Foto arquivo Farol de Notícias

Publicado às 14h35 desta quinta (17)

Por lei, devido a covid-19, o São João de 2020 em Serra Talhada não poderá ter fogueira e nem fogos, para evitar aglomerações. A proibição tem causado polêmica na cidade e dividido opiniões, já que cenas como a tradicional reunião familiar à beira da fogueira e a queima dos fogos não poderá ocorrer.

Na manhã desta quinta-feira(18), a equipe de reportagem do Farol foi as ruas do bairro Ipsep para ouvir a opinião dos moradores sobre o Decreto Municipal nº 3.187, emitido por recomendação do Ministério Público, que proíbe também a comercialização de fogos de artifício.

A proibição dividiu opiniões entre os moradores do Ipsep. Este é um bairro onde várias famílias se reúnem nas calçadas em frente à fogueira. O Ipsep, por outro lado, lidera o número de casos de covid-19 em Serra Talhada com 53 pessoas infectadas até agora [veja o último boletim].

Alguns moradores julgam ser uma medida positiva para a saúde e outros acreditam que não foi uma decisão assertiva porque viola uma tradição cultural. Acompanhe!

FALA POVO – SÃO JOÃO 2020

SEM FOGUEIRA E SEM FOGOS

José Simão Moura, 37 anos, microempreendedor, concordou com Josina ao acreditar que a medida foi tomada por um bem comum. Embora pense que seja difícil para o povo acostumar. Ele irá recorrer as comidas típicas para substituir parte da tradição.

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“Essa proibição é para o bem da gente, mas é uma tradição da região da gente e vai ser difícil o povo acostumar com a ideia de não acender a fogueira esse ano, mas se é para o bem da gente é melhor para nós. Ainda não pensei como iremos passar, mas as comidas típicas, de certa forma, substitui.”

A agricultora Josina Alves, 50 anos, disse que a saúde é melhor que a tradição: “Eu acho que foi uma medida boa porque é mais seguro para nós, a saúde é melhor. Não vai ter nada de tradição, vamos ficar só em casa com a família.”

Para o motorista Zenom Teles, 29 anos, a proibição não é normal nem tampouco certa, principalmente nos sítios. Irá para o sítio com a família comemorar da forma que é possível.

“Eu não acho isso normal. É uma coisa tradicional, todo ano pode fazer, principalmente no sítio. Mas querem proibir até nos sítios. Não acho certo porque nos sítios as casas são afastadas uma da outra. Na rua as casas são juntas mas também não acho certo porque é uma coisa que só faz de ano em ano, se fosse sempre tava certo. Meu São João vai ser normal, vou para o sítio, porque todo ano vamos, mas só a família. Vamos tomar refrigerante com carne assada e arroz.”

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Rita de Cássia Silva, 31 anos, dona de casa, acredita que o decreto não era necessário para o sítio, mesmo não seguindo os costumes defende que para as pessoas do sítio fará falta. “Não é necessário proibir não. Na rua fico calada, mas estão querendo proibir até no sítio. Eu morava em Oricuri e lá na rua as pessoas não tem essa tradição, mas no sítio faz falta.  Vou para o sítio, não sei como vai ser.”

Para a aposentada Eurípida Alves, o decreto não será um problema, uma vez que já não comemora os festejos juninos e que foi bem pensado porque a fumaça não irá agravar os problemas respiratórios. “Não tem pra que acender fogueira nem soltar fogos. Pra mim não vai ser nenhum problema. Já não comemoro esse período há 30 anos, eu sou evangélica. O decreto foi bem pensado porque a fumaça pode agravar os problemas respiratórios.”

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Já Vânia Alves Medeiros, 65 anos, aposentada, diz ser um erro essa prática, sobretudo nesse enfrentamento à pandemia, para ela o momento não é adequado, mesmo se tratando de uma tradição e é possível se divertir em casa mesmo sem as fogueiras e fogos.

“Acho muito errado acender fogueira e soltar fogos, principalmente nesse período que estamos vivendo. Para quem tem problema respiratório é um problema a mais. Eu acho que cada um se divirta em suas casas, fazer as comidas típicas, ligar um som e todo mundo se diverte. Sei que é uma tradição de muito tempo, mas agora, o momento não é adequado.”