Do G1 PE

Chegou a 40 o número de pacientes em tratamento devido a um surto da forma aguda da doença de Chagas, em Pernambuco. O boletim foi divulgado, nesta sexta-feira (28), pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). No dia 11 de junho, havia 31 pessoas passando por cuidados médicos. (Veja vídeo acima)

O maior surto da doença de Chagas na fase aguda em Pernambuco veio à tona no dia 31 de maio, quando a secretaria confirmou os primeiros resultados de testes.

De acordo com a SES, 77 pessoas participaram de um retiro religioso em Ibimirim, no Sertão do estado, durante a Semana Santa. Dessas, 30 tiveram resultados positivos em testes laboratoriais para a doença e 10 apresentaram sintomas de Chagas.

A doença é transmitida pelo inseto conhecido como barbeiro. Ela pode ocorrer com a picada nas pessoas ou pelo consumo de alimentos contaminados pelas fezes, transfusões de sangue de doadores infectados ou, ainda, durante a gestação ou parto, quando as mães estão infectadas.

Entre os sintomas estão febre contínua, intermitente e prolongada por cerca de sete dias, edema de face ou de membros, manchas vermelhas na pele, inchaço de gânglios, inflamação de fígado ou de baço, além de problemas cardíacos agudos.

Também podem acontecer manifestações hemorrágicas, icterícia, náusea, perda ou diminuição de força física, dor nas articulações, edema inflamatório nas pálpebras ou dor estomacal.

Ao contrário dos doentes que estão na fase crônica da doença, a perspectiva de cura das vítimas desse surto existe, porque eles apresentam a doença na fase aguda, segundo o médico Wilson Oliveira, da Casa de Chagas.

Hospital

Entre as pessoas que desenvolveram sintomas, 16 foram internados no Hospital Oswaldo Cruz (Huoc), no Centro do Recife. Todos receberam alta. Um paciente foi internado em uma unidade privada de saúde, mas recebeu a liberação para voltar para casa.

Os pacientes que se expuseram ao contágio precisam passar por acompanhamento médico mensalmente, por pelo menos um ano. Segundo o infectologista Felipe Prohaska, isso ocorre porque os exames laboratoriais podem ser positivos para a doença em diferentes épocas.

“Alguns exames são imediatos, outros demoram de três a quatro semanas para darem positivo. Dez pacientes, independentemente de terem o resultado positivo, já iniciaram o tratamento por causa das alterações clínicas compatíveis com a doença. A reavaliação é importante, porque a positivação dos exames pode ocorrer até 12 semanas depois. Além disso, há possibilidade de sintomas tardios aparecerem”, afirma o médico. (Veja vídeo acima)

Ainda segundo o infectologista, o grupo se expôs à doença de Chagas pela via oral. “Não há dúvidas de que o contato foi feito pela ingestão oral, mas não sabemos se foi algum alimento ou a água. A investigação posterior ao surto não encontrou nada na região ou ao seu redor”, diz.

Depoimentos

No dia 5 de junho, vítimas do surto contaram como estavam enfrentando o tratamento para superar os sintomas. Duas mulheres relataram também o que aconteceu durante o retiro, quando ocorreu a contaminação. (Veja vídeo acima)

A estudante Brysa Sascha Batalha dos Santos, de 26 anos, relatou que o primeiro sintoma foi uma dor lombar. Depois, segundo ela, essa dor passou para as pernas. A jovem teve febre e foi para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) quatro vezes.

Outra paciente, que preferiu não ser identificada, contou que os sintomas começaram a aparecer uma semana após o fim do retiro. Com 31 anos, a mulher lembra que teve enxaqueca e dor nos membros superiores, no dia 30 de abril.

Ela afirmou, ainda, que não tinha feito atividade nem esforço físico e, por isso, não havia motivo para tanta dor. Entre outros incômodos estavam náusea, dor na barriga e falta de apetite. A mulher deu entrada no hospital com o marido, que também participou do retiro e foi infectado.