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Fotos: Farol de Notícias / Manu Silva

Sorridente e à vontade. Essa é a imagem que apresenta a vice-prefeita de Serra Talhada, Tatiana Duarte, que recebeu o FAROL DE NOTÍCIAS em sua residência para uma entrevista exclusiva na manhã desta quinta-feira (20). Em uma conversa franca, Tatiana falou sobre gênero e política, opinando também sobre o destino do prefeito Luciano Duque nas eleições de 2016, o qual avaliou como um projeto falido. A opinião de Tatiana indica que a rixa entre ela e o gestor do PT não tem data para acabar. Confira a entrevista concedida à repórter Manu Silva.

ENTREVISTA COM TATIANA DUARTE

 FAROL: Tatiana, bom dia. Obrigada por receber o FAROL em sua casa, é um prazer para nós. Como já vínhamos conversando, gostaríamos de começar perguntando como você se sente diante do panorama atual das discussões de gênero na cidade, com a realização de mais uma Conferência Municipal de Políticas Públicas para a Mulher, e a apresentação do projeto Ruas Lilás?

TATIANA DUARTE: Bom, é um momento feliz, a conferência é muito importante. Eu não pude participar, pois tive um conflito de agenda. Eu tinha uma agenda de três dias e não foi possível chegar a tempo. Mas é claro que chegando a Serra Talhada eu fui acompanhar, até porque eu esperava da conferência práticas inovadoras. É um momento muito importante, em que pessoas se reúnem, instituições, representatividade, e eu estava naquela expectativa de algo inovador. Mas fui surpreendida com ligações de alguns amigos e pessoas que estavam dentro da discussão sobre o projeto da rua lilás.

Eu não tenho nenhuma vaidade e não faz muito parte do meu perfil, mas eu acho desleal que você lance algo como sendo uma proposta de uma conferência, sendo um projeto que eu deixei pronto na minha gestão. Ficou pronto. Quero aqui citar a advogada, a Dra. Simone, faço questão, porque foi uma companheira que me ajudou muito. Nós deixamos isso pronto na mão do procurador Giovanni. Eu tive reuniões, na época com Célio Antunes, que era quem estava em Serviços Públicos e com Josembergues, secretário de Governo. Foi uma prática inovadora e exitosa, que eu conheci em um Fórum Nacional em Salvador, tive a honra de dividir o quarto com a secretária da Mulher do estado da Paraíba e descobri a prática inovadora e muito exitosa da rua lilás.

Imediatamente eu fui atrás dos trâmites legais, em mais ou menos em seis meses deixamos isso prontinho. Felizes demais por ver que pode ser efetivada, porque ela só pode ser efetivada, a prática só pode acontecer quando for implantada a zona azul. Então, nós deixamos o projeto pronto. Fico feliz demais de ver que na conferência foi citado isso, mas era muito leal e justo que deixasse bem claro que o projeto já existia, nós deixamos ele prontinho só para ser executado quando a zona azul fosse implantada.

Para fundamentar a questão da rua lilás, quando Serra Talhada ganhou o prêmio Prefeitura Amiga da Mulher, ela só ganhou por causa de duas práticas inovadoras, que mesmo sem ter sido ainda efetivada, mas já constava no relatório que nós enviamos para o Estado. Ruas Lilás e Maria da Penha vai à escola com o teatro de bonecos. Foram duas práticas inovadoras que nós trouxemos na nossa gestão de um fórum nacional que nós fomos. Então assim, as cidades que estavam concorrendo, por conta dessas duas práticas inovadoras Serra Talhada levou o prêmio. Se você for ver lá atrás o projeto já estava prontinho.

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FAROL: Com relação à movimentação que os vereadores da cidade e os deputados estaduais votados em Serra Talhada vem se reunindo em prol da luta para trazer a Delegacia Especializada da Mulher. Como você essa atitude do legislativo municipal e como você tem participado dessa discussão?

