE DOS SANTOS: Eles viram os documentos e o papel de energia, mas mesmo assim eles colocaram a gente para fora e depois que eles viram começaram a revista a casa e disseram que o que encontrar levaria a gente preso. Começaram, mas quando eles viram que não tinham nada e esse homem entrou, o Samuel, eles pediram desculpas. Eu avisei que iríamos procurar os nossos direitos, que nós não estamos errados. Os policiais disseram: ‘desculpe aí, foi engano. Nós erramos por causa da rua da casa’.

Eu perguntei como eles entravam em uma casa assim, sem saber qual é a casa e entra em uma casa que não tem nada. Nós mal temos o que comer. Eles continuaram pedindo desculpas e que não precisavam de nada não, que não precisa disso não. Ela (Vilma) começou a chorar e eles disseram que não precisava chorar e pediu desculpas.

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FAROL: A senhora estava com sua irmã no momento que os policiais chegaram. O que a senhora sentiu neste momento? Quebraram alguma coisa na casa?

VILMA DA CONCEIÇÃO: Eu me senti nervosa, porque eu não devo a polícia. Não esperava chegar assim na minha casa. Não quebraram nada, não. Mas olharam tudo, fogão, geladeira, armário, no quarto.

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FAROL: A senhora se sentiu desrespeitada por conta dessa atitude da Polícia Militar?

VILMA DA CONCEIÇÃO: Eu me senti, eles faltaram e muito com o respeito.

FAROL: O que vocês pretendem fazer agora? Já foram na delegacia e depois o que pretendem fazer?

VILMA DA CONCEIÇÃO: Prestamos queixa na Delegacia de Polícia e mandaram a gente procurar o Ministério  Público.

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FAROL: O que vocês esperam que que aconteça após esta denúncia?

EDJANE DOS SANTOS: Esperamos justiça, porque nós pensamos que era outra coisa. Mas nós não devemos, não devemos nada a justiça e eles estão atrás de drogas. Qual o dinheiro que nós tínhamos para comprar armas e drogas? Por causa disso que eles (PMs) fizeram tudo isso.

FAROL: Vocês acham que isso tem alguma relação com o fato de vocês serem irmãs de um acusado de crimes na cidade?

EDJANE DOS SANTOS: Acho que pode ser, porque eles vieram com o nome dela, com o nome Lala, perguntando se ela era Lala. Ela respondeu que era, mas só que se eles tivessem chegado e mostrado, eles não mostraram papel nenhum. Pegou só o documento dela e não nos mostrou nada. E perguntaram de novo: ‘você é Lala?’, eu pensei que fosse outra coisa.

Mas vieram logo com isso aí, e o errado é que o policial apontou a arma. O primeiro que chegou, um moreno, que corrigiu meu sobrinho, apontou a arma para ela e eu tomei aquele susto. Estava até com um copo de café na mão e quase caia no chão. Eu perguntei o que foi e eles disseram: ‘Nada, se levante e venha para cá’, ele disse. Um moreno que eu não sei o nome dele.

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FAROL: Quantos policias participaram da operação?

EDJANE DOS SANTOS: Agora aí, eu não sei não. Tinha pelo menos uns dez, porque nos quatro cantos da casa tinha policial. Fora os que estavam dentro de casa. Tinha mais dentro de casa e do lado de fora e vieram tudo correndo atrás de bandido. Entraram de casa a dentro eles, pela porta da frente e a de trás. O primeiro que entrou, o moreno, botou a arma e mandou a gente abrir a porta da frente.

Apontou para mim e ela (Vilma da Conceição), mandando a gente botar as mãos para cima sem a gente ter nada. Eles não tinham o direito de chegar desse jeito, foi isso que eles fizeram, não foi? Agora vamos só ver o que resolve, aí.