Publicado às 21h20 desta terça (12)

O Farol ouviu na tarde desta terça-feira (12) amigas e familiares da professora Benona Nunes de Oliveira, que nos deu adeus aos 102 anos no dia de hoje. Ela faleceu em sua residência, no Centro de Serra Talhada, na Travessa Sebastião Inácio de Oliveira, onde seu corpo está velado desde às 14 horas.

O sepultamento acontece nesta quarta-feira (12), às 8h. Antes, às 7h, haverá uma homenagem de corpo presente na Matriz de Nossa Senhora do Rosário, e em seguida, o cortejo seguirá para o cemitério local. Dona Benona faleceu de causas naturais, tranquila e serena dormindo em sua cama.

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DEPOIMENTOS

O Farol conversou com Mônica Lorena, 65 anos, sobrinha da professora Benona. Ela é filha de Maria do Socorro Lorena, a irmã mais nova dela.

“A minha vida inteira é de memórias marcantes com ela, nós nos criamos em casas vizinhas e ela sempre foi a nossa segunda mãe. Ela era a protetora, a professora, na minha casa éramos cinco irmãs e ela nos alfabetizou na casa dela. Íamos para a escola alfabetizadas, morávamos aqui na Cornélio Soares, essa casa que foi onde ela nasceu, minha mãe nasceu, sempre foi a casa que nos acolheu. Sempre estávamos aqui, se minha mãe viajava era uma delas que ficava cuidando da gente. Então, ela não era só uma tia. Após a velhice, quando ela passou a precisar de ajuda, os sobrinhos todos dela já são velhos. É uma família de 20 filhos, minha vó criou 16 e ela era a penúltima, eu era uma das sobrinhas mais novas e me senti na obrigação de cuidar dela, sempre no apoio dos outros sobrinhos, eu estava aqui com ela todo dia. Até na hora da morte”.

Salete Pereira Simões, 70 anos, professora aposentada e amiga de Dona Benona.

“Na educação ela foi uma pioneira, não só na casa dela alfabetizando os sobrinhos, mas dentro da escola ela foi uma das primeiras professoras de alfabetização aqui, e principalmente de adultos. Ela trabalhou muitos anos na escola onde hoje é o prédio do Banco do Nordeste, ali era uma escola primária municipal chamada Cornélio Soares e dali partiu para o colégio lá em cima, Benona era a diretora dessa escola municipal. Convivi com ela como professora e como comunidade religiosa, nós participávamos da mesma paróquia de Nossa Senhora do Rosário. Ela era bastante alegre, tinha um conhecimento geral estupendo, gostava de ler e tinha uma memória privilegiada. Contava a história de Serra Talhada e das pessoas da cidade, tinha um conhecimento social muito grande. Aqui antigamente tinha uma difusora que às seis horas fazia um programa e o rapaz fazia as orações e ela escrevia para ele ler, e ela copiou essas orações e me deu de presente, porque eu achava muito bonito. Eu acho que ela é a última da geração dela de professores do Cornélio Soares”.

Terezinha Inácio, 80 anos, professora aposentada, sobrinha de Dona Benona.

“O sonho dela era ser freira, mas não deixaram, disseram que ela era muito ativa para ajudar com os irmãos. E ela disse, ‘mas meu Deus, por quê? Será que eu vou ter que enterrar minha família todinha’. Ela enterrou todos eles, era uma casa com 20 irmãos. Eu tenho lembrança dela de sempre, porque eu vinha aqui todos os dias quando ela estava aqui com as cuidadoras e vinha toda noite rezar com ela, gostava muito que a gente cantasse os hinos da igreja. Ela ficava muito feliz e eu ficava com ela aqui até umas nove horas da noite. Tinham muitos professores, e os que não ingressavam na educação ela empurrava para ser, mesmo que ainda estivesse estudando ela botava para trabalhar, eu tenho muito que agradecer a ela. Era uma mulher muito religiosa e essa religiosidade dela veio da mãe dela, não morria uma pessoa da família sem que ela não jogasse água benta e rezasse o ofício.”