Publicado às 14h23 desta quinta-feira (2)

Enferma em um leito de hospital com pneumonia e anemia no Hospital Professor Agamenom Magalhães (Hospam), a costureira serra-talhadense Maria Gomes Marques da Silva, 59 anos, atualmente moradora do bairro Sacomã, em São Paulo (SP), teve seus três filhos doados pela patroa sem o seu consentimento. O fato ocorreu há 34 anos e durante todos esse tempo ela sofre na busca de poder reencontrar os filhos tirados dos seios.

Maria vivia num quartinho com os filhos Juliana Gomes da Silva, 2 anos, Maria Aparecida Gomes da Silva, 1 ano, Adriano Gomes dos Santos, 7 meses (idade que tinham quando foram doados), sem trabalhar, sem nenhuma renda e agradecia muito quando uma vizinha dava água e farinha para dar as crianças. Essa mesma pessoa chegou com uma notícia que acreditava ser boa, uma oportunidade de emprego para ela e que podia levar as crianças.

De imediado se mudaram para uma pensão no bairro Nossa Senhora da Conceição, onde Maria Gomes ficou trabalhando de doméstica, mas adoeceu. Contraiu pneumonia e anemia profunda e precisou ser internada, passando 2 meses em um leito no Hospam. Quando deu entrada na unidade levou o filho mais novo, Adriano, porque amamentava, ficou alguns dias com o bebê, no entanto, o hospital não aceitou que a criança permanecesse na unidade temendo contágios e a patroa também disse que não podia ficar com os filhos de Maria.

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”Pedi para um irmão meu ir pegar eles, mas ninguém quis saber, ficamos abandonados. Aí ela deu as meninas para pessoas, sem minha ordem, dizendo que essas pessoas tinham condições de criar. E Adriano, quando o médico disse que eu não podia mais ficar com ele no hospital, uma conhecida minha disse que levava ele e quando eu saísse ia pegar, eu confiei. Mas, quando eu saí do hospital, esse povo não morava mais lá e soube que deram meu filho a um casal que não tinha filho homem e ia dar tudo que ele precisasse”, relembrou de coração partido e continuou:

”Já fui em tudo que é programa aqui em São Paulo, me chamavam de doida, fiquei com esse problema para resolver e até hoje não consegui resolver, mas não desisto. As pistas que tenho são muito rasas. Soube que uma menina foi dada a Bené da Compesa e ele deu para um filho dele. Eu fui falar com ele, mas disse que não fosse procurar porque não ia devolver a menina. Quando estava na casa dele uma menina olhou pela janela e ele brigou mandando entrar para casa, já tinha mais ou menos uns 12 anos, e tenho certeza que era minha filha. E a outra disseram que deram a uma pessoa que morava próximo à Rua dos Correios”, mas o povo foi tudo embora”, lamentou.

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FÉ NA VIDA

Mesmo sem muitas informações do paradeiro dos filhos e todo o sofrimento que vem passando há mais de 30 anos, Maria Gomes permanece crendo que reencontrará os filhos. ”Passei tantas coisas, tantos sofrimento, peço a Deus para não endoidar, e não morrer antes de conhecer meus filhos. São muitas conversas, mudaram tudo. E não eram registrados porque o pai disse que ia registrar e não registrou, mas tinha o cartão de vacina de todos. Sei que é o mesmo que procurar um grão de areia na praia, mas para Deus nada é impossível.”

Quem tiver qualquer pista sobre o paradeiro dos filhos de Maria Gomes deve entrar em contato com ela pelos telefones (11) 98321-0294 ou (11)  95133-9897.

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