Publicado às 05h21 deste domingo (5)

Paulo César Gomes, professor, escritor, pesquisador, mestre pela UFCG e colunista do Farol de Notícias

“Essa noite eu tive um sonho/De sonhador/ Maluco que sou, eu sonhei
Com o dia em que a Terra parou/Com o dia em que a Terra parou
Foi assim/No dia em que todas as pessoas/Do planeta inteiro
Resolveram que ninguém ia sair de casa/Como que se fosse combinado em todo
O planeta/Naquele dia, ninguém saiu de casa, ninguém ninguém”.

As proféticas palavras citadas acima são da música, ‘O Dia Em Que a Terra Parou’, de Raul Seixas, gravada em 1977, e que resume um pouco do que a população do Planeta Terra está vivenciando neste momento. O novo coronavírus (Covid-19) está metaforicamente idealizando o que foi profetizado há 43 anos pelo velho Raul.

No entanto, o coronavírus não está só parando o planeta, ele está prestes a mudar a dinâmica da vida humana. O que estamos presenciando é um fato histórico tão impactante quanto a queda do Império Romano ou queda da Bastilha – fato que marcou o início da Revolução Francesa -. Os efeitos finais da pandemia do Covid-19 terão reflexões drásticos e transformadores, tal qual o término da Segunda Guerra Mundial (1939-1940).

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Certamente, em relação à mortalidade, a Segunda Guerra Mundial venha a ser insuperável. Porém, os efeitos na economia capitalista, que sobrevive com base na expectativa de consumo, exploração de mão-de-obra e o uso dos insumos, serão devastadores.

O capitalismo comercial, assim como o financeiro, terão que se reinventar para sobreviver a pandemia, principalmente porque as principais economias do mundo são hoje as mais afetadas com a crise mundial, que está levando a bancarrota as bolsas de valores e ações de multinacionais.

Imagine, como as grandes empresas irão obter lucros, tendo que diminuir as jornadas de trabalho e com a dificuldade em obter matéria prima – restrições de trânsito terrestre, aéreo e marítimo e praticamente todo o mundo? E o pior, a queda do consumo humano de diversos produtos, tanto em função do isolamento social, quanto em função da dificuldade em obtê-los, ou seja, pelo preço alto.

Outro fator que também vai ser repensado no processo de globalização, que por muitas vezes funcionou como forma de dominação econômica; mas que agora virou a principal forma de contágio, a velocidade com que as pessoas com maior poder aquisitivo se deslocam pelo globo. A mesma que espalhou o vírus pelo mundo. E por isso que chega a ser estranho ver o continente africano sendo um dos com menores índices de infectados pela pandemia (até este momento 1.200 casos).

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Justamente, o continente que nos acostumamos a ver sofrendo com diversas epidemias, fome e sede, no momento é um dos que menos sofrem com o Covid-19. Talvez a explicação inicial seja a de que o continente africano seja o menos globalizado.

Se durante a Segunda Guerra Mundial os líderes mundiais Churchill, Stalin e Roosevelt, firmaram uma aliança para derrotar a ameaça Nazifascista, e que foi decisivo no primeiro momento, mas que foi desastrosa no pós guerra; quando dividiram o mundo na chamada Guerra Fria. Agora é bem diferente. São todas as nações contra uma ameaça invisível e silenciosa. Ameaça que não veio de outra galáxia e não foi disseminada através de uma ogiva nuclear.

Chegamos em um momento em que os seres humanos foram chamados a provarem que o seu tão alardeado desenvolvimento científico-intelectual é capaz de garantir a preservação da vida com qualidade e segurança. Por que, do contrário, teremos que voltar a um tipo de vida primitiva, onde viveremos em cavernas, isolados uns dos outros. Talvez seja essa etapa que possa ajudar a construir as futuras gerações. Gerações essas que valorizarão mais o contato humano ao sentir o calor de um abraço e de um aperto de mão.

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Quando a pandemia passar, a humanidade vai ter que aprender a ser menos egoísta, individualista, orgulhosa e arrogante. E talvez, seja capaz de se amar mais, que possa olhar mais para a natureza e que possa enfim da valor a vida!