“Expert” em produções teatrais ao ar livre. Dirigiu dois dos mais emblemáticos espetáculos do País nesse estilo: a Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, em Fazenda Nova, e a Batalha dos Guararapes, em Jaboatão, Zona Metropolitana do Recife. O FAROL DE NOTÍCIAS conversou com o ator, diretor e escritor teatral José Pimentel, que está em Serra Talhada desde janeiro – entre idas e vindas à Capital – dirigindo mais uma mega produção cênica: “O Massacre de Angico – A Morte de Lampião”. A peça estreia nesta quarta-feira (25), na Capital do Xaxado, a partir das 20h, na Estação do Forró e foi escrita pelo pesquisador do cangaço Anildomá Willans. A produção fica em cartaz, gratuitamente, até o dia 29 de julho e mostra os últimos momentos de Lampião e Maria Bonita em Angico, Sertão de Sergipe, no dia 28 de julho de 1938.  Confira o bate papo do FAROL com um dos diretores teatrais mais consagrados do estado:

FAROL DE NOTÍCIAS – Como você compara o espetáculo “O Massacre de Angico – A Morte de Lampião” com as demais grandes produções que você já escreveu e dirigiu?

JOSÉ PIMENTEL – Entre todos os espetáculos ao ar livre que já dirigi, as semelhanças acabam se evidenciando nas dificuldades a serem vencidas. Tudo é muito difícil numa grande produção. Neste em Serra Talhada, temos vários aspectos que diferenciam dos demais que já trabalhei. O relevo onde a peça acontece é um deles. Outro aspecto é que na maioria das vezes eu escrevi o texto do espetáculo, mas neste eu já o encontrei pronto. Sobre isso, propus algumas adaptações no que chamamos de “carpintaria teatral”, para podermos adequar o texto ao fato, ou seja, para que o que está escrito possa ser executado bem visualmente. Talvez essa tenha sido a grande novidade para mim.

FN – Você falou em dificuldades, mas em se tratando das qualidades, o que o espetáculo “O Massacre de Angico” tem de melhor?

JP – Isso eu prefiro que o público diga. Posso destacar que essa produção é, entre as que já dirigi, a que estou mais tranquilo de fazer, pois nesse tempo todo de produção e ensaios não fiquei estressado em nenhum momento (risos). Apesar de ser uma peça relativamente curta, com duração média de 1 hora e 6 minutos, ela tem seus desafios, mas não significam problema. Os atores do espetáculo são muito bons, a equipe de produção também, o texto é bom, a estrutura é boa, a proposta é inovadora em se tratando de teatro. Já vimos a morte de Lampião na TV e no cinema, por exemplo. Mas num espetáculo como esse ainda não. Eu tenho dito que “O Massacre de Angico” está entre os grandes projetos que já produzi na minha carreira. Com certeza, o maior e melhor ao ar livre do Sertão pernambucano e, se não me falhe a memória, em se tratando de produção no Sertão, pode ser o melhor do Sertão brasileiro.

FN – Grandes produções teatrais ao ar livre, em sua maioria, conseguem surpreender o público. De que forma você espera fazer isso em Serra Talhada?

JP – Antes do início da peça propriamente dita, vamos criar uma ambientação, um clima de preparação para o público entender um pouco do contexto da época. Vamos exibir imagens reais do próprio Lampião e seu bando, do Padre Cícero Romão (o “padim” de Lampião), um vídeo com o discurso do então presidente do Brasil, Getúlio Vargas, anunciando que “a espada da Justiça irá pairar sobre a cabeça do famigerado Lampião”. Vamos mesclar ainda algumas imagens com trechos da música Sangue de Barro, do Chico Science. Teremos 30 figurantes e 15 atores, sem falar naqueles que participam da produção. Técnicos vieram do Recife para montar o cenário. A peça vai surpreender.