sebastiãoFotos: Farol de Notícias / Alejandro García

Nessa quinta-feira (30) a redação do Farol recebeu a visita do deputado e secretário de Transporte de Pernambuco, Sebastião Oliveira. Bem humorado e contente com o sucesso do seminário do PR em Serra Talhada, o deputado não fugiu de nenhuma pergunta do Farol. E entre outros assuntos, deu a sua opinião sobre o retorno do ‘escândalo do bode’. Confira.

FAROL: Deputado, em primeiro lugar, gostaria de agradecer essa visita de cortesia que o senhor está fazendo a redação do FAROL. Primeiro eu queria que o senhor fizesse uma avaliação desse seminário que aconteceu hoje (quinta-feira) no Hotel São Cristóvão, foi uma arrancada do PR para 2016. Foi positivo, o seminário atingiu às suas expectativas?

SEBASTIÃO OLIVEIRA: Eu acho, Giovanni, que superou as expectativas. Nós tínhamos três objetivos com esse seminário de hoje. O primeiro, apresentar a nova executiva municipal aos filiados e a sociedade de Serra Talhada. Apresentamos lá a executiva, está representado aqui pelo presidente Allan. O segundo ponto nosso era marcar ponto nas novas filiações do partido, que é Cacá de Carlos Evandro, Antônio de Antenor e várias pessoas se filiaram hoje ao partido, muitas que falaram que vão se desfiliar dos outros partidos, e que serão candidatas pelo PR no próximo ano. Dentre elas Lindomar, que foi candidato pelo PTB, é representante de Bernardo Vieira, junto com Geni. É uma liderança muito respeitada por Geni e Gilson e eu tenho muito prazer de receber Lindomar no PR.

O nosso terceiro ponto era avisar a população que o PR vai às ruas com o projeto Tribuna 22, que por alguns motivos que não passou pela minha vontade e nem da executiva, aconteceram no primeiro semestre e eu acho que o clima agora é propício para acontecer agora no segundo semestre. Vamos fazer plenárias em cidades e nos distritos para que a gente possa ouvir a população e junto com a ausculta da população nós vamos abrir, nós vamos franquear a palavra nessas plenárias às pessoas, vamos gravar todas as plenárias. Depois de gravar, vamos editar e elaborar uma peça de um projeto político que vamos apresentar a sociedade no próximo ano, em 2016.

FAROL: Indo agora para a pauta política, fazendo uma breve avaliação dos últimos acontecimentos. O prefeito Luciano Duque deu uma declaração colocando que estava se sentindo órfão no Partido dos Trabalhadores, como se estivesse sentindo uma espécie de escanteio. O PR pode ser esse orfanato, esse guarda-chuva que o prefeito precisa? Waldemar hoje, descartou qualquer tipo de conversa com o PR durante o seminário. O senhor também comunga desse pensamento?

SEBASTIÃO OLIVEIRA: Não, na realidade, o que Waldemar disse é que nós não vamos apoiar o PT para ser governo em Pernambuco. É um modelo de gestão que está fracassado, tanto em Serra Talhada, quanto no Brasil. O PT quebrou o país. O país hoje atravessa dificuldades importantes por causa desse modelo de governança, da irresponsabilidade que a presidente Dilma teve nos últimos quatro anos. Quebrou o Brasil. Isso se reflete em todos os outros governos. Aqui, por exemplo, nós não vemos nenhuma medida do governo do PT em Serra Talhada de cortar gastos, de cortar gastos ruins para sobrar dinheiro para investir em Serra Talhada.

Me pasmei essa semana quando vi no FAROL, como leitor do FAROL, que o secretário de Esportes foi para o programa do companheiro Francys Maya e disse lá que te 48 cargos, do qual 16 trabalhavam. Ora, se só 16 trabalhavam, o tamanho dessa secretaria é de 16 não é 48. Se têm 32 a mais que não trabalham é porque a máquina está gorda e cheia em um bocado de secretarias de apadrinhados políticos, que era para estar, obviamente, sobrando dinheiro e recursos para farda de crianças, para melhorar os índices de educação, para sanear a cidade, para colocar câmeras de segurança.

