Por Manu Silva, professora, feminista, militante do Coletivo Fuáh, e repórter do Farol de Notícias

As opiniões expressas nesse texto são de responsabilidade exclusiva da autora.

Publicado às 05h06desta quarta-feira (29)

Após um longo período sabático sem escrever para minha coluna no Farol de Notícias, a minha silenciosa paz foi perturbada pelos absurdos diários que vêm acontecendo em Serra Talhada. Estamos em um cenário político tão apreensivo que os debates estão impossibilitados de acontecer.

Vejo críticas a militantes e estudantes que vão para rua em protesto, vejo críticas a pessoas que vão para órgãos públicos em manifestação, mas no fim o povo brasileiro, nós, não estamos sendo ouvidos. Direita ou esquerda, frente ou trás, a intolerância e falta de respeito está posta.

A Câmara de Vereadores de Serra Talhada protagonizou o maior barraco dos últimos tempos. O temperamento de “ideologia petista” (como dizem os militantes do PSL e MBL) suspendeu a sessão por causa de uma salva de palmas, no entanto, a resposta dos bolsonaristas foi ainda mais ignorante e tomaram de conta do evento com o pretexto de que “a Casa é nossa”.

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Corretos, a CMST é a casa do povo serra-talhadense. Mas se as pessoas se portarem em suas casas da forma como alguns dos militantes de direita agiram nesta segunda-feira (27), querendo vencer no grito um debate contra advogados e vereadores legitimamente eleitos, em quê esses militantes estão diferentes do que dizem ser os petistas?

Acredito que o direito de expressão, a manifestação e participação política de toda a população é de suma importância para todos os cidadãos. Porém, as reivindicações apaixonadas têm local e hora para acontecer, seja PT, PSB, PSL ou qualquer P. Sinto dizer, mas hoje, o dia da balbúrdia é de vocês.

SUGESTÃO

Aproveitem o gás da militância de reivindicação ‘balburdiosa’, que tanto criticaram, para gritar por causas que passam desapercebidas por esses grupos. O imbróglio do gás é uma pauta importante, sim. Mas temos tantas outras sujeiras em baixo dos panos, lembrarei de algumas.

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Desordem é brigar por liberdade de expressão na Câmara de Vereadores, enquanto a cada final de semana duas, três mulheres são silenciadas pelas políticas públicas que não calam a violência que sofrem de seus companheiros. Toda semana diversos idosos estão chegando para sacar sua aposentadoria na agência da Caixa e descobrem que foram vítimas de estelionato.

Todos os bairros da cidade têm ruas que precisam de reparos, calçamento, saneamento ou limpeza de terrenos baldios. Como está o combate ao tráfico de drogas na cidade? Todos os jovens da cidade têm oportunidades de emprego e acesso a educação? A saúde pública está funcionando como deveria?

Vamos abaixar os dedos, abrir os olhos e os ouvidos para entender quais os reais problemas a serem resolvidos na nossa cidade.