Após sobrevoar o canteiro de obras da Adutora do Pajeú, entre Floresta e Serra Talhada, o governador Eduardo Campos (PSB) chegou ao município de Afogados da Ingazeira desabafando quanto à morosidade do projeto, previsto para ser concluído no final deste mês. Ele responsabilizou a empreiteira – mas não citou o nome – pela não conclusão do trecho Serra Talhada-Floresta.

“A obra está dividida em duas fases: até Afogados da Ingazeira e de Afogados adiante. Agora, é preciso dizer que foi feita a licitação, uma empresa ganhou esta obra e passou três anos enrolando e abandonou o canteiro de obras. Se a firma  tivesse feito a parte dela, já teria águas nas torneiras”, disse o governador, em tom didático. Eduardo Campos também não poupou críticas à Celpe e estimulou a população a ingressar com representações contra a empresa.

“A Celpe não bota energia nas bombas e estamos sofrendo. A Celpe é uma concessão pública e isto é um acinte e um achincalhe com as leis. Temos que encher as promotorias de Justiça de queixas-crime contra a Celpe. Ela não faz nada para pobre. É uma empresa privada que lucrou mais de R$ 400 milhões ano passado. E uma banda do dinheiro foi pra Espanha”, provocou o governador. Ele lamentou, mais uma vez, o atual quadro de estiagem por que passa a região e defendeu o uso das águas da Barragem de Serrinha como suplemento no abastecimento.

“Se o cronograma fosse cumprido, o prefeito Carlos Evandro, de Serra Talhada, não estaria tão preocupado neste momento, assim como outros prefeitos  da região”, reforçou o governador. Mesmo assim, Eduardo Campos se arriscou em dizer um outro prazo para o funcionamento da adutora, que é uma obra do Governo Federal e, por isso, está fora da alçada executiva de Campos. “A água chegará até o final de dezembro em Serra Talhada e até junho em Afogados da Ingazeira”, arriscou Eduardo, como espectador.

CONFUSÃO DE DATAS

As obras da Adutora do Pajeú tornaram-se um “samba do crioulo doido” na oratória dos políticos. No período eleitoral, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, e o secretário estadual de Agricultura, Ranílson Ramos, anunciaram que o ramal de Serra Talhada estaria pronto até o fim de outubro. Na semana passada, Fernando Ciarline, um dos coordenadores do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs), chegou a dizer que o prazo máximo seria novembro de 2012.

CINE SÃO JOSÉ EM AFOGADOS FICOU LOTADO

Agora, Eduardo Campos estica para dezembro, indo de encontro ao depoimento de Rosana Bezerra, diretora do Dnocs em Pernambuco, que declarou, na noite dessa terça-feira (30), após fiscalizar as obras em Serra Talhada, que o funcionamento pode acontecer somente em janeiro de 2013. Por enquanto, a única certeza é de um duro, mas justificado, racionamento imposto pela Compesa para evitar um colapso ainda este ano na Capital do Xaxado.

Fotos: Blog Júnior Finfa