O FAROL DE NOTICIAS ouviu o outro lado da história e entrevistou o médico Luiz Leite, diretor da Casa de Saúde Clotilde Souto Maior desde 1968. Ele reagiu a decisão do Conselho Municipal de Saúde (CMS), que decidiu pela reintegração da clínica ao patrimônio da Prefeitura de Serra Talhada. O prefeito eleito Luciano Duque (PT) quer transformar a casa de saúde num hospital municipal. Confira a entrevista!

FAROL DE NOTICIAS – Como o senhor recebe esta decisão do Conselho Municipal de Saúde de querer retomar a Casa de Saúde Clotilde Souto Maior?

Dr. Luiz Leite – Recebo com tristeza, pois estou com esta casa de saúde há 44 anos. Já fiz várias reformas desde que entrei aqui e quando entrei, só tinha as quatro paredes. Tudo que existe aqui fui eu que fiz. Coloquei azulejos, vidros, estuque. Enfim, de 1968 pra cá já fiz três reformas. Agora, por último, falei com o prefeito Carlos Evandro, que me autorizou a fazer esta reforma. O estuque estava com mais de 50 anos e estava caindo. Estou no meio da reforma e agora recebi esta notícia com muita tristeza. A prefeitura me entregou um documento me informando da decisão. Mas nunca recebi um centavo da prefeitura e sempre mantive convênio com o Sistema único de Saúde (SUS). Acredito que não é assim que eu vou sair dessa história, com um chute no traseiro. Recebi a casa do ex-prefeito Luiz Lorena, que não queria entregá-la a Inocêncio Oliveira, que era seu adversário político.

FN – O senhor já teve uma conversa com o prefeito eleito Luciano Duque?

Luiz Leite – Ainda não. Mas vou procurá-lo para esclarecer estas dúvidas, pois as coisas não funcionam assim. Eu tenho um convênio com o SUS. Tenho funcionários e compromissos. Não é assim que a coisa funciona.

FN
– O senhor pretende ingressar na Justiça para permanecer com a Casa de Saúde?

Luiz Leite – Com certeza! Pois não é assim. Você chega e simplesmente diz que desocupe o espaço. Não é assim que funciona.

FN – Quanto o senhor gastou nesta última reforma do prédio da maternidade?

Luiz Leite – Até o momento vou gastando cerca de R$ 600 mil e vou gastar muito mais para terminar tudo e deixar prontinho.

FN– O senhor mantém quantos funcionários trabalhando na Clotilde Souto Maior?

Luiz Leite – Tenho 18 funcionários trabalhando atualmente.

FN– O senhor acredita num final feliz para este episódio, após conversar com o prefeito eleito Luciano Duque?

Luiz Leite – Eu acho que vamos chegar a um acordo. Vou ver quais são as pretensões dele. Quando eu conversei com a secretária de Saúde, Socorro Brito, no ano passado, ela disse que achava melhor eu procurar a Justiça, pois era uma decisão do Conselho Municipal que tinha pedido a reintegração. Mas eu tenho uma amizade com o prefeito e ele (Carlos Evandro) disse para a gente fazer uma permuta com uma faixa de terreno nas proximidades da ponte do Rio Pajeú, para desafogar o trânsito da cidade. Mas o prefeito não enviou o projeto à Câmara de Vereadores para ser aprovado. Vou falar com o futuro prefeito para ver o que ele acha.

FN– Há comentários que esta decisão teria sido política, pelo fato do senhor ter apoiado o candidato Sebastião Oliveira. O senhor acredita nisto?

Luiz Leite – Não, pois eu nunca fiz política e não boto um adesivo no meu carro e nunca gostei de andar em comícios. Acredito que esta não foi uma decisão política. Até porque todo prefeito novo que entra dá essa confusão. Isso só não aconteceu com Augusto, Tião, Geni. Esses não falaram nada. O Ferdinando (Feitosa) também não falou, mas quis que eu pagasse um aluguel muito alto (pelo terreno). Mas Carlos Evandro nunca levou o projeto, feito pela própria prefeitura, à Câmara Municipal, de fazer a troca desses terrenos. Vou mostrar isso a Luciano Duque, levar a planta do terreno bem direitinho e explicar tudo. O que não pode acontecer é pegar, meter o chute no meu traseiro e tomar de conta de tudo o que construí, porque isso tudo é meu.