Enfim, as coisas que foram prometidas pelo PT há três anos não saíram do papel. Aquela ponte que o prefeito disse que seria o ‘país das maravilhas’ em Serra Talhada com Lula e Dilma, a ponte nem a primeira estaca foi batida. A gente não viu nenhum benefício do governo do PT para mudar as vidas das pessoas para melhor durante esse período que Duque se elegeu. O que aconteceu de bom aqui para a população foi trazido pelo nosso grupo, que foi a UPAE, a faculdade de medicina, a estrada de Santa Rita. Então, obras estruturadoras que mudam a vida das pessoas na ponta, para melhor, nós trouxemos nesses dois anos e sete meses que Duque está à frente da prefeitura.

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A UPAE, sem dúvida nenhuma é uma das maiores conquistas de Serra Talhada, a faculdade de medicina, no próximos 15 ou 20 anos você vai ver como isso vai mudar e a estrada de Santa Rita que abriu um novo corredor com a Paraíba, estruturou e tirou Santa Rita e vários outras comunidades rurais do isolamento. Então, são grandes obras que o governo do PT cantou e decantou em prosa e verso não saíram do papel. O PR está aberto para ajudar, inclusive, Luciano na governança dele, contanto que ele assuma um modelo de gestão comprometido com o que o governo socialista implantou em Pernambuco desde 2007. Auscultar a população, gastar no que é bom, cortar gastos no que é ruim, diminuir pelo menos 20 a 25% dos cargos comissionados e apadrinhados que têm ai.

Ele está fazendo muito bem a parte dele de política de captação de liderança, mas a gestão está muito ruim. Nós não fechamos porta para ninguém. O PR é um partido que está à disposição de ajudar Serra Talhada, inclusive o próprio Duque na governança dele. Agora ele precisa primeiro saber que o projeto que ele assumiu em 2012, que foi o PT, está falido esse projeto. Não é em Serra Talhada não, é em Serra Talhada, em Pernambuco e no país. E segundo, se ele quer dar uma resposta à população, ou pensar a reeleição, ele precisa mudar a governança dele. A governança dele cheia de secretaria, de cargos comissionados, de apadrinhamento político e um norte de gestão, que não existe. Então, nessas condições, o PR nunca vai poder estar aliado a esse tipo de governo.

FAROL: Retornando a questão conjuntural do PR, aqui o PR tem dois vereadores, Paulo Melo não compareceu ao seminário, não sei se foi convidado, o Marcos Oliveira fez uso da palavra, mas o senhor tem sido muito vigilante com relação ao comportamento da sua bancada. De um lado nós temos Paulo que se desmancha em elogios para Luciano Duque, do outro temos Marcos Oliveira que não esconde que quer uma aproximação com o PT. Não está virando uma ‘Torre de Babel’ aqui? Como é que o senhor vai administrar esses desejos individuais dos seus vereadores?

SEBASTIÃO OLIVEIRA: Eu respeito os desejos individuais de cada um, mas o PR, como eu vou repetir para você, tem um projeto acima dos desejos pessoais de cada um. Obviamente que se esses desejos individuais de cada um compatibilizarem com o projeto do partido, nós vamos dar todas as condições para que eles cresçam. Se não compatibilizar com o partido, eles vão estar completamente alheios ao partido. Já passou o tempo, nós fomos a rua e lutamos. A sua geração é uma que lutou contra a lei da mordaça e eu não vou ser mordaça para nenhum integrante do meu partido e nenhum conjunto de lideranças. A gente lidera pelo exemplo, não é pela força e alguém já disse isso. O líder se lidera pelo exemplo e não pela força e o meu interesse é que os dois fiquem no partido, obviamente, agora no programa do partido.

A reforma eleitoral vai dar oportunidade a quem estiver insatisfeito a mudar de partido. Então, Paulo se estiver insatisfeito com o PR, na hora que sair é janela partidária, ele vai estar à disposição do partido, de ele ter ou se filiar ao partido que ele achar necessário. Marcos Oliveira já deu sinais que quer sentar comigo e vamos sentar para eu poder ajudar no projeto para ele chegar à Câmara no próximo ano, coordenado com o Partido da República. E tem novos quadros surgindo, te Cacá se filiando, Antônio de Antenor, Marcelo André. Nós vamos lançar candidatos competitivos, Dr. Ilo Melo, vamos ter candidatos competitivos e vamos formar uma bancada. Não só o PR como o PSB e como todos os partidos que vão estar na frente popular de Serra Talhada.

