O planeta se prepara para celebrar a semana e o Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho), mas falta à Capital do Xaxado razões para se comemorar. Isso, por que não há qualquer política pública de apoio e proteção à ecologia no município e muito menos projeto inovador.

Para se ter uma ideia, o trabalho realizado pela Secretaria de Agricultura, Meio Ambiente e Recursos Hídricos no município, limita-se à existência de um simples banco de sementes e mudas, com pouca mobilidade na distribuição. A situação piora após a constatação de que existe um conselho ambiental em Serra Talhada que não se reúne há muito tempo.

O quadro se torna mais crítico quando acabamos de conquistar um título nada simpático: a terra de Agamenon Magalhães é uma das quatro cidades campeãs em desmatamento em Pernambuco, segundo a Secretaria Estadual do Meio ambiente e Sustentabilidade. Neste rol, segue a co-irmã, São José do Belmonte. De acordo com o órgão do governo, ao longo dos anos, 52% da nossa caatinga foi devastada. Boa parte do crime é cometido, diariamente, por pequenos e grandes proprietários que derrubam árvores nativas para alimentar fornos de grandes siderúrgicas do sul e sudeste do Brasil.

Quanto ao desmatamento na Capital do Xaxado “esse assunto compete a Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH)”, disse o secretário que responde pela pasta ambiental em Serra Talhada, Rafael Oliveira, passando a “bola” para o Governo do Estado. 

A terra do cangaço poderia dar exemplos inovadores, mas, em se tratando de meio ambiente, a questão transpira inércia. Em 2007, a Câmara Municipal promulgou a Lei 1201, a chamada Lei da Cidade Verde, de autoria do ex-vereador Barbosa Neto. Em resumo, a lei determina que todos os pais de crianças récem-nascidas no município terão direito a receber uma muda de planta fornecida pela prefeitura. O intuito, segundo do ex-parlamentar, seria que as famílias pudessem alimentar a evolução de uma criança ao passo que vê crescendo, com ela, uma árvore. Desse modo, a cidade entraria, aos poucos, num processo natural de arborização.

No entanto, passaram-se quatro anos após a aprovação da norma, e nenhuma espécie de muda foi distribuída à população. “Na realidade, fizemos contato com os hospitais, por telefone, mas nenhum deles se interessou por esse projeto”, lamentou Rafael Oliveira, atestando a falta de ousadia e dinamismo na pasta. Para completar, até mesmo a disciplina sobre meio ambiente, que era obrigatória no calendário escolar do município, no ano passado, passou a ser matéria decorativa no calendário escolar. “O tema agora passou a ser transversal”, revelou a professora Sinhá Pereira.
 
Desse modo, Serra Talhada segue sem condições para executar, crê-se, um simples programa de coleta seletiva do lixo no município, uma vez que não há projetos e nem planejamento relacionados à proteção da natureza. Por enquanto, na Semana Mundial do Meio Ambiente só nos resta enxergar um horizonte cinzento e um cenário de incertezas quanto a esta questão.

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