Publicado às 05h24 desta quarta-feira (10)

Na manhã dessa terça-feira (9), o Farol recebeu a visita de Marileide Melo, 38 anos, moradora do bairro São Cristóvão, em Serra Talhada. Ela é irmã de Paulo de Melo Silva, 37 anos. Segundo ela, o irmão já foi internado no Hospital Psiquiátrico de Serra Talhada, no bairro Borborema, 5 vezes, está com crises constantes precisando ser internado novamente, porém a clínica não o recebeu. Já a diretoria da psiquiatria informou que há vagas e que a recebe após ele passar pela triagem de protocolo da Covid-19.

”Meu irmão é usuário de drogas e tem transtorno mental. Ele já foi internado 5 vezes na clínica daqui, a última vez que ele foi internado foi por ordem judicial. Dessa última vez, disseram que ele tinha amassado um portão e queimado umas pessoas com cigarro e depois disso a assistente social começou a dizer que tinha gente querendo matar ele, que a clínica estava correndo risco e queriam transferir ele para Recife. A gente conversou com Dr. Jaime, o médico dele, e a gente explicou que ele não estava sendo ameaçado de forma nenhuma. Só que enquanto ela [assistente social] não tirou ele da clínica ela não sossegou. Com uma semana eu falei com o médico para não transferir ele para Recife e deram alta a ele”, relatou a irmã, acrescentando:

”Depois disso ele ficou tendo crises, já foi 4 vezes para o Hospam, mas até particular, quando dizem o nome do paciente, ninguém quer receber. Não temos mais o que fazer, minha mãe já foi na clínica de novo e só dizem que não tem vaga,  quando é para meu irmão nunca tem vaga. Ela já foi duas vezes na promotoria, mas não tinha ninguém. A gente não sabe mais a quem recorrer vai findar ele fazendo alguma coisa com alguém, ou alguém matando ele. Estou tentando encontrar uma clínica de reabilitação, a gente queria segurar ele na clínica daqui só enquanto a gente encontra uma vaga em alguma outra clínica”, apelou a irmã.

O OUTRO LADO

A reportagem do Farol entrou em contato com Dra. Socorro Lucena, diretora da clínica psiquiátrica, ela explicou como funciona os protocolos de internação e nos encaminhou para Inalda Nogueira e a assistência social para verificarem a ficha do paciente e passarem mais detalhes. Ao FAROL, Inalda explicou que o paciente, Paulo de Melo Silva, recebeu alta em abril de 2019, deu entrada em 29 de março de 2019 com internamento compulsório, sob  ordem judicial e com 30 dias recebeu alta, desde então a família não procurou mais o hospital.

”Temos vagas, mas nesse período de pandemia estamos com novos procedimentos de internação porque não podemos colocar em risco nossos 130 pacientes. A pessoa precisa vir com um encaminhamento, com teste de covid-19, vai passar por uma triagem, faz o teste de covid novamente e se aprovado na triagem é admitido. Isso não é um procedimento apenas para Paulo, mas para todos os pacientes”, explicou Inalda.