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FAROL: João Duque Filho, o ‘Duquinho’,  não esconde que há uma sintonia com o PR. O PMDB poderia somar com um vice também,  Tem algum caminho? Como está sendo esse diálogo com o PMDB?

SEBASTIÃO OLIVEIRA: O diálogo foi começado por Waldemar e Duquinho, acho que alguns membros do PMDB temporariamente atrapalharam esse diálogo quando fizeram alguns comentários na imprensa, mas como eu disse a você, eu não faço política por imprensa, nem vou fazer. Nós vamos conversar no momento certo, conversei hoje com João Duque de Souza Filho, ele sabe que eu tenho um carinho e respeito por ele, já fomos aliados, ele comanda um grande partido nacional, que têm referências nacionais importantes, como Jarbas Vasconcelos. Tem o nosso vice-governador, Raul Henri, merece o maior respeito. O Israel é um cidadão qualificado, um bom quadro como pré-candidato a prefeito de Serra Talhada. Obviamente, nós precisamos ter juízo no final e sabermos que precisamos nos unir e nos juntar para podermos pensar em Serra Talhada em primeiro lugar.

Obviamente quem tem maior densidade eleitoral aqui na cidade hoje é o Partido da República, isso é uma condição que a frente popular tende a respeitar em todos os locais que passa. Assim como eu respeito onde a Frente Popular tem, por exemplo, em Sertânia eu vou respeitar o PSB a cabeça de chapa, em Recife nós vamos respeitar que o PSB é cabeça de chapa e em Caruaru nós vamos respeitar isso. Nós temos a total consciência que sempre foi respeitado isso dentro da Frente Popular, onde o PR é cabeça respeitam, obviamente, dentro de um diálogo, de um entendimento. Como nós temos respeitado com os outros locais onde o PSB também é cabeça de chapa. Em Petrolina ele é cabeça de chapa, e eu já falei para o meu diretório que estava aqui hoje, o nosso diretório do PR, que vamos ter candidatos proporcionais.

Temos mais de 20 candidatos em Petrolina, temos as perspectiva de fazer quatro vereadores, mas vamos nos alinhar na majoritária com o PSB, porque é a cabeça de chapa em Petrolina. Então, eu acho que essa questão está bastante resolvida, mas precisa de diálogo para que a gente se entenda. Para que a gente saiba que os anseios pessoais têm que estar bem abaixo dos nossos anseios comunitários para a nossa cidade. E nós precisamos montar um projeto que destrave as grandes obras de Serra Talhada, como nós conseguimos destravar com o governador a faculdade de medicina, a estrada de Santa Rita, vamos conseguir agora a de Bernardo Vieira.

Nós temos enormes desafios pela frente, nós temos o desafio do IML, nós temos o desafio da estrada de Bernardo Vieira, nós temos o desafio do hospital geral do Sertão, temos o desafio do saneamento da nossa cidade para o rio Pajeú não morrer de vez, porque está na UTI. Temos o desafio de um novo matadouro, um matadouro regional que não polua o rio Pajeú e nem a barragem de Serrinha. Temos o desafio de construir um aterro sanitário modelo para todo o país. Então, são grandes desafios que a gente só vai construir se estiver todo mundo unido.

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FAROL: Era justamente isso que eu queria tocar com o senhor, a pauta administrativa. O senhor, disse recentemente ao FAROL que tinha destravado alguns esqueletos, citou a Rodoviária e o Corpo de Bombeiros. Eu queria saber do senhor que adiantou alguns esqueletos que devem ser destravados daqui para frente, se nesse leque, uma demanda que a gente recebe muito do leitor do FAROL, são as obras do Mutirão. Está na pauta também esse esqueleto do Mutirão, ser uma das coisas para serem desenterradas ai, pelo menos no período que o senhor estar como secretário?