TATIANA DUARTE: Eu vejo isso com bons olhos e fico muito feliz. Eu acho que essa é a política que eu estou tentando fazer, que eu acredito. Onde se une forças. Não vamos ser utópicos, nós temos nossas bandeiras partidárias, mas eu acho que aquilo que nos separa, eu queria bem essa frase. Aquilo que nos separa, é bem menor do que aquilo que nos une. O que nos une é maior, então uma delegacia da mulher para Serra Talhada hoje é uma prioridade. Nós precisamos urgentemente um equipamento desses. Toda essa articulação é muito bem vinda, eu vejo com bons olhos. Eu continuo dentro dessa discussão. Eu tive uma reunião no palácio com o secretário Figueira, de lá mesmo do gabinete ele ligou para a Dra. Silvia.

Eu já tive reuniões com o chefe da Polícia Civil, eu tive um diálogo com Guilherme Uchôa Presidente da Alepe). Eu, assim como tantos outros estou dentro dessa discussão, mas eu vejo que as pessoas entram dentro dela como se quisessem apadrinhar o mérito. O mérito maior é ter um equipamento desses em Serra Talhada, ele não tem mãe, nem tem pai, não é por aí. Então, essa articulação é muito bem vinda e que depois não apareçam tantas mães e tantos pais. Essa é uma conquista nossa, do povo de Serra Talhada.

FAROL: Tatiana, vamos entrar na pauta política agora. Como está sendo a sua rotina, o seu dia a dia como vice-prefeita de Serra Talhada?

TATIANA DUARTE: Bom, eu continuo com uma rotina e com uma agenda bem interessante. Eu tenho uma demanda muito grande da população e eu preciso atender. Eu atendo em casa, eu atendo na igreja, eu atendo na rua, no supermercado, eu atendo onde eu estiver. Qualquer pessoa tem acesso a mim, eu ando na rua, eu vou ao supermercado, eu vou à escola, você está na minha casa e tem acesso a qualquer hora. Então, as pessoas têm uma credibilidade em mim, elas me procuram. A questão da mulher ficou muito forte, agora eu vou palestrar a convite de outros municípios, a convite da Secretaria da Mulher do Estado, eu vou estar em conferências palestrando.

Em relação à questão de ser vice, você sabe que as prerrogativas de um vice, mesmo estando dentro da estrutura já praticamente não existem, então é muito mais esse contato com a população, de poder ouvi-los e encaminha-los, enfim. Aquilo que eu posso viabilizar, eu viabilizo, não tenho acesso ao governo, no sentido de serviços, enfim. Mas eu não governo para o governo, o fato de eu me desligar do governo não significa tudo. Significa algo, mas não tudo. Então, eu continuo como vice-prefeita fazendo o que eu já fazia. Eu atendo em qualquer lugar tentando viabilizar o que é possível.

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FAROL: Falando sobre 2016, você já tem data para a troca de partido? O partido está escolhido?

TATIANA DUARTE: Bom, essa discussão está bem avançada, até por conta do prazo, nós estamos finalizando o mês de agosto e temos um prazo até o finalzinho de setembro. Eu tenho simpatia por alguns partidos e uma das minhas dificuldades é que eu não quero um partido somente para dizer que estou legalmente apta a sair candidata, não. Eu quero um partido que eu também me identifique um pouco. Isso já existe, eu não fiz ainda a minha filiação, estou no trâmite da desfiliação do PSC, estou de malas prontas. Mas eu não posso ainda afirmar porque eu estou entre duas siglas, e alguns fatores ainda devem ser analisados para que eu possa tomar a decisão final.

Tendo em vista que eu e Dantas temos um pensamento de não ficar no mesmo partido por conta do golpe que sofremos em 2012, um retrocesso para mim, para a democracia. Você ser tirado o direito de lutar e eu tive esse discurso no início e mantenho, ganhar ou perder é consequência, mas o direito de lutar é de todos. Então essa tomada de partido, inclusive, agora eu já fui informada que lideranças da cidade entraram em contato com a nova sigla pedindo a sigla. Já tentando tomar antes mesmo de eu finalizar a filiação. Então, lideranças da cidade já fizeram contato com o nosso presidente pedindo o nosso partido já para inviabilizar as nossas candidaturas.

