DSC_0041Fotos: Farol de Notícias / Alejandro García

Relembrando os melhores momentos do forró romântico, a repórter Manu Silva entrevistou um dos cantores mais renomados do Nordeste, Edson Lima, o vocalista da banda Gatinha Manhosa. No auge de seus 31 anos de carreira, Edson está lançando até o final do mês dois DVDs inéditos, um deles em comemoração aos 15 anos de Gatinha Manhosa, além segundo volume do sucesso Mesa da Amargura. Com exclusividade para o FAROL DE NOTÍCIAS, Edson Lima revelou que participará do programa global Esquenta, em uma edição especial para falar de amor. Confira na íntegra a entrevista.  

ENTREVISTA COM EDSON LIMA – GATINHA MANHOSA

FAROL: Edson Lima, é um prazer para nós do FAROL entrevista-lo. Quanto tempo já de carreira?

EDSON LIMA: Comecei em 1984, praticamente, mas a primeira banda entrei em 85, 86 por aí. Tem 30, 31 anos já. E na Gatinha Manhosa são 14 anos, porque a banda vai fazer 16 anos e eu passei ainda dois anos na Limão Com Mel, antes de vir para a Gatinha. Onde cantei por dois anos com Sarah e Senna Boa Vista que eram os cantores na época. Depois de dois anos eu vim e gravei a música “Leilão” na época e entrei na banda de vez.

FAROL: Gostaríamos que você relembrasse um pouco da história da sua carreira. Falasse um pouco das bandas que passou e de momentos marcantes na Gatinha Manhosa.

EDSON LIMA: Um dos momentos mais marcantes da minha história foi cantar a primeira música, e foi uma coisa que me identificou muito foi ter um cantor do interior de Pernambuco cantar a primeira música internacional, “Still Loving You” e ser reconhecido com essa música, com uma banda que mal aceitava que eu assistisse os ensaios e quando me viram cantar. Essa foi a nossa primeira música, cantamos na Concha Acústica, onde hoje é o Rangu’s Bar, naquele mesmo local. E quando eu cantei a primeira música fui chamado, que era a banda Aramá, naquele tempo, do saudoso Wilson Fogos, daqui de Serra Talhada. Foi um momento emocionante porque foi o sonho de todos começando a se realizar.

Depois veio a banda Magazine, uma das maiores bandas bailes daqui do Nordeste, uma banda que eu participei. Veio a Limão Com Mel, que foi outro sonho, que eu não imaginava ser cantor de forró e em sequência teve os momentos da Gatinha Manhosa, que foi a música “Leião”, que eu acho que foi um ícone do forró hoje e que tocou no Brasil todo. Uma boa parte do Brasil, aliás. Depois com César Menotti e Fabiano ela percorreu o resto do Brasil a fora. Então, eu tenho o prazer de dizer que gravei a primeira música que deu início até o sertanejo universitário. Porque César Menotti e Fabiano foi a primeira dupla a ser sertanejo universitário e a música de trabalho era “Leilão”, depois de seis anos que eu já havia gravado.

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FAROL: Atualmente como está a agenda de shows da Gatinha Manhosa? Você percorre o Brasil inteiro com shows e o pessoal ainda curte muito o forró romântico?

EDSON LIMA: Ainda bem que curte bastante. A gente fica até impressionado com o movimento que tomou de conta do forró romântico, que hoje não é mais a mesma coisa o forró romântico. As rádios não tocam mais como antigamente, mas a gente persistiu em não mudar esse estilo. Então, fazemos algumas outras batidas, mas sempre falando da palavra amor. Não pode fugir dessa palavra. E não se rendendo ao duplo sentido, ao banalismo das letras musicais, a gente vem conseguindo se manter no espaço. Gatinha Manhosa hoje é uma banda que faz entre 15 a 18 shows todo mês, mesmo com a situação atual do Brasil e essa crise toda. A gente está sempre saindo de casa e viajando todos os finais de semana, têm sido assim durante todos os 15 anos da Gatinha Manhosa.

