O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Célio Antunes, nos concedeu entrevista com exclusividade, na tarde desta segunda-feira (29), em que avisa que o prefeito Carlos Evandro termina a gestão preocupado em não passar a chamada “herança maldita” ao seu sucessor. Ele sinalizou que o novo governo petista está praticamente com o “terreno preparado” para implementar as mudanças que a gestão carlista não conseguiu fazer. Apesar disso, aproveitou para destacar avanços . E falou sobre trânsito, o polêmico projeto de embarque e desembarque de veículos no pátio da feira, a questão dos moto-taxistas e o planejamento de instalação de novos semáforos na cidade. Confira!     

FAROL DE NOTÍCIAS O senhor é secretário de governo há 4 anos. Assumiu na segunda gestão do prefeito Carlos Evandro. Qual a avaliação você faz do seu trabalho durante esse período?

CÉLIO ANTUNES Faço uma avaliação de que foi uma gestão boa. Talvez fosse melhor se os recursos que iriam ser implantados com relação a alguns projetos que nós fizemos tivessem vindo ao município. Mas não vieram, os projetos estão aí. E inclusive, em conversa com o futuro prefeito Luciano Duque, eu já repassei para ele dois projetos grandes que são o da revitalização do mercado público, que precisa de uma reforma drástica, inclusive para virar um polo turístico. Essa modernização deve custar em torno de R$ 800 mil a R$ 1 milhão. O município não teve condições de bancar isso com recursos próprios, e tínhamos solicitado isso ao governo do estado. Essa solicitação está sendo respaldada e reforçada. Luciano já conversou, juntamente com Zé Raimundo, para ter acesso ao próprio ministro Fernando Bezerra e secretário de Agricultura do estado para pode ver se a gente consegue essa verba e nesta próxima gestão isso seja concluído. A outra (obra) seria também um grande projeto que era a cobertura do pátio da feira livre, pra gente ter uma melhor organização naquela área.Precisamos de uma coberta alta, ventilada e bastante ampla para que a gente pudesse fazer a padronização dos boxes pela categoria do permissionário. Por isso, que hoje aquilo (pátio da feira) tem hoje uma visão até feia porque muita coisa foi feita com relação à proteção deles mesmos, principalmente devido os efeitos da chuva naquele local. Então, esses dois projetos somam-se aí com a questão do camelódromo, além de um pátio de estacionamento para atender aquela demanda. Esses projetos existem e estão na Secretaria das Cidades. Inclusive, quando Humberto Costa foi secretário das Cidades, eu e Carlos Evandro pedimos para ele arranjar esses recursos para concluirmos isso, mas infelizmente não saiu. Sabe-se das questões políticas que aconteceram entre governo municipal e estadual, mas a gente acredita que as coisas estão sinalizadas positivamente e o futuro governo, com certeza, vai fazer isso aí.

FN – Mas qual foi a grande obra da sua gestão?

CAOlha, o grande foco da nossa secretaria está voltado para a luta que a gente teve para trazer o Senac para Serra Talhada e de termos entrado no âmbito das capacitações. Temos uma sociedade carente de emprego e uma demanda satisfatória, e diante disso é preciso investir em qualificação. Então, a chegada do Senac foi uma luta de Célio Antunes e de Carlos Evandro. Pagamos todas as despesas de aluguel, colocamos profissionais do município lá pra poder funcionar, fizemos toda infraestrutura do prédio e preparamos tudo. Hoje eu fico gratificado porque já foram capacitados só pelo Senac mais de mil pessoas. A Junta Comercial de Pernambuco (Jucepe) também foi um luta nossa para trazer para cá. Nesta questão, o município também assumiu o comando. O que existia de recursos aplicados lá dentro (Jucepe) o governo (municipal) tinha 90% e o estado apenas 10%. É um trabalho que muita gente não vê com bons olhos, mas é um trabalho positivo. Pois antigamente, pra você ter que abrir uma empresa tinha que ir para Recife ou Salgueiro e ainda passava 2 a 3 meses para que essa documentação fosse concluída. Com a chegada da Jucepe, esse trabalho fez com que esse problema, em 5 cinco dias, no máximo, fosse solucionado.

