Publicado às 04h32 desta quarta-feira (24)

Sem fogueira, sem sanfona e nem balão. A zabumba não marcará o passo do baião, o tilintar do triângulo este não vai acelerar o coração dos nordestinos do mesmo jeito. A pandemia do novo coronavírus não parou a folia de momo, mas freou os festejos juninos. E o lamento mais triste vem dos profissionais e artistas que vivem do São João e se preparam o ano todo para o período.

O Farol de Notícias conversou com Gusttavo Inácio, 24 anos, o presidente e marcador da quadrilha Junina Sem Limites, uma das mais premiadas e resistentes na manutenção da tradição junina serra-talhadense. Segundo ele, em quatro anos de existência do grupo, pela primeira vez as dezenas de jovens que compõem a Sem Limite não se reunião para encantar a cidade e região com a beleza e performances elaboradas da junina.

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A Junina Sem Limite foi fundada em março de 2013 como quadrilha de rua, em janeiro de 2017 se transformou em uma quadrilha para concursos ou quadrilha estilizadas. Segundo Gusttavo, a Sem Limites, desde então passou a ser um dos grupos de maior destaque do Sertão do Pajeú, conquistando importantes títulos levando o nome e a arte de Serra Talhada para os quatro cantos de Pernambuco. O produtor é um fiel defensor do movimento junino e sempre buscou apoio e incentivou a cultura nordestina no município, inclusive instigando o governo municipal e o empresariado local.

“Para a gente não está sendo fácil, são quatro anos de estrada. Eu estou há oito anos no mundo junino, e para muita gente o período junino é apenas em junho, mas para nós do movimento de quadrilhas chamamos de ciclo junino. Temos dois meses de apresentações, depois um mês de produção e nove meses de ensaios. A gente não para e durante os 12 meses do ano a gente vive e respira quadrilha junina. E a gente se dedica, economiza o ano inteiro para investir e não está sendo fácil. Hoje mesmo acordei chorando, porque em 8 anos é a primeira vez que eu passo o São João em casa”, descreveu o quadrilheiro emocionado:

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“Um São João que não tem fogueira, não tem fogos, não tem festa. Esse é um São João que a gente quer apagar da nossa mente, porque está sendo difícil para todos. Apesar de alguns setores da cidade não valorizar a cultura, mas na região há quem valorize e lembre da Junina Sem Limite como uma referência em Serra Talhada. Vamos sentir falta da energia do arraial, de entrar em quadra, das competições, da emoção de ganhar um concurso ou de ir para final. Estamos sentindo falta disso, mas a gente sempre diz que há males que vem para o bem. Estamos tentando ver o lado bom de tudo isso”.

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