Farol de Notícias/Max Rodrigues

Publicada às 15h30 desta sexta-feira (27)

Após as águas no centro de Serra Talhada baixarem restou o caos e grandes prejuízos aos feirantes e lojistas que comercializavam nas imediações do  Pátio da Feira Livre.

Mesmo tendo sido avisados, muitos não conseguiram tirar os produtos à tempo, outros passaram a noite retirando-os, mas ainda assim, tiveram muitas perdas. O resultado é que somente entre os entrevistados pela reportagem do FAROL os prejuízos ultrapassam a casa de meio milhão de reais.

Na manhã desta sexta-feira(27), a equipe de reportagem do Farol acompanhou o cenário deplorável que estava na feira. Havia lamaçal, mercadorias molhadas e enlameadas, caixas de sapatos se desmanchando, e pessoas com rostos melancólicos, trabalhando por toda parte para limpar o local e retirar os destroços.

FEIRANTES

Severina Josina, 50 anos, vendedora de confecção, perdeu toda a mercadoria, apesar de ainda não ter calculado o valor do prejuízo, reforçou que não fazia nem uma feira, com o lucro, porque tudo era pra investir em confecções.

“Não cheguei a tirar nada porque nas outras enchentes a água subiu só até a altura do joelho, então pensei que não ia entrar muita água para destruir, mas destruiu tudo. Tá tudo cheio de água e lama, não tenho nem noção do valor do prejuízo, porque ia apurando, fazendo umas comprinhas pra casa, porque nunca dava para fazer uma feira, tinha que investir para não faltar mercadoria.”

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Gracivânia Lima Neto, 37 anos, perdeu quase tudo e afirmou que continuar comercializando na feira é um caso a se pensar. Ainda relatou a ausência dos políticos para ajudá-los.

“Perdemos uns 90% da mercadoria. Estamos lavando para ver o que dá para aproveitar, mas não vamos ter nem 10% de aproveitamento. O prejuízo foi grande, eu perdi em média uns R$ 20 mil. Agora é só confiar em Deus, porque ajuda aqui nunca tivemos. Outras vezes que entrou água aqui e destruiu algumas coisas, não tivemos nenhuma ajuda, dessa vez creio que também não teremos, porque não chegou ninguém com proposta de fazer alguma coisa por nós”, disse Gracivânia, completando:

“Depois dessa destruição é de se pensar se vamos continuar aqui. E outra coisa, os políticos de Serra Talhada não merecem nosso voto. Não tem nenhum aqui vendo nossa situação. A feira está cheia de gente, mas procure um político tentando ajudar a gente. Não existe!”.

Nairon Melo, 34 anos, é vendedor de frutas, verduras e cereais há 17 anos. Teve poucas perdas porque tirou quase tudo antes da água chegar, mas pretende procurar outros meios para trabalhar.

“Não perdi muito porque comecei tirar a mercadoria ainda no seco, mas um rapaz de uma banca de calçados perdeu tudo. Ele estava no sítio, não estava sabendo, pensou que a dimensão da enchente era menor. Quando veio já era tarde demais. Não foi por falta de aviso, porque a Defesa Civil veio avisar, mas muitos optaram deixar”, reforçou.

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O vendedor de frutas também revelou estar cansado de ficar só tendo prejuízos e nada ser feito em benefício da categoria.

“A partir de agora vou pensar em outra coisa para fazer, quando eu arrumar outra coisa para fazer vou cair fora. Alugar um ponto fora, com o mesmo segmento ou mudar pra outro, ou arrumar um emprego. A situação já estava difícil  e com a quarentena o movimento caiu 90%. Vou tentar vender o que sobrou, tentar pagar aos fornecedores, porque temos compromissos. Sair digno, com honra e procurar meios para fazer outra coisa.”

LOJISTAS

Os lojistas que foram atingidos pela cheia também estavam limpado seus comércios e retirando os produtos danificados. Os prejuízos são altos e preocupantes, porque já estavam com as mercadorias paradas, mas na esperança de esvaziar as prateleiras quando a quarentena acabar.

“Aqui é perda total, porque confecções não tem recuperação, principalmente quando entra lama, por mais que lave ficam os danos na roupa. A média de prejuízos, entre confecções e sistema anti roubo, é de aproximadamente R$ 150 mil. Eu não esperava isso acontecer aqui em Serra Talhada, mas agora é pedir a Deus para ver se conseguimos nos recuperar. Tá muito difícil para gente, porque além da situação do Coronavírus ainda estamos enfrentando essa tragédia”, afirmou Isaías, 49 anos.

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“Não calculamos ainda as perdas, mas molhou muito mercadoria, os móveis e toda a parte elétrica foi danificada. Não perdemos mais porque estávamos num sítio nas Pitombas e ficamos medindo o nível da água do rio. Quando subiu demais viemos para loja subir a mercadoria. Passamos a noite retirando, mas mesmo assim ainda atingiu boa parte”, relatou Lúcia da Sulanca, 55 anos.

Já o lojista Jonas Vieira, 36 anos, também teve grandes prejuízos, mas guarda uma centelha de esperança. “Apesar de se tratar de um fenômeno natural é bem complicado. Perdi 90% da mercadoria. Ainda não fizemos balanço, mas a perda é de no mínimo R$ 150 mil. Corremos para cá para limpar e vamos recomeçar. Por mais que estejamos olhando para as perdas, temos fé e vamos recomeçar quando já poder reabrir”, afirmou Jonas Vieira, 36 anos, esperançoso.