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Fotos: Farol de Notícias / Alejandro García

Pedro Severino Alves tem 109 anos, é natural de João Pessoa (PB), mas mora em Serra Talhada há 40 anos. Ele testemunhou a estiagem dos anos 70, o nascimento do rádio (1922), da televisão (1950) e viveu os 22 anos da Ditadura Militar no Brasil. No mundo, o homem mais velho de Serra Talhada acompanhou a Segunda Guerra Mundial (1945), o assassinato do presidente do Estados Unidos, John Kennedy (1963) e o fim do Apartheid na África do Sul (1994). Morador do bairro da Cagep, Pedro Alves casou três vezes, teve três filhos espalhados e perdeu a conta do número de netos, bisnetos e até tataranetos.

“Nasci no dia 12 de fevereiro de 1907 e cheguei em Serra Talhada em 1960. Eu trabalhava na linha de ferro, ajudei construir a estação. Trabalhava de tudo, de enchedor de carroça do trilho, aí terminei em Salgueiro quebrando pedra. Trabalhava como casaco como o povo chamava. Eu vi tanta coisa nesse mundo, que eu não sei nem contar”, relembra o centenário, em conversa com o FAROL. ‘Seu Pedro’ viveu em extrema pobreza na Paraíba, e, segundo ele, não entendeu as transformações durante mais de um século de vida.

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De político, o único referencial é o ex-governador Miguel Arraes. “Eu morava em João Pessoa, ai isso era uma pobreza e a gente não sabia nem conversar. A gente não saia para terra nenhuma, os pais da gente também era outros ‘broco’, aí não sabia conversar, não sabia quem era governador, não sabia quem era presidente. Não conversava para gente. Mas me lembro de ‘Arraia'”, confirma. Fazendo uma viagem no túnel do tempo, Pedro Severino diz que tem um ‘pouquinho de leitura’, já trabalhou de roça e diz que é um home feliz.

“Me sinto, agora meio doente, mas uma doença assim, que eu não sei como é essa doença. A doença é uma dor, assim, na boca do estômago pra aqui, mas começou a poucos dias. Já fui ao médico uma dez vezes. Já bebi, mas ainda hoje fumo. Comece a fumar com oito anos e estou no ‘fumo de rolo’. O ‘doutor’ não acredita que tenho 109 anos e ainda fumo. A minha comida é tudo. Não tem regime não. Ai agora me proibiram de não comer negócio gordurento e eu ainda bebo leite”, afirma, abrindo um sorriso.

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REZADOR E RECEITA PARA FELICIDADE

Pedro Severino mora com um neto e durante este século, adquiriu mais um ofício. Devoto de Nossa Senhora do Desterro, Seu Pedro é rezador e gosta muito do bairro da Cagep. “Eu gosto mesmo da minha casa, eu disse ao menino: ‘Ói, meu caixão tem que sair é daqui, não é da casa dos outros não’. Bem a vontade, ele revelou ao FAROL o segredo da felicidade.

“O segredo é não fazer mal a ninguém. Porque quem faz mal, uma hora chega para ele ou amanhã ou a depois, mais chega. Só faço o bem a todo mundo que chega, rezo. Sou rezador, tem muito anos que rezo, tem mais de 30 anos. Sou devoto de Nossa Senhora do Desterro. Eu não sei não, mas eu estou pensando que o que eu peço a ela, ela me vale”, arrematando:

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“Eu não tenho intriga. Vivo aqui, subo e desço, desde esse tempo para cá, eu nunca levei uma tapa de uma pessoa porque eu não gosto de conversa. Nunca fiz o mal a ninguém, por isso que ainda hoje eu estou vivendo a vida”. Questionado pelo FAROL quanto tempo ainda desejava viver, o centenário foi objetivo.

“Eu não sei se eu termino o ano, estou meio ruim, doente, com essa dor aqui. Nasceu esse negócio aqui como uma hérnia, mas essa aqui não dói, ai passa aqui para esse lado. Seja o que Deus quiser”, finalizou.

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