Cresci observando o embate eleitoral em Serra Talhada e fui testemunha de muitas peripécias. Por exemplo, quando a gestão do ex-prefeito Augusto César (1993-1996) foi destaque na coluna Radar da revista Veja. Na época, o deputado Inocêncio Oliveira (PR) havia declarado que não iria se esforçar no sentido de atrair recursos para o município. Segundo o “cacique”, se a verba viesse para Serra Talhada iria facilitar a vitória eleitoral do seu adversário.

Augusto era “vermelho” e Inocêncio, “azul.” Pois bem. Fui testemunha como repórter do Jornal do Commércio, quando 25 militantes do extinto Partido da Frente Liberal (PFL) foram flagrados pela promotora Áurea Rozane distribuindo dinheiro dentro de pequenos sanduíches. O caso repercutiu nacionalmente. Afinal, Augusto era “vermelho” e Inocêncio “azul”. Até bem pouco tempo ser “cabeça-vermelha” ou “azulão” para muitos era motivo de orgulho. Existia, entre os eleitores, até uma certa identidade.

Chegamos ao século 21 e o prefeito Carlos Evandro tornou-se  outro exemplo de que um dia havia romantismo na arte de fazer política, mas que esse vento pode mudar, como disfarce de camaleão. “Carlão” nunca escondeu a ojeriza pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e vice-versa. O prefeito era azul e o PT era encarnado.Mas não culpo nenhum deles. Se um símbolo de sucesso político fez questão de apagar toda a sua trajetória de vida, imagine a turma do andar de baixo. Refiro-me ao ex-presidente Lula, idealizador do Lulo-petismo, que não se acanhou a “traçar” de Sarney à Severino Calvacante.  Às favas, os passarinhos.

Estou me preparando para documentar um momento histórico. No exato instante do flash em que Augusto César e Inocêncio Oliveira, sob às bençãos de “Dom Sebá”, deixarão de lado, finalmente, todas as plumagens e darão às mãos em prol de um único objetivo. Ou melhor, os destinos.

A “guerra dos pássaros” vai se transformar num grande “balaio de gatos”. Ainda acho que vão colocar a culpa em Frei Damião (que Deus o tenha). É aquela velha máxima de “roda grande tem que engatar na pequena”. Mas isto é uma outra história….