Estremeci quando fechou a porta por trás de nós e sozinhos deixou uma impressão de que o mundo era apenas eu e você. Buscou meu olhar como se quisesse desvelar e revelar o segredo de que te amo e de que te quero para o resto das nossas vidas.

Deixamos nossos celulares tocando juntinho na cabeceira, alguém nos buscava insistentemente, mas nós não ouvíamos qualquer som que não fosse os sons das nossas respirações em dueto. Esqueço-me de tudo lá fora, apenas meu argumento, meu único argumento: você.

Sendo a mesma, minha defesa, minha tese e a redação de todos os nossos minutos. Esses que querem se eternizar e que penhoramos, mas o relógio numa cobiça desmesurado se adianta sem alvará. Gostaria de prolongar essa defesa e não colocar um ponto final no parágrafo.  Mas, você entrega o seu ombro como entrega a sua alma para o meu descanso. Não, não quero aceitar que acabou. Agora só nos resta as lembranças à disposição de nós dois.

Penso em você e sinto seus pensamentos buscando-me…. Nossos momentos vão se desgastando de tanto que acessamos e tornam-se uma tênue lembrança antiga, desbotada como um linho de avó. Concluímos numa cumplicidade alcoviteira que nos queremos insanos e marcamos num breve e-mail, porque pouco nos importa as palavras.

Inquietos pelo momento imaginamos as cenas que poderemos torná-las reais, mas, num desleixe, largamos e deixamos que construam-se ao bel prazer das nossas aventuras a definição de novas imagens que povoaram os próximos dias e assim, sucessivamente.

*Helena Conserva é escritora e jornalista. Tem formação em Letras (UEFS) e pós-graduação em Línguas e Literatura.