E eu tenho certeza que não vai ser diferente, porque a música romântica, eu digo sempre, é a música que fica, que não cai. Por mais que você esteja curtindo seu paredão, a música que quando você chega em casa você escuta é a romântica, para lembrar daquele amor que não deu certo naquela hora do paredão. Você vem matar as mágoas em casa com uma boa música romântica e a gente está entre elas. Edson Lima, Batista Lima, Aduilio Mendes, Kátia Cilene, Beto Nascimento, Ângela Espindola, Valquíria Santos, Rita de Cássia são pessoas que o tempo não vai apagar nunca. Fizeram sua história, ficou marcado e vai ficar por muito tempo ainda.

FAROL: Falando sobre esses novos ritmos musicais que vem surgindo. Gostaríamos de saber como é para você fazer esse movimento contrário do mercado musical, permanecendo com o forró romântico e ainda fazendo tantos shows por mês e fazendo tanto sucesso?

EDSON LIMA: A gente sabe que é muito difícil, mas uma coisa que conscientiza muito a gente é que temos um público muito fiel. Aquele público da gente não é o que se renova sempre. Vou dar um exemplo da Limão Com Mel, que tem duas fases. A fase Edson Lima e a fase Batista Lima. Edson Lima nos anos 80 e 90, Batista dos anos 90 e 2000. Então, quando a gente se encontra e conta essa história, tem muita gente que quer ouvir e gosta desse estilo. E o que nos deixa mais feliz é que a música da gente é para sempre, como eu te falei antes. Não é uma música de dois meses apenas. A gente sabe que eu canto músicas hoje como se fosse um sucesso atual, mas tem 20 anos de gravadas.

E têm músicas hoje que são do mês passado e você não aguenta mais ouvir. A diferença nessas coisas, a juventude hoje curte uma musicalidade que é totalmente alternativa a realidade que a gente viveu há 15, 20 anos atrás. Mas a nossa música predomina e muitos jovens curtem, mesmo sem ser da época dele. Mas vão ao show e se apaixonam com as mesmas canções, nós somos uma equipe privilegiada. Não é forró das antigas, é clássicos das antigas e a gente fez parte dessa história.

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FAROL: Queremos saber agora sobre o futuro da Gatinha Manhosa, como estão os planos para a banda? Vem novidade por aí?

EDSON LIMA: Estamos recebendo agora até o final do ano dois DVDs, o “Mesa da Amargura 2”, um projeto que eu fiz alternativo, que eu sempre quis fazer e o DVD de 15 anos da Gatinha Manhosa, que foi gravado no São João de Caruaru desse ano. Foi muito bom, maravilhoso, com uma superestrutura e está chegando aí, atrasando um pouquinho. Mas até o finalzinho de novembro a gente já está com esses dois DVDs que estão saindo com novas canções e também o melhor da Gatinha Manhosa.

FAROL: Edson, nesses 31 anos de carreira, você se mostrou um artista completo. Além de se tornar um cantor ícone também produz bandas e eventos. Como anda essa parte da sua carreira com a produção musical de bandas e eventos?

EDSON LIMA: Eu sempre gostei de fazer essas coisas. Os shows a gente tem feito aqui com uma sociedade com Jean no Forró do Matuto. E eu gosto muito de alternar, quero até agradecer a Serra Talhada pelo sucesso que foi Tirulipa. A gente se encontrou em um show e ele queria que eu o trouxesse aqui e virão outros shows de humor, como Zé Lezim. Que já trouxe duas ou três vezes já, infelizmente não posso mais trazer o meu amigo Shaolim, porque não se recuperou ainda. Mas assim que se recuperar ele vai voltar aqui. As bandas nacionais hoje estão um pouco difícil de trazer por causa dessa situação nacional, para você acreditar e existe uma garantia mínima que se torna altíssima e você não tem como acreditar.

Não duvidando do público de Serra Talhada, mas por causa da situação atual. Às vezes você traz shows que pensa que vai superlotar e a realidade acaba sendo outra e a gente está vivendo isso no dia a dia nas estradas. A gente sempre vai ao Rio de Janeiro e São Paulo. Lá está muito melhor do que aqui, porque o nordestino lá tem aquela saudade e dificilmente a gente vai é como se fosse um show no nordeste. As coisas que eu gosto muito de fazer são shows, na realização de grandes eventos, mas com bandas estamos aí com o contrato para a confecção do DVD do meu amigo Kennedy Brasil, que é um cara que me ajudou muito com muitos sucessos dele.

