Atualizado às 16h55 desta quinta-feira (4)

“Estou horrorizado, decepcionado com o atendimento daquele hospital. Horrorizado!”. Foi com esse estado de espírito, evidenciando tamanha indignação, que o técnico em enfermagem José Lira Filho, 65 anos, procurou a redação do FAROL DE NOTÍCIAS para denunciar mais um descaso dentro do Hospital Agamenon Magalhães (Hospam), de responsabilidade do Governo do Estado. Conforme José Lira Filho, que atuou por 34 anos no Hospital da Restauração (HR), em Recife, após ser tratada com medicamentos para dor durante quase uma semana, a sua esposa chegou no centro médico com crise de vesícula e necessitaria de cirurgia urgente.

Mas, segundo José Lira, o médico plantonista no momento que atendeu sua esposa, Fonseca Carvalho, apesar de reconhecer a gravidade da situação e a necessidade de cirurgia, alegou ser o caso um procedimento eletivo, ou seja, que permitiria que o paciente passasse pela operação em outro momento, após tratamento da crise. “Ele falou para irmos procurar a prefeitura”, disse o técnico em enfermagem.

JOSE LIRA FILHO, 65, PROCUROU A REDAÇÃO DO FAROL PARA DENUNCIAR O DESCASO NO HOSPAM

“Quando o pessoal ouviu ele (Dr. Fonseca) dizer que era caso de cirurgia, todos ficaram felizes, pois pensavam que da enfermaria a minha esposa iria direto para a sala de cirurgia do Hospam, mas não foi isso que aconteceu”, contou José Filho, indignado por ser obrigado a recorrer a um hospital particular. “Fomos obrigados a recorrer a uma clínica particular. Isso é um absurdo! O médico é um servidor do Estado e deveria ter feito a cirurgia”, desabafou José Lira Filho.

“Agora, se nós tivéssemos R$ 3 mil ali na hora para dar a ele, com certeza ele faria a operação. O caso da minha esposa era de urgência, não de cirurgia eletiva. Ela poderia morrer. Estava com dores tão fortes que a dor só cedeu em parte quando lhe passaram Dolantina, que é uma medicação entorpecente. Houve má vontade”.

O OUTRO LADO

O FAROL ouviu o médico Fonseca Carvalho, plantonista que atendeu a esposa do José Lira Filho. Ele garantiu que, no estado em que a paciente se encontrava, era um caso de cirurgia eletiva. E lamentou que existia apenas um cirurgião no Hospam no momento em que a paciente chegou, quando o Conselho Regional de Medicina (CRM) recomenda a existência de, no mínimo, dois médicos num plantão de 24 horas.