Fotos: Farol de Notícias/Max Rodrigues

Publicado às 05h08 deste sábado (21)

Na série “Memórias da Festa de Setembro” não podia faltar o depoimento da serra-talhadense Maria das Graças de Moraes, mais conhecida como Gracinha da Igreja, 61 anos. Gracinha da Igreja trabalhou por quase 18 anos na paróquia de Nossa Senhora da Penha, era o braço direito de Padre Jesus e só tem boas recordações da festa mais tradicional de Serra Talhada. A devota fiel de Nossa Senhora da Penha relata que as celebrações eram mais bonitas. Gracinha lamenta a falta que Padre Jesus faz, mas afirma que Padre Josenildo também não deixa a desejar.

“Era tudo muito diferente de hoje, as festas de Nossa Senhora da Penha eram muito mais bonitas que agora em termo de comemorações, tinha a banda Filarmônica, tinham os dobrados musicais que tocava na igreja às 6h, às 12h, às 18h, Dona Carminha fazia a matina, os cantos antigos eram mais bonitos, tinha mais sentido, o Padre Jesus muito católico, muito devoto de Nossa Senhora da Penha, deixou muita saudade”, relatou Graça acrescentando:

“Não que o padre de agora não faça uma festa bonita, a igreja é sempre muito arrumada, muito organizada, não deixa nada a desejar, saudade temos de algumas coisas do passado que era muito diferente. Antigamente as barracas eram de palha de coqueiro ou de lona, cada barraca tinha um som e era uma disputa no som, cada barraca tinha um nome, hoje fica mais organizado, cada época é diferente”.

OS PÉS, MÃOS E OLHOS DE PADRE JESUS

Gracinha começou a trabalhar na igreja ainda menina em 1974, com apenas 14 anos já mostrou interesse em ter como ofício os cuidados com a paróquia de Nossa Senhora da Penha. Foram quase 18 anos de prestação de serviço, ela tira tudo como aprendizado. Quando Padre Jesus adoeceu pediu a ela para que não o abandonasse e assim fez até o último suspiro do espanhol que se tornara uma personalidade muito importante em Serra Talhada.

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“Trabalhei com Padre Jesus por 17 anos e 8 meses, comecei a trabalhar na igreja no dia 2 de fevereiro de 1974. Foi um período muito bom, me ensinou muita coisa, a fé em Deus e em Nossa Senhora, a devoção firme me fortaleceu muito para vencer os obstáculos da vida. Nossa Senhora da Penha é minha santa majoritária, ela é a padroeira e dona da cidade, no meu pensamento. Padre Jesus era muito apaixonado por Nossa Senhora da Penha, fazia uma festa muito bonita e em tudo ele foi importante, tanto na igreja, como na cidade, ele passou mais de 50 anos em Serra Talhada, ele chegou aqui em 1936, faleceu em 1991 e era considerado um serra-talhadense”, detalhou Gracinha acrescentando:

“Eu fiquei cuidando dele até a morte, quando ele adoeceu e começou a perder a visão, me abraçou e pediu para que eu não o abandonasse, não deixasse ele sozinho, várias vezes chegou a dizer que eu era os pés, as mãos e os olhos dele e eu prometei que não o abandonaria. Ainda tenho contato com um sobrinho dele por correspondência, ele é de Burgos na Espanha”.

A DESPEDIDA EMOCIONANTE

Durante a entrevista, Gracinha relatou o momento emocionante na cidade, a despedida ao Padre Jesus, que já se encontrava doente em 1990, ele fez versos de despedida para a santa e pediu para que todos acenassem com lencinhos. “O último ano que Padre Jesus fez a festa de Nossa Senhora da Penha foi o mais marcante para mim em 1990, foi uma despedida ele avisou que ia entregar a paróquia, que estava muito doente e não se sentia mais em condições de tocar o barco para frente. Ele fez até um canto para Nossa Senhora da Penha que dizia: ‘Adeus, adeus, adeus ó Virgem da Penha, adeus, adeus, adeus’, ele pediu para quem tivesse com lenço acenasse na hora do refrão, foi muito emocionante”, relatou.

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O APELIDO 

A serra-talhadense acha curioso a forma que a chamam, mas fica preocupada com as conotações e principalmente as interpretações. Muitos a chamam de Gracinha do Padre Jesus, o que deixa ela sem jeito, até porque ela era serva da igreja de Nossa Senhora da Penha e tinha muito respeito pela figura do padre, com isso prefere que a chamem ou pelo nome de Graça Moraes ou por Gracinha da Igreja.

“Muitos me conhecem como Gracinha da Igreja e outros me chamam de Gracinha do Padre Jesus, eu acho muito comprometedor, as pessoas interpretam de forma negativa. Quando comecei a dar assistência na igreja ainda era Padre Thiago, que era um padre bem velhinho. Maria Cordeiro, que era quem cuidava antes de mim, viu meu interesse e foi me ensinando, ela dizia que quando ela parasse eu ia ficar no lugar dela. Prefiro que me chamem de Graça Moraes, mas ninguém me conhece por este nome, então podem me chamar de Graça da Igreja”, ressaltou.

AS MELHORES PARTES DAS COMEMORAÇÕES

Para Graça, as melhores partes das comemorações são os momentos cristãos, as missas, novenas e principalmente a procissão. “O melhor são as missas, a procissão, as novenas cada uma mais linda que a outra, vem padres de fora, famílias vinham visitar, é uma festa muito bonita e tradicional e de grande importância, é como um grande encontro de famílias. A cidade fica mais bonita, o Padre Josenildo também é muito fervoroso, muito caridoso, é um padre que não deixa nada a desejar, ele é muito humano”, explicou.

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DEVOTA DE NOSSA SENHORA DA PENHA

Muito devota de Nossa Senhora da Penha, Gracinha da Igreja diz que a fé que tem na santa é o que a mantém bem. “A fé fortalece e a gente precisa ter muita fé nesse momento tão difícil, que não só o Brasil como o mundo inteiro, nós temos que rezar por nós, por nossa família, pelas famílias que estão sofrendo, temos que ser solidários com as dores dos irmãos e pedir muito a Nossa Senhora da Penha que essa doença se afaste. O Padre Josenildo até prometeu a ela que se finalizasse essa doença o mais rápido possível ela ia ganhar uma coroa nova”, ressaltou acrescentando um pedido singelo a Nossa Senhora da Penha:

“Peço que Nossa Senhora da Penha abençoe nossa cidade, o Brasil e o mundo inteiro, que ela interceda ao filho dela nosso Senhor Jesus Cristo para que essa pandemia chegue ao final, porque o mundo todo está sofrendo”.