Fotos: Farol de Notícias/Manu Silva

Publicado às 05h45 desta sexta-feira (12)

Há 5 anos Serra Talhada vem desenvolvendo um importante trabalho através da Secretaria de Assistência Social, Mulher e Cidadania com famílias em situação de vulnerabilidade alimentar no bairro Bom Jesus. Com a pandemia, a Cozinha Comunitária do Bom Jesus atende 33 famílias e distribui mais de 150 refeições de segunda a sexta, das 11h às 12h, entre pessoas cadastradas no CRAS e pessoas em situação de rua. Assim, garante alimentação na mesa dessas famílias que sofrem sem o básico para a sobrevivência.

Na manhã desta quinta-feira (11), a reportagem do Farol visitou a Cozinha, conversou com Elisângela Vieira, secretária Executiva de Assistência Social, Vera Gama, secretária Executiva da Mulher, Wanderly  Vanderlei, coordenadora do CRAS do Bom Jesus e Maria da Conceição (Dona Nena), coordenadora da Cozinha Comunitária e com alguns beneficiários.

“As pessoas precisam ter uma frequência para virem pegar porque se passar a semana toda é porque está acontecendo alguma coisa, eu aviso para o CRAS, vão lá identificar qual é o problema. Se não comparecer 3 dias consecutivos e identificarem que não se encaixa mais no perfil, a gente desliga para colocar outra família do cadastro reserva. O serviço do CRAS é muito importante para a Cozinha porque todas as famílias cadastradas no programa são acompanhadas pelo CRAS e o órgão encaminha para a Cozinha e juntas fazem o trabalho de acompanhamento e atualização cadastral para fazerem as substituições das famílias quando alguma sai do perfil da assistência”, explicou Dona Nena.

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REFERÊNCIA NO SERTÃO

A cozinha foi fundada em 2016 com recursos próprios do município e em nenhum momento chegou a fechar, mesmo passando por outras crises, além da pandemia. O serviço de distribuição de alimentação e acolhimento às famílias em vulnerabilidade tem chamado atenção de lideranças políticas e atraído autoridades de outros municípios para compreenderem como funciona o equipamento para implantarem nas suas cidades.

”Estamos em trâmite para um cofinanciamento do governo estadual, vamos abrir outra cozinha no Mutirão. Já recebemos visitas de outros municípios para conhecerem a estrutura porque como está abrindo esse co-financiamento do governo estadual outros municípios foram aceitos também para poder fazerem. Recebemos visita dos municípios de Ibimirim e Santa Terezinha, recebemos também a vista do governo do estado, o secretário de Assistência Social Sileno Guedes. Depois disso, todos os outros municípios estão vindo buscar informações e pegarem a gente como referência”, disse Elisângela Vieira.

”Mesmo com as dificuldades, nunca faltou nada e a gente sente muito prazer de estar aqui e sermos referência. Além de dar a comida, dar amor através de conversa porque o sustendo diário também é o amor. Quando fazem as visitas não identificamos apenas a fome, muito mais coisas além, a fome é só um sinal. Existe a violência, a negligência e outros aspectos que a gente precisa trabalhar com eles. Quando eles vêm para a fila, têm uma problemática muito grande, então essa acolhida, esse afeto é muito importante”, complementou Vera Gama.

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SATISFAÇÃO DOS BENEFICIÁRIOS

Durante a visita a reportagem também conversou com duas beneficiárias da Cozinha Comunitária, que estavam na fila para receberem a refeição do dia. Maria Aparecida dos Santos, 52 anos, família de 8 pessoas, beneficiária há 5 anos e Ana Cátia Nunes da Silva, 27 anos, família de 4 pessoas, é beneficiária da Cozinha Comunitária há 1 mes. Ambas estão satisfeitas com serviço.

”A Cozinha tem me ajudado muito porque como é que a gente sobrevive sem emprego? Temos que pegar a comida, é ruim quando tem feriado prolongado é ruim, a gente tem que se virar de todo jeito para arrumar comida”, disse Maria Aparecida.

Ana Cátia aprovou, mas prefere conseguir um emprego: ”Estou achando bom porque alimenta eu e minha família, também gosto das amizades que a gente faz aqui, das conversas, do apoio. Não tenho do que reclamar, a comida é boa, o atendimento também é bom. Eu prefiro arrumar um emprego que é melhor, mas se não espero que continue no cadastro mais uns 3 meses.”

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COMO FAZER O CADASTRO

Tem direito ao cadastro da Cozinha Comunitárias famílias que estejam passando por insegurança alimentar e nutricional, que não tenham renda nenhuma, o Bolsa Família não é considerado renda. Manifestam o interesse de fazerem parte do programa, o CRAS faz uma visita, identifica a necessidade da família e encaminha para a Cozinha, Caso não haja vaga disponível é inclusa no cadastro reserva para aguardar a substituição.

”A gente vai priorizando famílias com crianças, famílias numerosas para que agente possa atender um número de pessoas mais vulneráveis. A nota meta é de 100 alimentações diárias, mas diante do agravo da fome pela pandemia, hoje atendemos esse número de 150 apenas do CRAS. A cada 3 meses as famílias são reavaliadas, se superou a situação de insegurança alimenta, agente desliga e substitui por outras, se não superou permanece”, explicou Wanderly coordenadora do CRAS.