Eu não entendo esse medo, eu não entendo, eu me acho tão pequena no meio de tantos gigantes. Me deixem lutar, me deixem concorrer, me deixem representar as mulheres. Não temam a minha força, não há o que temer. Eu acho que há o que contribuir, vamos olhar por esse lado, tirar um guerreiro preparado da guerra é injusto.

FAROL: Gostaria de adiantar quais as siglas que há esse diálogo para a possível filiação ou prefere manter o sigilo?

TATIANA DUARTE: Bom, nós já temos o Solidariedade, esse já está fechado. É um partido que eu também me identifico até pelo meu trabalho, eu e Marquinhos com a questão da igreja a gente já tem essa identificação excelente. Existe outra sigla que eu não poderia citar porque não fechamos ainda. Então, fechando essa outra sigla eu sei para onde eu vou e Dantas para onde vai. Não estou falando agora para fazer mistério, não. É porque eu realmente não sei se fico no Solidariedade ou se vou para outra sigla.

FAROL: Ainda sobre 2016, você tem conversado com os pré-candidatos da oposição sobre as eleições?

TATIANA DUARTE: Não, eu tenho conversado com outras pessoas sobre 2016. Essa história de ‘vamos fazer uma reunião falando dos problemas de Serra Talhada’, é não viu! É sempre política, sempre 2016. Vamos ser bem sinceros aqui. Claro que se fala dos problemas, mas 2016 já está na pauta e faz tempo. Porém, a minha conversa sobre 2016 ainda está muito tímida, muito tímida. Porque o cenário é muito indefinido, nós vamos lembrar um pouquinho 2012 e vamos lembrar que eu não estava naquela discussão, eu cheguei. Hoje, se você pegar a analista político mais experiência que você conhecer, ele não pode te dizer o que vai acontecer.

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Então, eu não posso te dizer ainda nada definido. Eu tenho conversas, diálogos, articulações, tenho visitado muito as pessoas, as comunidades, tenho ouvido muito a população. A população está diferente, alguma coisa mudou e quem não quiser enxergar isso vai ter uma bela surpresa. O povo brasileiro mudou, as pessoas não são as mesmas politicamente falando e essa diferença vai trazer um impacto em 2016. Eu estou muito atenta a tudo isso, eu não estou confiando naquilo que os políticos: ‘não, porque eu sei’, ‘e sou um político muito experiente’. Não, você não sabe nada, o povo está sabendo muito mais.Estou muito atenta, muito mais dialogando com as pessoas do que com as lideranças, essa é que é a verdade. Embora eu sou muito aberta, se eu receber uma ligação agora, de qualquer liderança e vou conversar até por educação.

FAROL: Tatiana Duarte acredita na reeleição de Duque?

TATIANA DUARTE: Não, de forma alguma, de jeito nenhum. É um projeto falido e eu não acredito que este povo que eu acabei de lhe falar, agora politizado, agora informatizado, invista em um projeto falido. Não quero que ele leve para o lado pessoal, eu falo de um projeto como todo que não saiu do papel, que ficou na conversa e nosso povo tem urgência, nosso povo está sofrendo. Eles querem a resposta urgente, então não dá para brincar de ser prefeito, não dá para brincar de ser prefeito. Então, não acredito de forma alguma. Com a mesma certeza que eu disse em 2012 que eu seria a primeira mulher a ocupar o executivo de Serra Talhada, eu digo que esse projeto está falido. Não acredito.

FAROL: Para finalizar, a candidatura para vereadora está confirmada?

TATIANA DUARTE: Não confirmada ainda, mas existe essa discussão. Eu não quero pensar na possibilidade de 17 homens ocupando o Legislativo. Meus companheiros, amigos, o meu respeito. Sei que Serra Talhada tem muito mais, tem homens competentes, mas nós precisamos discutir política pública para as mulheres e precisamos da presença feminina do Legislativo. Então, a população tem me cobrado isso e há uma grande probabilidade de eu disputar sim uma cadeira no Legislativo para levar a discussão de gênero, políticas públicas para as mulheres dentro do Legislativo.