E provavelmente estaremos fechando uma parceria com Everton Lima, para a gente divulgar o trabalho dele. Eu não gosto de ver um talento parado quando se tem. A gente não pode investir muito em verba, hoje está difícil para manter a Gatinha hoje está difícil, para manter a Banda Sete é difícil, mas o que a gente puder fazer em contato e colocar a pessoa e colocar o seu nome em um trabalho, colocar em divulgação. Na hora que eu divulgo a Gatinha Manhosa, eu vou estar entregando o CD desses artistas. Tanto do Kennedy quanto do Everton, que tenho o prazer de ajudar.

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PERGUNTA DE FAROLEIRO: Jennyfe Diana enviou a pergunta ao FAROL pelas redes sociais ainda sobre a gravação da música “Leilão” que marcou o início da sua carreira na Gatinha Manhosa e depois a regravação da música pela dupla César Menotti e Fabiano. A composição de Ivo Lima marcou sua carreira, o que essa música significa para você?

EDSON LIMA: Todo mundo pensa que os compositores Ivo Lima e Cristian lima são nossos irmãos, são donos de músicas lindas de Calcinha Preta, a maioria delas. De Limão Com Mel, muitas músicas minhas são deles. E Leilão foi ele que me deu essa música na época. Eles são sobrinhos de Michael Sulivan e Leonardo Romano, cantor de Recife. Ele já tem uma familiaridade de grandes nomes. Além de cantor e compositor o Cristian Lima também é guitarrista, uma das pessoas mais completas na música que eu conheço. E são grandes compositores, mas não tem nada de familiaridade com a gente.

Músicas como “O inverno acabou”, “História de Amor”, “Leilão” e outras mais são da parceria de Cristian Lima e Ivo Lima, eles são irmãos. É como se fosse aquela dupla: Michael Sulivan e Paulo Massadas, Roberto e Erasmo. Foi muito bom ter gravado ela, porque tem uma história interessante. Foi a última música gravada no CD, eu já não queria mais gravar nada e ele me pressionou: ‘grava essa música que Limão não quer gravar, calcinha não quer gravar’ e me passou por telefone. Eu estava em Fortaleza e ele me ligou de Recife, e por telefone ele cantava e eu ouvia e cantava. E eu ia gravando aquela guia e depois fui colocar a voz original e o arranjo.

Mas ela veio na hora certa. Eu digo uma frase: a música certa não é para quem quer, é para quem é. Também tiveram outras canções que ele me ofereceu que eu não quis, não apostei na música e foi sucesso com Calcinha Preta. Várias e várias canções, mas eu acredito que tinha que ser ela mesmo. Depois para apadrinhar veio César Menotti e Fabiano gravando ela também, hoje existe uma amizade muito grande entre eu e a dupla. Por sinal, provavelmente está vindo um encontro no Esquenta. Eu recebi isso há uma semana, está tendo uma reunião para fazer sobre música romântica e foi citado Edson Lima e Gatinha Manhosa.

Quando eles me procuraram eu dei a ideia de fazer um encontro, que foi feito já na Tv Diário, mas você sabe que não é nacionalmente, para fazer esse encontro e falar sobre uma música que movimentou o forró romântico há muito tempo e depois entrou para o sertanejo. A produção entrou contato com o César Menotti e Fabiano, eu conversei com Fabiano e estamos acertando os detalhes para ver se realmente vai ter. Se tiver vai ser de bom tamanho.

FAROL: Quando a Gatinha Manhosa voltará para fazer show em Serra Talhada?

EDSON LIMA: Acredito que em janeiro, a gente está vendo a contratação de uma atração que foça fazer o lançamento, tanto do DVD ‘Mesa da Amargura’ volume 2 e uma banda de forró que seja a altura e que nunca tenha vindo em Serra Talhada. Acredito que não veio ainda e estamos vendo, provavelmente seria Solteirões do Forró. Juntamente com Valquíria Santos e essa parceria que ela está com Zé Cantor e está uma maravilha. Essa é apenas a primeira ideia, outras ideias podem vir e outras bandas. Como Seu Maxixe que tem se destacado por aí e outro cantores nacionais que sempre entram e contato com a gente. Nada ainda definido, mas em janeiro é que a gente faz o lançamento do DVD e comemora os 15 anos da Gatinha aqui.

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