Aproximadamente dez mães lotaram a sede do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) na manhã desta sexta-feira (19) em Serra Talhada para denunciar a falta de atendimento no Hospital Regional Agamenon Magalhães (Hospam). Elas procuraram a promotoria para denunciar que os filhos não haviam sido atendidos devido a falta de pediatras no centro médico e acionaram também o Conselho Tutelar, que acompanhou todo o drama vivido pelas mães em busca de cuidados urgentes as crianças. Todas elas são de origem humilde, oriundas da zona rural de Serra Talhada e de municípios circunvizinhos.

Na luta pelo direito de serem atendidas pelo serviço público, tiveram de enfrentar dois algozes: a burocracia e a ineficiência. Em conversa com a promotoria, os conselheiros tutelares Iara Nunes, Márcia Queiroz e Antônio Alves foram aconselhados pelo MPPE a assinarem um ofício para ser enviado à direção do Hospam solicitando o atendimento urgente das crianças.

Boa parte delas exibiam quadros de febre e vômito; outras, estranhas manchas na pele e infecção nos olhos e estômago. “Fomos orientados para que depois de levarmos o ofício até a direção hospital, levássemos outro ofício comunicando o caso ao MPPE, de novo”, relatou a conselheira Iara Nunes.

DESCASO

“Eu cheguei no Hospam de noite com o meu filho passando mal, não tenho dinheiro para procurar uma clínica particular e disseram que não tinham pediatra na hora em que cheguei. Aí voltei no outro dia de manhã e o pessoal sequer chegou a abrir uma ficha para mim e meu filho, que está há oito dias com febre”, reclamou Maria da Paz Queiroz. Segundo outra mãe indignada, Maria da Penha Quirino, todas que procuraram a emergência pediátrica do Hospam nesta sexta-feira foram informadas pelo vigia local que não receberiam atendimento por conta da falta de pediatra para atender novos casos.

“Nos disseram que o pediatra só iria cuidar das crianças que já estavam internas”, comentou a conselheira tutelar Iara Nunes. Diante da negativa, e com o ofício em mãos, ela voltou ao Hospam com todas as mães para exigir atendimento. “Lá, algumas crianças foram atendidas por um clínico geral e outras, que precisavam de cuidados específicos, tiveram que ser levadas ao Nasf (Núcleo de Assistência em Saúde da Família)”, relatou o conselheiro tutelar, Antônio Alves. Segundo ele, a direção do hospital alegou que as mães deveriam levar as crianças para a rede básica de saúde.

BUROCRACIA x URGÊNCIA

Após a difícil peregrinação em busca de atendimento, o Conselho Tutelar de Serra Talhada enviou, na tarde desta sexta-feira, o ofício solicitado até o MPPE. O órgão, munido do documento, garantiu aos conselheiros e às mães cobrar do Estado uma solução urgente para o problema que afeta o hospital há décadas. “Espero que isso um dia acabe. Cheguei às 6h com a minha menina (no Hospam). Chegaram até a fazer a minha ficha mas, de repente, mandaram o vigia avisar que não tinha médico, como é que pode?”, questionou Elânia dos Santos Gomes, segurando nos braços o seu bebê de 7 meses.

 O OUTRO LADO

Em conversa com o FAROL, o conselheiro tutelar Antônio Silva relatou que a direção do hospital anunciou que o Hospam só iria dispor de médico pediatra no próximo dia 22, segunda-feira. E que, até lá, as mães deveriam procurar postos de saúde para serem atendidas.