Imagens acervo pessoal

Publicado às 05h14 deste domingo (11)

A série “Rosa, cor de luta” traz a história de Fátima Conserva, 50 anos. Mulher forte, independente e cheia de garra, que ajudou a mãe e a irmã na luta contra o câncer e há dois anos iniciou sua própria batalha. Em 2018 Fátima descobriu o nódulo em exames de rotina e o diagnóstico precoce foi essencial para a sua cura. Ela contou a equipe do Faroll como foi a descoberta e de onde tirou força para criar o Projeto Luz, no qual ela faz doações de turbantes para todas as mulheres e meninas que estão precisando.

Fátima sempre enfatiza a importância dos exames de rotina, pois foi o seu cuidado que a salvou. Como a mãe, a irmã e a prima dela já tinham tido câncer de mama, ela decidiu que todos os anos iria fazer todos os exames de rotina. Em 2017 como de costume fez os exames e não acusou nada, em 2018 veio a notícia que ela mais temia. Mas com o diagnóstico precoce, hoje conta sua vitória. Ela nos fala como foi essa descoberta.

“Fazia exames de rotina anualmente e sempre fazia o toque, mas nunca senti nada. Foi com um exame que se descobriu o nódulo bem pequeno e que ficava em uma localização bem escondida, já próximo da costela. Não era palpável, por isso sempre falo que o toque é importante, mas o essencial é ir ao médico periodicamente e fazer os exames de rotina. Quando o médico falou que era um nódulo sugerido a biopsia, dentro de mim eu já tinha uma certeza que ia ser câncer, eu chorei um pouco nesse dia, mas não entrei em pânico, continuei trabalhando e só comuniquei aos meus filhos e ao meu marido.”

A certeza foi um baque para Fátima, apesar dela já sentir que o exame ia dar câncer, só que seu marido, Francisco Arruda (Nena Pão), foi peça fundamental para lhe dar força naquele momento. Ela fala emocionada do momento em que ele leu o laudo e ela conseguiu ver apenas a parte que falava o tipo de câncer.

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“Eu estava só com Nena no laboratório, quando a moça nos entregou o laudo, Nena pegou primeiro e abriu, eu fiquei observando ele ler e quando coloquei o olho no exame foi mesmo na frase “carcinoma ductal invasivo”, aí eu disse “Nena, é câncer, eu estou com câncer!” e comecei a chorar, pensando nos meus filhos e principalmente nos meus pais, que já tinham enterrado dois filhos e eu podia ser a terceira, não é a lei natural os pais enterrarem os filhos, não queria mais essa dor para eles.  Naquele momento não veio o medo do tratamento, não veio medo de desprezo do meu marido, não veio medo da queda de cabelo, eu só conseguia pensar nos meus pais e nos meus filhos.”

Fátima ainda relata a importância de seu marido no tratamento, desde a hora do recebimento do laudo, até o final do tratamento. Alguns homens abandonam suas mulheres nesse momento de dor, ela relatou que chorava pensando que ela tinha ele como apoio, mas sabia que muitas mulheres que passam por esse tratamento, não tinham.

“Quando comecei a chorar com o resultado do laudo, Nena me abraçou e falou “não se aperrei não, que isso eu vou resolver para você”, foi uma frase simples e simbólica, mas foi de uma força, que eu não sei explicar, é como se ele fosse um super herói naquele momento. Enxuguei minhas lágrimas e consegui ir para casa e dar a notícia para meus amigos e familiares. Ele foi meu porto seguro o tempo todo, não trabalhava nos dias que eu tomava quimioterapia, era o tempo todo comigo, se eu passasse 10 dias em casa, ele ficava comigo.”

Ela não parou nenhum minuto, o seu artesanato a motivava todos os dias. Quando fazia a quimioterapia, ficava em casa, mas não parava, ficava no seu ateliê produzindo. E sempre que se sentia melhor, ia para sua loja para atender, com todos os cuidados possíveis.

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“Eu achava que seu eu ficasse em casa, com todos aqueles sintomas que eu sentia, durante a quimioterapia, eu ia ficar mais doente ainda. Meu artesanato me dava paz e de suma importância para minha cura.”

Fátima ainda fala dos medos que foram surgindo durante o tratamento e de como hoje ela se vê vitoriosa na sua jornada. O tratamento foi difícil, mas foi essencial e ela continua a mesma mulher independente e corajosa que sempre foi.

“Eu sempre digo a todo mundo o quanto é difícil, dói o corpo, dói a mente, mas passa. Eu tinha muito medo de me tornar uma pessoa diferente em todos os aspectos, depois do tratamento. Tive medo de meu marido achar estranho as cicatrizes na mama. Tinha medo de não dar conta de tudo que eu fazia antes. Tinha medo de perder o movimento do braço. E hoje eu consigo olhar para trás e ver que eu sou exatamente como eu era antes, faço as mesmas coisas, não tive problemas com meu marido e nunca deixei de fazer meu artesanato.”

MASTECTOMIA E QUEDA DE CABELOS

Fátima Conserva conseguiu fazer a mastectomia completa das duas mamas e a reconstrução no mesmo dia da cirurgia para retirada do nódulo. A queda dos cabelos foi algo muito difícil para ela. Abalou sua autoestima, a deixando muito triste todas as vezes que varria o chão e via muito cabelo, vaidosa, não gostava do que via no espelho e tinha medo de não se reconhecer fisicamente.

“Eu tinha uma peruca que eu ganhei, colocava a peruca e ficava me perguntando se eu ainda ia ser bonita como eu era, porque eu me achava bonita e ficava comparando com fotos que eu tinha antes do tratamento, ai eu falava “ah só estou diferente, porque emagreci um pouco, mas depois volto ao normal.”

Não se adaptou a peruca e nem aos lenços, ficava muito agoniada com a falta de cabelo, foi então que achou uma loja on-line que vendia turbantes e resolveu comprar um para testar. A sensação que ela sentiu ao se olhar no espelho de turbante, foi tão mágica que ela se sentiu renovada e mais do que isso, ela sentiu a necessidade de tornar mágica a vida de outras mulheres também e foi quando nasceu o Projeto Luz.

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“Dói muito ver o cabelo cair, creio que seja com todo mundo, é como se parte de mim estivesse indo embora. Eu me sentia feia, eu não me adaptava com a peruca e nem com os lenços. Quando eu coloquei o turbante eu me senti bonita, eu restaurei a minha autoestima, foi um sentimento tão bom e inexplicável que senti o desejo de proporcionar o mesmo para outras mulheres. Foi quando nasceu o Projeto Luz, que pra muitas pessoas pode parecer uma besteira, uma malhinha que qualquer um pode fazer, mas para mim tem um significado. Trouxe Luz para minha vida. Eu sinto prazer em fazer as doações, hoje já foram quase 500 turbantes doados e fico muito feliz quando recebo fotos de mulheres e meninas rindo, usando o turbante.”

PROJETO LUZ

O Projeto Luz faz a doação de forma totalmente gratuita e faz parceria com o projeto Amparo Amigo, no qual Fátima também faz parte. Ambos os projetos visam ajudar pessoas que estão passando pelo tratamento de câncer, com a doação dos turbantes e também ajuda financeira para quem faz o tratamento em outras cidades. Você pode ajudar os dois projetos com doação de malha para a fabricação dos turbantes ou com doações de alimentos, roupas e dinheiro para o Amparo Amigo.

Para conhecer esses dois lindos projetos, siga os perfis de Instagram a seguir:

@luz_projeto

@amparoamigo