Fotos do Farol de Notícias /Pablo 

Publicado às 05h30 desta quinta-feira (7)

O dia nacional do professor está chegando e com isso o Farol de Notícias buscou algumas personalidades marcantes na docência serra-talhadense. Para abrir as homenagens entrevistamos Maria Edwirgem de Lima Siqueira, que foi professora da Escola Cornélio Soares por 26 anos, formou muitos outros professores e tem orgulho de sua trajetória. Amante das letras, ela escreve poemas e crônicas e preparou uma especial para o Farol para o Ser professor, leia abaixo.

Quando Edwirgem passou um período só se dedicando aos estudos, pois já fazia 25 anos que o estado de Pernambuco não abria concursos, ela não queria apadrinhamento político e usou o tempo para se dedicar as teorias. Em 1986, no governo de Miguel Arraes foi aberto o concurso para professor e foi quando ela que sonhava em estar em sala de aula realizou, passou no concurso e em 1990 foi chamada para a Escola Cornélio Soares, onde cultivou memórias afetivas, amizades e muito suor, também foi lá onde se aposentou depois de 26 anos dedicado a sala de aula.

“Eu iniciei muito cedo na docência,na época não tinha concurso, comecei a trabalha em Fazenda Nova pelo município e peguei gosto pela profissão, eu trabalhava de primeira a quarta série, depois me dediquei a faculdade de Letras, me dediquei só aos estudos na época, mas fiquei sempre na expectativa de trabalhar em sala de aula. Quando foi em 1986 teve um concurso público no estado de Pernambuco, já tinha 25 anos sem ter concursos e eu queria o concurso pelo fato de não querer aquela coisa de apadrinhamento político, foi quando eu fiz e passei. Entrei no Cornélio Soares em 1990, escola que eu já tinha estudado, fui muito bem acolhida, comecei a trabalhar com educação física porque não tinha matérias, como eu fiz letras, não tinha carga horária, dava aula de artes também, tinha apenas 1 ou 2 turmas de português, fui acolhida por professor Gerson e professor Nestor. Depois foram surgindo vagas na minha área e comecei a dar mais aulas de português e literatura. Também fui gestora do Solidônio Leite,por mais um menos 1 ano e meio, foi um trabalho maravilhoso, que me ensinou e me enriqueceu como educadora”, a docente relatou acrescentando:

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“Nos anos 2000, se não me engano começou o curso Normal Médio, que fazia muito tempo que não existia mais, era o antigo Magistério, quando voltou com uma nova roupagem, foi quando eu me encontrei muito mais, trabalhei no Normal por uns e 12 anos foi um período de aprendizagem, é aquela questão de ensinar e aprender,uma troca de experiência e de vivência muito grande e a satisfação de poder estar formando esses alunos, era turmas mistas o que era maravilhoso, pois tinham as diferenças se encontrando. Tive uma oportunidade grande de fazer uma viagem de volta, por passar o que eu sabia, o que eu aprendi e também aprender com eles,a diversidade,as dificuldades de cada um, o mundo de cada aluno e ver cada um crescer, dentro da profissão, o que mais me enriqueceu nessa época, é que não trabalhei só língua portuguesa, passei por várias disciplinas, filosofia, sociologia, projetos e programas, deixei de ser só a professora de português e de literatura e passei a ser a professora várias disciplinas e ao mesmo tempo eu absorvi todo esse conhecimento, foi um divisor de águas na minha vida”.

O AMOR POR LITERATURA QUE SE PERPETUA 

Edwirgem ama encontrar os alunos e ter o acolhimento, as boas lembranças de suas aulas, para ela é uma satisfação enorme saber que um ex-aluno gosta da Literatura por incentivo seu. Outro fato que lhe deixa encantada é quando ao chegar nas universidades seus alunos e alunas serem destaques e serem conhecido por alunos dela, é algo que a deixa emocionada.

“Lembrar de uma história específica eu não lembro, mas às vezes eu encontro algum aluno e me diz “minha professora de literatura, hoje gosto ler por conta da senhora”, e eu nem imaginava que tinha tocado aquele aluno dessa forma, muitas vezes você prepara uma aula e você acha que a aula está maravilhosa e não surte efeito nenhum, e às vezes você vai de uma forma tão simples e você consegue chegar no aluno, motivando, provocando. É muito gratificante ter esses alunos que gostam de literatura, de poesia por conta de mim, eu fico completamente encantada”, Edwirgem ressaltou complementando:

“Quando o Normal Médio acabou ficou um vazio em mim, assim como quando me aposentei há 5 anos, até hoje quando perguntam o que faço, eu digo que sou professora, porque é algo meu, um dom que vou levar para sempre. A profissão mexe muito com o emocional, agente acaba absorvendo tudo, os fracassos, as dores, mas também as alegrias, as conquistas. Satisfação também é quando as meninas vão para a UAST, quando chegavam lá se destacavam sempre e perguntavam logo se eram alunas do Cornélio, e falavam que alunas de lá vinham preparadas. Eu fazia 3 ou 4 projetos por ano, vivenciei também o desenvolvimento pela questão do estágio, sabia muito quem tinha o jeito para sala de aula. Para mim é de enorme satisfação ver os alunos professores  maravilhosos, algumas são professoras do estado, outras do município”.

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SUA VISÃO DA DOCÊNCIA NA PANDEMIA 

Edwirgem deixa uma mensagem para todos os docentes que estão passando por adaptações nesse período pandêmico. “Eu sei o quanto este momento foi difícil, tem que ter muito equilíbrio, muita sabedoria, pois todos foram obrigados a se reinventarem e o professor é desafiado o tempo todo assim, mas é preciso saber lidar para que se conquiste a realização profissional, é procurar fazer uma ponte da sua essência para a educação”, afirmou.

A SUA REALIZAÇÃO

Foram 26 anos de muita dedicação e aprendizado, e a professora não faria nada diferente, pois sabe que trilhou caminho certo, respeitou o seu dom e sempre deu o seu melhor para a escola e os alunos. “Eu acho que até poderia ter feito mais, mas me sinto realizada, perfeita ninguém é nunca, meus afetos, meu alunos, os amigos maravilhosos que ainda hoje eu tenho, tenho também os desafetos aos longos dos anos, porém foram muito mais coisas boas do que coisas que eu me arrependesse, me sinto completa e faria tudo novamente outra vez e continuo respirando esse universo da escola e acho que vou morrer respirando isso,me pego às vezes em sala de aula”, salientou.

CRÔNICA COM AUTORIA DE EDWIRGEM: SER PROFESSOR

“Não é no silêncio que os homens
se fazem, mas na palavra, no trabalho, na auto-reflexão.”

Tomo como referência, as palavras do Educador e Pedagogo, Paulo Freire, que sempre primou por uma Educação abrangente e inclusiva , que tem como prioridade, inserir os indivíduos no contexto social, tornando- o livres e pensantes, conscientes dos seus direitos e deveres, bem como, capazes de escrever a sua própria história. E que entende a Escola, como o espaço gigante de interações, onde todos desempenham papel fundamental, na busca incessante, dos saberes e no compartilhamento de experiências, vividas e sonhadas.

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É a Profissão mais complexa , desafiadora e encantadora que existe…o professor não nasce pronto, o seu crescimento é construído ao longo da sua trajetória, juntamente com seus alunos, companheiros de jornada e toda comunidade escolar.

A sala de aula é um verdadeiro palco, e quando abrem – se as cortinas, as luzes acendem- se , entra em ação, o verdadeiro artista, disposto a lidar com tantas diversidades e adversidades. O planejamento é indispensável, é o roteiro que norteia o contracenar, nem sempre seguido à risca, pois muitas vezes, o improviso se faz necessário, é como se preciso fosse, pegar um atalho, enveredar por outros caminhos e chegar ao destino, com o almejado sucesso.

O fazer pedagógico não é o “estar”, é o ” ser”, de forma total, (Professor(a) , que reiventa- se ao longo desse caminho , transpondo barreiras , muitas vezes, imensas e cruéis… mas vitais na construção de novos olhares, novos patamares , do reconhecer-se , do enebriar-se do seu tão belo e ímpar dom e de suas facetas…

A sua plena realização é a reciprocidade, de olhares, de (des) encontros e encantos , de aprendizagens e afetos, de merecidos sorrisos , de tatuagens impressas na alma , de lembranças fixas ,na parede da memória… de Saudades eternas… gravadas …dentro do coração!
Serei para sempre, professora! Esse universo ainda me pertence, dediquei metade da minha existência, ao exercício constante, do ensinar- aprender e tenho certeza de que nada foi em vão, apesar de alguns desencantos e desencontros, o saldo é positivo.

Assim, permito- me usufruir, de todos os sentimentos que vivi, que continuam impregnados em mim, como as lembranças que me acompanham, das emoções que brotaram em cada gesto, dos aplausos no final de cada ato, do riso ou choro fácil e depois de tantos ensaios, acredito ter sido, mero figurante, coadjuvante e protagonista de um grande espetáculo.