SEBASTIÃO OLIVEIRA: Sem dúvida nenhuma, Giovanni. Mesmo que eu não estivesse como secretário, mesmo que eu estivesse só como aliado do governador Paulo Câmara, essa é uma pauta que precisa resolver. Resolvemos a da rodoviária, está em obras. Conseguimos colocar o Corpo de Bombeiros de Serra Talhada dentro das metas prioritárias da Defesa Social esse ano, já alocou 500 mil reais para trabalhar nele esse ano. Ou seja, dá para fazer duas medições, uma em outubro e outra em dezembro e ano que vem, antes do ano eleitoral o governador Paulo Câmara vai estar entregando esse importante aparelho a população de Serra Talhada.

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Agora o que eu quis deixar claro para você naquela época foi o seguinte, apesar do Corpo de Bombeiros não ter uma sede própria, o que carece e é merecido, o Corpo de Bombeiros funciona. Os aparelhos estão aí, os carros, as ambulâncias, o atendimento ao público. Contrário ao que acontece com o Samu. Tem a gaiola de ouro, mas não tem o canário para cantar. Eu prefiro um canário cantador, do que uma gaiola de ouro sem canário. Não é desculpa para o governador não resolver, agora o serviço funciona para a população que é o mais importante. E agora nós vamos destravar a construção da sede própria.

FAROL: Eu queria fechar perguntando sobre o retorno do escândalo do bode, está retornando ai e foi um dos motes da campanha de 2012 e três anos depois me parece que esse fantasma começa a assustar. Eu queria saber do senhor quais são as expectativas do deputado Sebastião Oliveira com relação ao escândalo do bode?

SEBASTIÃO OLIVEIRA: Eu tenho a expectativa de que tudo fique esclarecido, você sabe que os companheiros que estavam comigo, que fizeram a denúncia na época foram todos criticados porque estavam usando esse tipo de expediente por questão eleitoreira e todo mundo sabia que as provas eram muito contundentes. São muito contundentes. Eu conheço o processo a fundo, as provas são muito contundentes de que Água Branca, por exemplo, não produzia peixe. De que, por exemplo, alguns beneficiários do conselho eram beneficiários que já tinham morrido. São provas irrefutáveis de que houve um tremendo esquema de desvio de verba pública no PAA, o Programa de Aquisição de Alimentos.

Eu li a matéria, agora para não ser leviano, na posição que estou como secretário de Estado, eu quero aguardar que nas mãos da justiça isso se desenrole o mais rápido possível e que se punam os culpados, porque culpados têm. Que o escândalo existiu, existiu. Agora quem são os culpados e quem vai ser punido isso é a justiça que vai dizer. A obrigação moral nossa na época foi de denunciar o escândalo, foi denunciado por Adauto Mourato e que foi assinado pelos vereadores de oposição na época: Gilson Pereira, Márcio Oliveira, Paulo Melo, enfim, vários vereadores assinaram a denúncia. É uma denúncia contundente no Programa de Aquisição de Alimentos. Então, sobre o fato eu não tenho dúvida, agora nomear os culpados cabe à justiça.

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FAROL: O engenheiro Adauto Mourato tem uma teoria, não sei se o senhor concorda, que os novos integrantes do governo, tipo Faeca, Paulo Melo e Márcio que ajudaram a denunciar eles podem recuar da denúncia e prejudicar o andamento do processo daqui para frente já que eles estão fazendo parte da base do governo. O senhor pensa assim?

SEBASTIÃO OLIVEIRA: Não, eu não penso assim, não. Porque a denúncia virou agora apropriação, a partir do momento que, está aqui o jurídico Allan, a partir de agora não recua. Quem assinou, assinou. Hoje virou uma denúncia e provas que são de propriedade do Ministério Público Federal e da justiça, da Polícia Federal e se quiserem tirar as assinaturas podem tirar porque o fato já virou denúncia e já virou início de inquérito de crime. Quem quiser tirar a assinatura pode tirar, pode ficar à vontade que o Ministério Público Federal vai em frente.

FAROL: Queria agradecer sua visita e dizer que o senhor volte mais vezes aqui no FAROL.

SEBASTIÃO OLIVEIRA: Eu é que agradeço estar aqui no FAROL, você me receber, bem fresquinho. Agora você não me deu nenhuma água nem um café. Fui maltratado, rapaz.