Publicado às 05h32 desta quarta-feira (10)

Após 5 anos, a família ainda luta por justiça após assassinato de um serra-talhadense em 2016. Wallas Nogueira Figueirêdo, natural de Irecê, na Bahia, procurou o Farol de Notícias clamando por justiça pelo pai, Cícero Nogueira da Silva, vítima de um assassinato brutal, uma vez que os responsáveis pelo homicídio estão em liberdade.

”Faltando 2 dias pra eu terminar minha faculdade, pessoas ruins invadiram nossa casa, tentaram contra a vida de minha mãe, e a minha, com vários tiros de revólveres. Graças a Deus minha mãe ficou ilesa, mas eu fui atingido por dois tiros, um no braço direito, o outro quebrou meu braço esquerdo. Meu pai, mesmo estando armado, não conseguiu conter os assassinos, eles interromperam a vida dele. Destruíram a felicidade da minha família”, disse Wallas relembrando o terrível pesadelo ocorrido em Irecê.

”Eu fui acompanhar o funeral do meu pai. É algo que não tem como descrever, não tenho palavras para explicar. Faziam 24 horas da primeira cirurgia, passei por duas, que deixou em mim uma cicatriz horrível, com seis parafusos, duas placas de titânio e um projétil que não pode ser retirado. Eu via o meu pai dentro daquela igreja e toda a multidão ao redor, mas continuava vivendo os horrores daquela noite.”

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Ainda no leito de hospital, a polícia iniciou as investigações, mostrando fotografias ao filho da vítima e ele reconheceu um dos suspeitos. Duas pessoas foram presas, porém passaram apenas cerca de 6 meses reclusos.

De acordo com Wallas Nogueira, a princípio, as investigações apontavam para latrocínio, no entanto, no decorrer da apuração, foi constatado que se tratava de crime de mando, causado por inveja da forma de vida simples e justa que Cícero Nogueira vivia, sempre fazendo uso da verdade, fato que muito incomodava chegando a ocorrer tal tragédia.

QUEM FOI CÍCERO NOGUEIRA

Cícero Nogueira da Silva é filho de Serra Talhada, nascido em 1953, porém deixou sua terra natal aos 3 anos de idade na companhia dos pais Expedito Nogueira da Silva e Ana Maria de Lima e 6 irmãos, com destino a Irecê-BA e não retornaram mais à Capital do Xaxado.

Se criou em Irecê, formou família casando-se com Maria de Figueirêdo Nogueira em 1977 e teve 6 filhos: Wallas Figueirêdo, Raab de Figueirêdo, Rute de Figueirêdo, Verônica de Figueiredo, Priscila Figueirêdo e Débora de Figueiredo. Cícero começou a vida de forma humilde como todos os Nordestino daquela época recém-casados, trabalharam muito para adquirir a primeira casa.

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Começou trabalhar com um padre italiano por nome de Pedro, construíram uma linda amizade e, com o tempo, se tornaram mais do que bons amigos, se tornaram pai e filho. Por motivos políticos, o padre foi expulso de Irecê e foi morar em Utinga na Chapada Diamantina. Depois de certo tempo, o padre retornou para a Itália, mas, a amizade permaneceu e o Pe. Pedro chamou o amigo para ir morar na Itália com nossa família.

”O Padre arrumou um trabalho de ajudante de pedreiro para meu pai, depois ele se tornou pedreiro, e por fim auxiliar administrativo das construções das igrejas, trabalhando com o Padre por muitos anos. Durante esta caminhada com os padres italianos, meu pai construiu uma relação de amor pela igreja, tornando-se, assim como meu avô, ministro. Depois retornou a Bahia”, relatou, acrescentando:

”Foram 7 anos como Ministro na Catedral Bom Pastor, depois ficou como Ministro na Igreja São José Operário que era considerada um capela, trabalhou na construção desta igreja também! Ela foi o marco do Bairro São José, onde morávamos. Meu pai construiu também uma história de amizades nesta cidade de Irecê. A sua relação com a Igreja, o seu caráter diante de suas responsabilidades. A sua dedicação e amor em ajudar o próximo o fez ser uma pessoa realizada. Meu pai não era perfeito, mas era um homem repleto de virtudes. Meu pai amava viver”, reforçou o filho.

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Além de clamarem por justiça,  Wallas afirmou que decidiu divulgar o drama que a família vive porque, como o pai e os avós são serra-talhadenses, acredita que os conterrâneos deveriam saber desta injustiça que aconteceu com um dos filhos desta terra a qual se referiu como ”tão ilustre e digna de honra” que Cícero sentia orgulho de ser filho. Cícero se prepara para viver em Serra Talhada.