Publicado às 05h54 deste domingo (19)

O “Viagem ao Passado” destaca uma reportagem do jornal Folha de São Paulo abordando a rivalidade entre Serrano e Ferroviário. Na matéria escrita pelo jornalista Mário Magalhães, publicada em 23 de março de 1997, duas semanas antes da estréia das equipes no campeonato pernambucano da segunda divisão, temas polêmicos como os aspectos políticos, entre eles, a intervenção do ex-deputado Inocêncio Oliveira em favor do Ferroviário, as citações negativas sobre a prática de pistolagem, assuntos que acabaram ofuscando um pouco o verdadeiro sentido do esporte.

O fato é que os dois clubes protagonizaram uma das maiores rivalidades do futebol do interior do Nordeste. O Serrano venceu uma partida das três disputadas entre os clubes, mas o Ferroviário foi campeão da ‘segundona’ em 1997, e teve o privilégio de disputar a primeira divisão entre 1998 e 2002, enquanto isso, o rival amargava uma sucessão de insucessos na tentativa de ingressar na elite do futebol do estado.

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Contando com a fidelidade e a paixão de sua torcida, o Serrano conquistou o sonho de disputar a primeira divisão em 2004 e em 2005 disputou a Série C do brasileiro.

PROVOCAÇÕES

A rivalidade entre os dois times de Serra Talhada marcou época. Provocações entre os torcedores eram algo muito comum, tanto em carreatas, como em simples conversas de mesa de bar. A torcida do Serrano ia assistir aos jogos do “Ferrim” para torcer contra, ao mesmo tempo em que os adversários tiravam onda dos fracassos do “jumento de aço”. O clima de tensão era tão grande que um dos poucos jogos entre as equipes teve que ser realizado na cidade de Afogados da Ingazeira.

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Nos jogos era visível a divisão das torcidas, a maioria do Serrano, com destaque a organizada “Lampiões da Fiel”, que sempre se posicionava ao lado esquerdo das cabines de rádio, enquanto a do Ferroviário, tradicionalmente ocupava o setor das cadeiras, por trás do banco de reserva do time local.

Ambas as torcidas taxavam de traidor os jogadores que passavam a vestir a camisa do rival. Os hinos também merecem destaque, pois foram gravados por dois grandes artistas da cidade. O do Serrano foi composto por Rui Grúdi e do Ferroviário por Rai de Serra. Vale registrar que a torcida do jumento cantava em alto e bom som um trecho do hino que diz: “Serrano, sempre Serrano. Eu sou Serrano de coração”.

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Ao mesmo tempo que é muito prazeroso relembrarmos todos esses acontecimentos, também bate um sentimento de decepção por estarmos vivendo um período de decadência do futebol serra-talhadense, um longo e tenebroso inverno que já se aproxima de uma década. Só nos resta torcer para que em um futuro breve possamos novamente escrever mais uma página emocionante para os anais da história do futebol brasileiro.

              Reportagem da Folha de São Paulo em 1997

Reportagem da revista Placar em 1996