A estiagem mais forte dos últimos 50 anos está afetando o comércio de Serra Talhada e trazendo perdas de até 50% nas vendas, em comparação aos meses anteriores à seca. Para os feirantes do Mercado Público da Capital do Xaxado, a situação é ainda pior. “Pois dependemos muito do público da zona rural para consumir nossos produtos e eles estão deixando de vir até a cidade”, explica o vendedor de queijo Laércio Gaia, que trabalha no local há 15 anos. Ele relata que as vendas também estão caindo por conta do forte calor ocasionado pela estrutura do mercado.

“Após o meio dia a clientela não aguenta vir mais para cá porque isso vira um forno, é quente demais. Eu estou tendo que fechar meu comércio às 13 horas, pois não aguento o abafado desse teto que existe aqui desde a construção desse mercado e a prefeitura não tem coragem de reformar”, expõe o comerciante. Ele relata que, antes da seca, vendia 500 kg de queijo por mês e, agora, não chega atingir 250 kg. “Eu pedia 100 kg por semana aos fornecedores e hoje estou recebendo apenas 30 kg. Lembro que atendia cerca de 200 pessoas diariamente a agora atendo 50”, lamenta o vendedor, justificando que o gado está deixando de produzir.

Outra reclamação é que o calor está aumentando as quedas de energia dentro do Mercado Público Municipal. “O teto desse ambiente é muito baixo, com as fiações quase batendo em nossa cabeça. Nós já tínhamos essas quedas de energias antes da seca, mas agora elas estão mais frequentes. Trabalhamos com medo de acontecer um grande incêndio aqui”, confessou Laércio Gaia. O comerciante de grãos, Jacelmo Paes, que trabalha há 20 anos no mercado, ratifica as queixas do colega. “A cobertura daqui gera um calor infernal. Minhas perdas nas vendas por conta disso estão entre 15% a 20%, em comparação a este mesmo período do ano passado”, pondera, cobrando por uma reforma urgente no local.

LAÉRCIO GAIA: REFORMA EVITARIA QUEDA NAS VENDAS

“Essa reforma poderia evitar que sofrêssemos, junto com os clientes, com a onda de calor. Mas estou aqui todo esse tempo e só vejo eles (os políticos) entrando aqui no período de eleições só prometendo, mas ninguém faz nada”, desabafa Jacelmo Paes. Outro vendedor, César Paes, calcula que teve um prejuízo, até agora, de 50% desde o início da estiagem. Ele foi o mais radical entre os comerciantes entrevistados, chegando a cobrar a privatização do Mercado Municipal. “A solução pra esse calor aqui dentro não seria uma reforma, seria a total destruição dessa estrutura, e a construção de um novo mercado e que tivesse investimento da iniciativa privada aqui. Eu gostaria que isso aqui fosse privatizado, aí as coisas iriam melhorar”, criticou.