FNEntrando na pauta do transporte público, a construção do pátio para receber transportes coletivos como as vans que vêm de outros municípios foi uma obra bastante alardeada pela gestão Carlos Evandro. No entanto, na prática, aquele espaço está sendo subutilizado, já que algumas ruas do centro continuam sendo obstruídas por esse tipo de veículo. O que faltou para que essa ideia desse certo de fato?

CAIsso é uma questão educativa. Eu coloco também o fato de a secretaria ainda não ter uma infraestrutura muito bem montada para que a gente, sem parceria com a PM e o Detran, a gente consiga fazer com que essa cultura das pessoas partirem para o radical de dizer ‘eu não vou!’… porque toda mudança é complicada… Então, o pátio de estacionamento da Lagoa ele foi feito para desafogarmos algumas ruas do centro. Isso, se a gente levar em consideração, que nos reunimos com o pessoal da cooperativa deles pra entramos num acordo, e fazê-los entender qual era a proposta do município. E aceitaram. Só que, na hora que foi para irem (pro pátio) começaram a causar problemas. Aí vem a questão de evitar também o contato de criar polêmicas e trazer aborrecimentos a A, B e C. Eu firmei uma parceria com o 14º BPM para que uma viatura desse uma busca em todas essas áreas em que os transportes estão estacionados indevidamente. A infraestrutura de lá (da Lagoa) Maria Timóteo) não é grande, nós criamos aquilo mais como um ponto de estacionamento. E deixamos os pontos de saída deles (vans e outros coletivos) nas mesmas ruas que eles já vinham trabalhando há anos. Os pontos de embarque deles não saíram dos pontos antigos, mas aquela aglomeração de veículos essa aí a gente tem procurado tirar para colocar no pátio de estacionamento. É um pátio seguro, com vigilante… Eu não sei por que eles (motoristas) não querem acatar. Mas estamos trabalhando, principalmente com os agentes de trânsito, que ainda não são municipalizados.

FNPegando esse mote dos agentes de trânsito, o trabalho deles é muito criticado pela população devido a falta de ação fiscalizadora nas ruas. Por que não solucionaram isso?

CA – Nós já recomeçamos tudo novamente com os nossos agentes. Nosso trânsito ainda não é municipalizado. E os nossos agentes ainda não têm aquela autonomia que deveriam ter. O grupo também é pouco para atender a cidade. Eram 14 e agora só são oito, pois seis deles pediram afastamento. A gente solicitou do prefeito um concurso com 20 vagas para o cargo, porque nós precisamos de 25 a 30 homens para trabalhar para pode municipalizar o trânsito. Nós já montamos o Departamento de Trânsito, que é o DMTTP (Diretoria Municipal de Trânsito e Transporte Público), que é vinculado à secretaria. E já começamos a fazer esse trabalho para poder chamar o pessoal do Detran para a gente solicitar a municipalização, que vai dá autonomia para que os nossos agentes tenham poder de multa. Eles (os agentes) têm ajudado muito no que a gente precisa, mas o trabalho deles fica aí… vamos dizer aí: se eles tinham 100% para executar dentro da área deles o que vale,  hoje, é de 15 a 20%. Quer dizer, estamos perdendo uma demanda de 80%. Questão de trânsito é mais questão de educação e de se respeitar as placas que existem. É uma questão cultural. O trânsito já chegou para mim (enquanto secretário) há 2 anos atrás, antes era encargo da Guarda Municipal. Aí veio para cá (secretaria de Desenvolvimento) para a gente tentar dar uma arrumada. Tentamos e ainda estamos tentando. A municipalização não está longe, não.

FN Então está faltando um concurso público para melhorar parte dos problemas do trânsito em Serra Talhada?         

