Por Giovanni Sá Filho, jornalista e editor do Farol de Notícias

Publicado às 04h11 deste domingo (28)

Apesar da violenta polarização política que marcou a campanha presidencial deste ano, um lembrete importante para o vencedor, seja ele Jair Bolsonaro ou Fernando Haddad, é que o bem estar do país deve vencer a assunção de qualquer rinha ideológica, seja de esquerda ou de direita.

Estas visões, que traduzem o mundo de maneira adversa, devem se curvar ao que realmente o Brasil representa atualmente: um país fortemente miscigenado, multicultural e que precisa urgentemente de políticas que combatam a nossa histórica desigualdade social, racial e de gênero.

Um esclarecedor estudo reforça o nosso argumento. A última pesquisa Datafolha, divulgada nesse sábado (27), revela que somos um país de maioria feminina, de maioria não branca, onde a maioria não é a favor do porte de armas e onde a maioria recebe menos de três salários mínimos.

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Ou seja, para além de qualquer recorte ideológico, o próximo presidente, se for sábio o bastante, não deve perder de vista a clareira de discernimento político acesa nestes dados. São luzes que podem lhe ajudar a não perder-se no breu das pressões que exalam do submundo da política e do insaciável mercado financeiro.

Ir na contramão desta senda, é fechar os olhos para imperativos éticos que, se menosprezados, poderão levar a nossa democracia a um abismo sem precedentes. Um dado animador, ainda segundo a pesquisa Datafolha, é que 69% dizem que defendem a democracia acima de qualquer coisa.

Ou seja, a maioria se diz afeita a lutar por igualdade de oportunidades, cidadania e respeito ao próximo, valores básicos para a manutenção de um sistema que preza pela emancipação do seu povo.

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Passado o clima acalorado destas eleições, é preciso que o próximo presidente enxergue muito, mas muito além do que gritam suas próprias convicções ou partido.

Fechar os olhos para o que indica o Datafolha e outras pesquisas que virão é não querer compreender o que realmente representa o Brasil: um país diverso, dialético e mais complexo do que sonha a nossa vã ideologia.