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O Sertão esconde mais belezas do que podemos imaginar, como por exemplo a música encantadora de Luiz Henrique Lacerda Ferraz, de 20 anos, o garoto revelação do Festival de Calouros Cantando na Concha. Conhecido como Luisitto, o músico faz um som que denominou como Folk Rock, um gênero pouco explorado na música pajeúzeira. O cantor não ganhou o festival, mas já apresenta indícios que terá uma carreira bastante promissora.

Em uma entrevista exclusiva para o FAROL DE NOTÍCIAS, Luisitto contou um pouco da sua recente história com a música, falou de suas composições e analisou o cenário musical de Serra Talhada. O músico fez uma apresentação especial nessa sexta (13), na prévia do Cangaço Rock Fest, durante o anuncio da programação oficial do festival, previsto para o dia 5 de dezembro, no Forró do Matuto. Confira na íntegra a entrevista com Luisitto e assista ao vídeo cantando um de seus sucessos, Interrogação.

Por Manu Silva e Giovanni Filho / Fotos: Alejandro García

ENTREVISTA COM LUISITTO

FAROL: Você é bastante jovem, 20 anos apenas e já mostra uma maturidade musical interessante. Há quanto tempo você tem essa relação com a música?

LUISITTO: Eu já tenho uns três anos de música, compondo e tocando, mas para começar a divulgar mesmo o meu trabalho, se apesentar foi a partir desse ano. Depois do Festival de Calouros Cantando na Concha foi que eu comecei a mostrar mais o meu trabalho. Muitas músicas que eu fiz foi depois daquele festival, e então toquei em alguns bares, toquei no Ensaio Cultural que Ruslan organizou e também com a Doppamina, na Festa de Setembro desse ano. Foi um prazer, sempre quis tocar com os meninos, somos amigos de muito tempo, mas nunca tivemos essa ligação musical. Só na conversa, no papo, mas de subir ao palco não. Foi uma grande experiência, sempre quis, aconteceu e foi muito bom.

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FAROL: E como você começou a se interessar por música? Você compõe, toca e canta, está se formando um artista completo. Como você desenvolveu essas habilidades?

LUISITTO: É aquela velha história clichê de você ver um artista, ter admiração por ele e dizer assim: ‘bicho, eu quero fazer alguma coisa parecida com o que essa pessoa faz’. Foi a partir daí, da admiração que eu tenho por alguns artistas como Renato Russo, um cara que foi um divisor de águas par mim, Raul Seixas, Nando Reis, Zé Ramalho, Bob Dylan, Beatles entre outros. A partir da admiração que eu tenho por eles eu comecei a escrever e a querer entrar também na música. A maioria das minhas músicas falam de experiências próprias, 80% das músicas, foram coisas que eu vivi e vi.

Pessoas, acontecimentos, acontecimentos de outras pessoas que me inspiram também a fazer. Mas as minhas letras, a maioria delas são na primeira pessoa. Acho que umas duas são fictícias ou fantasiando alguma coisa, mas a maioria delas são sobre coisas que vivi e a visão de mundo. Não sei dizer exatamente de onde vem a inspiração não, às vezes eu pego o violão e ela sai. Geralmente vem a letra primeiro, raramente eu coloco a melodia antes. 

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FAROL: O que você espera do futuro? Por enquanto você tem ma carreira solo, mas pensa em gravar CD, montar uma banda?

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LUISITTO: Sim, claro. Com certeza eu penso em gravar um CD, quem sabe não aconteça o ano que vem, talvez. se surgir a oportunidade e tudo se encaminhar como eu planejo, talvez sairá um CD agora em 2016. Em carreira solo, mas eu também penso em montar uma banda. Às vezes você não sabe para onde as coisas vão, o tempo em quem vai dizer o que vai acontecer. Eu ainda não sei. Temos uma banda que ainda está em fase de planejamento, mas daqui para frente a gente vê melhor isso aí. 

FAROL: Como você classificaria essa música que você faz, que tem influências tão diversas, mas ao mesmo tempo me parece ter identidade, ser um trabalho bastante original? 

LUISITTO: A partir do rock, o rock é um gênero principal e dentro dele tem as suas vertentes que compõe aquilo que eu acho que eu faço que é o Folk Rock norte-americano. Eu gosto muito da música country americana, com influências da música popular brasileira, influências da música popular, da música popular. Tudo isso a gente faz uma vitamina e vira uma coisa só.

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FAROL: Como você vê o cenário musical de Serra Talhada hoje, ainda falta incentivo? 

LUISITTO: A minha opinião é bem parecida com a de Kacike, eu acho que a música serra-talhadense sempre foi bem ativa desde Zé Marcolino, que foi parceiro de Luiz Gonzaga, Rui Grudi, Assisão foram artistas que me influenciaram e sempre foram muito fortes, sempre fizeram uma cena muito forte, mas eu acho que tem uma carência de investimento em outros gêneros musicais, em lugares mais acessíveis para o público. enfim, por exemplo, na praça Sérgio Magalhães teve o ensaio cultural. Essa mesma praça que abriu o ensaio abrangendo vários gêneros musicais, como o rap, a poesia declamada e cantada, a minha música, o rock, o rock da Asfixia… isso acontece raramente. Lá é um lugar onde se repete muito os gêneros, geralmente é só forró, forró, forró.

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Não tenho nada contra, mas eu acho que é preciso que tudo se misture, que todos tenham um espaço. Agora, depois do Cangaço Rock Fest, eu acho que a cena se fortaleceu e vem se fortalecendo cada vez mais. É um evento que está ganhando um espaço muito massa para que outros gêneros e outras bandas mostrem seu trabalho, como vem mostrando desde a primeira edição, até a recente agora. A galera não tinha espaço para se mostrar, é a partir do Cangaço que eles começaram é a querer se mobilizar, mostrar suas músicas. Muitas desas bandas tocavam cover e agora estão começando a mostrar suas canções autorais, que é isso que move. Isso tem uma carência de repetição, de fazer tudo igual. Agora eu estou vendo que as bandas estão começando a fazer seu próprio som e mostrando a cara.

CONFIRA A MÚSICA INTERROGAÇÃO – LUISITTO