CA Com o concurso público iríamos aumentar de 8 para 28 agentes e botar para funcionar a diretoria de trânsito, que já tem a sede, mas a gente precisa trazer o pessoal (pra montar uma equipe de trabalho). O Detran ainda está nos devendo a sinalização horizontal, que foi um acordo nosso para quando realizássemos o recapeamento do Centro da cidade, porque a (sinalização) vertical a gente já fez e eles (Detran) têm um projeto de efetuar cinco mudanças estratégicas do nosso trânsito em algumas ruas estratégicas. Mas eu acredito que essas mudanças só virão na próxima gestão. Mas vamos cobrar ainda.

FN Sobre os moto-taxistas, o que melhorou para o usuário desse transporte na cidade e para os profissionais que vivem disso nestes quatro anos da sua gestão e oito da gestão Carlos Evandro?

CA Eu vejo como melhora a questão da responsabilidade. Hoje, os moto-taxistas se apresentam mais como pessoas de responsabilidade. Nós fizemos um cadastro e concluímos a lei (municipal da categoria), fizemos algumas alterações, pois a categoria existe há mais de 20 anos em Serra Talhada e nós tentamos adequar a um conceito mais novo e mais moderno que existe. A categoria foi aprovada há 2 anos por Lula. A gente teve que fazer algumas adequações na legislação 134, porque o município, quando mandou a lei para Câmara Municipal, o município pedia 400 moto-taxistas cadastrados oficialmente. Mas os vereadores pediram  750. Só que quando a gente vai fazer uma lei dessas, temos que ter parâmetros. Petrolina, por exemplo, que tem o triplo da população de Serra, só tem 500 moto-táxis. Arcoverde tem 200. Assim todo mundo passa a ganhar melhor. Mas ficou os 750, tudo bem! Aí chega a hora de eles fazerem o curso de direção defensiva. Sem esse curso o profissional não tem direito a tirar a placa vermelha. Então, começamos. Fizemos uma triagem dos 750 de acordo com as exigências legais do Detran, aí vimos que, desse contingente, só 300 tinham condições de receber essa placa. Então agilizamos o curso para esses 300 e cadastramos. Isso foi uma obra nossa, porque eles não tiveram custo algum. Mas apenas 204 participaram do curso. Tivemos custos e eles não participaram. Essas primeiras placas já serão entregues no início de dezembro. É pouco? É! Mas já é um início. No entanto, o problema nisso é que muita gente ainda não está habilitada pelas exigências do Detran a receber a placa vermelha. E a fiscalização do Detran a partir de 2013 vai aumentar. E o que é bom para população é saber quem é registrado e cadastrado. Nós criamos também a linha de transporte coletivo de ônibus na cidade e já conversei com os representantes das empresas para que eles melhorem a frota. Se a gente consegue isso, os próprios moto-taxista irão procurar trabalhar de uma forma mais correta.

FN – Temos recebido algumas reclamações no FAROL de semáforos subutilizados na cidade, que ainda estão sem as sinalizações devidas… isso já faz algum tempo. O governo planeja instalar mais semáforos na cidade até dezembro?

Não, até dezembro não. Até porque o Detran não concluiu o processo de licitação dessas caixas de novos semáforos. Alguns postes que foram instalados sem essa caixa eu consegui logo lá no Detran, com medo de saíssem logo (para outras cidades). Eu pedi ao diretor do órgão a prioridade e falei para implantarmos logo em dois cruzamentos, pois temos seis novos cruzamentos para instalamos semáforos na cidade. Temos o cruzamento do mercado público, o cruzamento da Casa dos Pobres, o do Hospam, e logo após a Compesa, sentido Ipsep. Esses dois que colocamos sem a caixa de semáforos é porque aproveitamos logo a posteação. E quando não existia a posteação, tinha a caixa de semáforo. Aí fomos fazer o orçamento para custear essas caixas, mas o FMP (Fundo de Participação dos Municípios) caiu e a coisa apertou e o negócio é sério. O governo agora está evitando comprar, para sanar o que tem de sanar, para a gente entregar o governo de forma melhorada para Luciano iniciar a sua gestão. Eu ainda irei no Detran tentar trazer essas caixas de semáforos. Se não der certo, vai ficar só para a próxima gestão mesmo.