Da Revista Forum

O procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem, resolveu interromper a apresentação da denúncia contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e seu ex-assessor, o policial militar da reserva Fabrício Queiroz.

De acordo com informações do Valor Econômico, a investigação, que foi iniciada há dois anos e meio, foi concluída há algumas semanas e o texto da denúncia a ser oferecida ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) estava pronto.

O procurador teria se irritado pelo fato documento ter vazado para a imprensa antes de ser formalmente entregue à Justiça e ordenou a suspensão da denúncia.

Não há, por enquanto, expectativa de data para a entrega. A coordenadoria de comunicação do MP-RJ informou que o órgão não se manifestará.

No ano passado, a denúncia sobre o esquema de “rachadinha” entre Flávio e Queiroz foi suspensa por quatro meses. A investigação foi retomada em dezembro pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ). Decisão veio após o Supremo Tribunal Federal (STF) fixar tese liberando o repasse de dados sigilosos por órgãos como a Unidade de Inteligência Financeira (UIF, antigo Coaf) e a Receita Federal a promotores e procuradores.

O esquema

Segundo a denúncia do Ministério Público, funcionários do gabinete de Flávio devolviam parte dos salários para o então deputado, em esquema que seria operado por Fabrício Queiroz. Amigo do presidente Bolsonaro há quase 30 anos e próximo da família, Queiroz também era assessor no gabinete e atualmente cumpre detenção preventiva.

As investigações também apontaram para lavagem de dinheiro com imóveis e uma loja de chocolates de Flávios, além de pagamentos, cheques e depósitos em dinheiro realizados por Queiroz, que envolvem até a primeira-dama, Michele Bolsonaro. O caso também indica ligações com a milícia no Rio, com dinheiro abastecendo empreendimentos dos grupos e mesmos integrantes empregados diretamente no gabinete.