O FAROL conversa com o secretário de Cultura Anildomá Souza um dos mais ativos militantes culturais de Serra Talhada. ‘Domá’, como é mais conhecido, já foi diretor de cultura do governo Augusto César (93/96), mas se projetou após a criação da Fundação Cultural Cabras de Lampião. Conheça seus planos para a Capital do Xaxado.

FAROL – O senhor passou muito tempo militando no movimento cultural de Serra Talhada, enquanto artista e produtor cultural. O que o levou a voltar a ser governo após tanto tempo ausente da esfera governamental?

ANILDOMÁ – O que me levou a aceitar o cargo foi o desafio. Nós precisamos implementar um grande debate cultural em Serra Talhada e entender, junto com a sociedade, o que de fato é cultura. Precisamos pensar em políticas públicas para a cultura de Serra Talhada. Não podemos imaginar a ação artística da cidade dependendo do bom ou mau humor do gestor. Precisamos discutir políticas de ação dentro do estado e o que se discute a nível nacional. Vamos dar um novo rumo neste debate em Serra Talhada. Até agora não tivemos uma discussão em torno de políticas públicas para cidade. Este é o meu desafio.

FAROL – Existe uma expectativa de parte da sociedade, que o senhor faça uma política plural em termos de cultura saindo da esfera do cangaço, do qual é um apaixonado, isto vai acontecer?

ANILDOMÁ – A Fundação Cultural Cabras de Lampião tem o objetivo de pesquisar e estudar o cangaço a partir da figura lendária de Lampião. A Secretaria de Cultura Turismo é muito mais ampla do que isto. Nós não devemos e nem podemos imaginar uma secretaria de Cultura desenvolvendo apenas o cangaço. Vamos começar com um leque aberto. Com pontos e atrativos que ainda não foram explorados. A Secretaria de Cultura vai fazer diferente do que foi feito pela Fundação Cabras de Lampião (FCCL). Vamos fazer tudo de forma mais ampla e abrangente. Eu já escutei alguns comentários deste tipo mas a resposta é esta: a fundação cuida do cangaço e a secretaria cuida do todo. Vamos dar uma volta de 360 graus em todas as linguagens e manifestações artísticas e nas referências históricas.

FAROL– Qual é hoje a sua primeira preocupação como Secretário de Cultura?

ANILDOMÁ– Minha primeira preocupação é conversar com os setores organizados da sociedade ligados a cultura e ao turismo. A partir desta conversa vamos saber qual será o ‘ponta-pé’ inicial que vamos dar. Porém, posso afirmar que iremos fazer um trabalho voltado para as bases e vamos ver estas necessidades no campo da cultura. Olhando os distritos, os bairros da cidade e as escolas. E ao mesmo tempo, vamos fazer um levantamento das potencialidades turísticas da cidade e vamos começar a trabalhar a criação de um Conselho Municipal de Cultura (CMC), um Plano Municipal de Cultura (PMC) e a direção de um Fundo Municipal de Cultura (FMC). Vamos equipar o município para fazer cultura.

FAROL– Pode existir um conflito de interesses entre a Secretaria de Cultura e a Casa da Cultura?

ANILDOMÁ–  Eu creio que não. A Secretaria de Cultura pensa as políticas públicas para a cultura. Pensa macro mas sem perder de vista a base. E tenho certeza absoluta que a Casa da Cultura e outras entidades ligadas a cultura, mesmo que não sejam da área governamental, vão ter uma adesão ao que a secretaria vai apresentar. Vamos fazer uma escuta de todas estas pessoas e por isso não vai ter confronto.