Rêmulo Callou de Alencar – Proprietário da Pé Calçado em Serra Talhada

Publicado às 05h42 desta sexta-feira (22)

Por um chamamento

Antes de acontecer de o comércio reabrir para todas as atividades, deveremos ter em mente que precisamos da saúde física das pessoas, o que é o mais importante, mas também será necessária a saúde financeira de todos. Digo isso para lembrar aos empresários que não se pode apenas torcer e pressionar para o comércio reabrir, todos agora têm que zelar para que o trabalhador, do meu, do seu, dos nossos negócios, continue tendo trabalho e renda. Senão, não vai adiantar o comércio reabrir porque ficará às moscas. O comércio do vizinho só terá movimento se eu mantiver o meu colaborador trabalhando, inclusive, sem a redução do salário.

O Brasil é um país profundamente desigual, colhemos ainda hoje o resultado de uma ferida purulenta que os nossos antepassados cultivaram por mais de 300 anos, a escravidão, e os escravocratas à época diziam que a economia brasileira, vejam só, “não suportaria” que acabasse com o que será para sempre uma grande vergonha nacional. Quando acontece uma grande tragédia como essa da pandemia, todo esse triste passado vem à tona, a gente vê com mais clareza a desigualdade brasileira, cultivada ainda hoje por uma elite econômica das mais vergonhosas do planeta.

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E não podemos nós, aqui na base da pirâmide, em pleno sertão por demais sofrido, na condição de pessoas do comércio e dos negócios, ficarmos reproduzindo e copiando as barbaridades cometidas por médios e grandes empresários por esse Brasil afora. Que esfolam o trabalhador para acumular mais riquezas, e quando vem uma crise o primeiro a pagar a conta é exatamente esse mesmo trabalhador.

O que eles nos ajudaram a construir antes, e agora veio a crise, teremos que nesse instante pensar neles também e não apenas em nós mesmos, os trabalhadores também têm famílias para sustentar. E ao invés disso ser ruim, é exatamente o contrário, manteremos e teremos mais consumidores quando os nossos negócios reabrirem.

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Nos últimos anos, o Brasil caminhou para o completo desmonte das leis trabalhistas, com o discurso falso de que geraria mais emprego, e não gerou. E não gerou porque não tem como gerar, se eu pago menos, vou vender menos, e logo, não gero um emprego a mais. É uma elite econômica burra e perversa mais do que tudo. Defende um Estado mínimo, e quando vem uma crise como essa fica de joelhos pedindo para que o Estado o socorra.

Tenta acabar com a saúde pública, e agora ficou bem claro o que seria de nós se não fosse o SUS, mesmo com toda a situação difícil que conhecemos, e ainda mais agravada pela chamada PEC da Morte, que exatamente tirou mais dinheiro da saúde pública. E fazem isso porque o que querem mas não dizem é a saúde privada.

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Para finalizar, venho conclamar aos empregadores do nosso comércio e de outras atividades empresariais da região, para mantermos os nossos trabalhadores com emprego e renda. Porque senão, para quê reabrir?