
Por Paulo César Gomes, historiador e colunista do Farol de Notícias
O músico e maestro Edésio Alves de Oliveira, nascido em 25 de dezembro de 1927, em Serra Talhada, permanece como um dos nomes mais emblemáticos da história cultural do município. Filho de Antônio Alves de Oliveira e Antonia Fernandes de Oliveira, Edésio dedicou toda a sua vida à música, tornando-se referência inquestionável para diferentes gerações de instrumentistas e admiradores da arte.
Com talento raro e formação sólida, Edésio destacou-se como exímio instrumentista, tendo como predileção o saxofone e a clarineta, instrumentos que marcaram profundamente suas apresentações e sua identidade artística.
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Maestro de formações históricas
Ao longo de sua trajetória, Edésio integrou e ajudou a fortalecer a tradicional Jazz Band Serra Talhada, um dos mais antigos e importantes conjuntos musicais do município. Seu prestígio e sua capacidade de liderança o colocaram também à frente da lendária Filarmônica Vilabelense, instituição centenária que neste ano celebra 120 anos de fundação. Sua passagem pela Filarmônica consolidou ainda mais seu nome entre os grandes mestres da música pernambucana.
“Edésio e Seus Red Caps”: o grupo de “feras”
Entre suas criações mais lembradas está o conjunto “Edésio e Seus Red Caps”, considerado um marco no cenário musical serratalhadense. A formação original incluía músicos reconhecidos como Cornélio, Edézio, Paulo Rosback (faleceu em março deste) e Zé do Ó. Para muitos artistas da época, “dizer qual deles era o melhor seria uma temeridade”: todos eram tratados como verdadeiras “feras”, tamanha a qualidade e versatilidade dos integrantes.
Nos anos seguintes, novos músicos reforçaram a história do grupo, entre eles Luiz Fogo, o filho do maestro, Erasmo, além de Rui Grúdi e Rinaldo, que ajudaram a renovar e ampliar a sonoridade da banda.
Pioneirismo feminino nos palcos
Outra marca importante do conjunto foi seu papel pioneiro na inclusão de mulheres como vocalistas, algo pouco comum na época em que se apresentavam. Os palcos receberam as vozes de Lila (década 1960) e da jovem Antonieta Pereira (1970), que abriram caminhos e romperam barreiras para a presença feminina na música popular da região.
Além dos Red Caps, Edésio também criou e dirigiu o conjunto “Edésio e Sua Orquestra”, ampliando sua atuação em festas tradicionais, eventos sociais e comemorações religiosas.
Amor pela música até o fim
Quem conviveu com Edésio afirma que sua dedicação à música era absoluta. Mesmo já doente e fisicamente debilitado, ele seguia tocando, especialmente durante a tradicional festa da padroeira de Serra Talhada. Durante as nove noites de celebração, lá estava o maestro — firme, disciplinado e apaixonado — demonstrando que a música era, acima de tudo, seu propósito de vida.
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Um legado que ecoa há gerações
Edésio faleceu em 15 de dezembro de 1987, aos 60 anos, vítima de câncer. Sua morte deixou um vazio profundo entre familiares, músicos e admiradores, mas o legado artístico que construiu permanece vivo na memória coletiva da cidade.
A influência de Edésio Alves não se resume às bandas que comandou. Ele ajudou a formar músicos, inspirar novos talentos, fortalecer instituições culturais e marcar definitivamente a história sonora de Serra Talhada. Sua trajetória continua sendo lembrada como símbolo de dedicação, disciplina e amor incondicional pela música — valores que moldaram a identidade musical do município e seguem repercutindo até hoje.
3 comentários em Edésio Alves: o maestro que moldou a identidade musical de Serra Talhada