Publicado às 04h40 desta quinta-feira (4)

Uma mãe procurou o Farol esta semana para denunciar omissão de socorro por parte do Hospital Agamenom Magalhães (Hospam), que teria ocorrido na segunda-feira (1º) em Serra Talhada. Segundo a autônoma Aylane Gomes, 24 anos, o Hospital se negou a atender sua filha Laís Gomes, de apenas 2 anos de idade e autista por estar com sintomas gripais.

No relato da mãe, ela detalha o drama que viveu e afirma que procurou a unidade hospital duas vezes e lhe negaram atendimento nas duas oportunidades, encaminhando a criança para os leitos de retaguarda, que funcionam no antigo Pronto Socorro São José, no Centro. Porém, a mãe não achou seguro submeter a filha ao contato com pacientes de covid, uma vez que não estava infectada.

LEIA RELATO DRAMÁTICO DE AYLANE GOMES

”Minha filha gripou e eu comecei medicar em casa, só que ela não estava aceitando e começou vomitar, tudo que dava ela colocava para fora, até água e isso começou me preocupar. Procurei o posto de saúde e fui bem atendida. A médica tentou medicar via oral, mas como ela não estava aceitando, em último caso, teria que levar para o Hospam para receber a medicação na veia. Ela me deu o encaminhamento com uma cartinha explicando a situação da minha filha.

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Chegando no Hospam, fui para a pediatria, fiz a ficha e fui atendida por uma moça, como na cartinha vinha explicando, eu não cheguei nem a passar pela médica que estava de plantão. Lá, na triagem mesmo, disseram que ela tinha que ir para o centro que está sendo atendida as pessoas com covid, o antigo Pronto Socorro. Qualquer mãe se resguardaria ao máximo para não levar uma criança autista de 2 anos para um lugar que está cheio de pessoas com covid e foi isso que ocorreu. Eu não achei viável levar minha filha para uma lugar cheio de pessoas contaminadas.

Eu expliquei que minha filha não estava com covid, estava com tosse cheia, mesmo assim ela não aceitou. Voltei pra casa e comecei ligar para hospitais particulares, mas nenhum aceitava uma pessoa com sintomas gripais. Vi que minha filha estava piorando e ela não estava se alimentando nem com água. Voltei para o Hospam, chegando lá, fiz uma nova ficha e fui atendida por uma enfermeira, a mesma que me encaminhou para os leitos de retaguarda e ela disse que não ia atender minha filha de jeito nenhum.

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Perguntei: e é para minha filha morrer em casa? E ela disse: ‘qualquer um pode morrer em casa.’ Começou me tratar com grosserias e eu comecei filmar o acontecido. Ela e a outra enfermeira correram para dentro da unidade para se esconderem. Eu me retirei e fui para a delegacia, achando eu que lá eu teria algum amparo, sendo que não fui amparada em nenhum momento, fizeram pouco caso, em nenhum momento demonstraram empatia. Simplesmente ligaram para o hospital e o hospital informou a mesma coisa que disseram a mim. Que a culpa era minha que não procurei a retaguarda enquanto estava funcionando.

No outro dia, mesmo com medo, assustados, a gente teve que levar nossa filha para a retaguarda e fomos atendidos, o médico já de cara falou que lá não era o ambiente para minha filha, primeiramente lá não tinha os medicamentos ideais, mas atenderam ela muito bem. As duas enfermeiras aplicaram uma medicação na minha filha e eles ficaram revoltados dizendo porque isso não é a primeira vez que isso acontece.

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Disseram que no Hospam não pode chegar uma pessoa com uma dor de barriga que eles encaminham para a retaguarda, eles não querem atender mais ninguém. Ela está se recuperando, já recebeu alta, creio eu que ela só está viva porque os médicos da retaguarda se compadeceram e cuidaram dela porque se dependesse do Hospam minha filha estava morta. Eu queria deixar claro que o médico que salvou minha filha foi Dr. Gustavo Furtado e as enfermeiras de plantão na retaguarda. Foi feito o teste de covid na criança e  deu negativo, assim como o esperado.”

O OUTRO LADO

A reportagem fez contato, por várias vezes, com o diretor do Hospam, João Antônio, mas ele não retornou às ligações.

Vídeo gravado pela mãe Aylane e enviado ao Farol