Do Diario de PE

Titulares da Comissão de Relações Exteriores do Senado, dois senadores de Pernambuco devem votar contra a indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a embaixada brasileira em Washington, capital dos Estados Unidos. Para os senadores Humberto Costa (PT) e Jarbas Vasconcelos (MDB), trata-se de uma indicação questionável.

Conforme a Constituição determina, indicados pelo presidente da República para cargos de embaixador ou embaixatriz devem ser sabatinados pelo Senado Federal. O colegiado responsável é a Comissão de Relações Exteriores. Jair Bolsonaro já recebeu o aval do governo estadunidense para a indicação de Eduardo ao cargo diplomático. O presidente Donald Trump já chegou a elogiar o deputado federal em entrevista no fim de julho. “Conheço o filho dele (Jair Bolsonaro), e eu considero que o filho dele é extraordinário, um jovem brilhante, incrível, estou muito feliz pela indicação”, disse o chefe do executivo dos Estados Unidos.

Enquanto isso, o líder brasileiro Jair Bolsonaro ainda não oficializou a indicação ao Senado porque, nos bastidores, o filho Eduardo faz périplo pelos corredores da Casa e conversa com parlamentares para justificar a sua indicação e convencer a maioria dos 19 integrantes da Comissão. Nos bastidores, sabe-se que a votação já tem 7 votos a favor e 7 contrários, configurando empate parcial. Ou seja, cinco senadores devem definir o destino de Eduardo, que terá de renunciar ao cargo de deputado para assumir o posto no exterior.

Entre os opositores à indicação, conforme revelou a colunista do Diario, Marisa Gibson, na edição da última quarta-feira (14), está o senador Jarbas Vasconcelos (MDB-PE), que, ao ser sondado pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), sobre como votaria, foi enfático ao responder: “voto contra porque sou contrário ao nepotismo. Sempre condenei esse tipo de prática a minha vida inteira e não iria mudar agora”. Jarbas é titular do colegiado desde o início da legislatura, em fevereiro, quando tomou posse na Casa Alta do Legislativo.

Indicado na última terça-feira (13) para a última vaga remanescente na Comissão de Relações Exteriores do Senado, Humberto Costa (PT-PE) fez ressalvas à indicação de Eduardo Bolsonaro à embaixada do Brasil nos Estados Unidos. “Esse é um cargo relevante e que precisa ser ocupado por alguém que não somente tenha formação em relações internacionais como alguém que seja da própria carreira diplomática e tenha conhecimento e preparo sobre a relação Brasil-EUA e acredito que esse tema de ser filho do presidente, embora não tenha algo na questão legal, mas, do ponto de vista ético, é questionável”, afirmou à reportagem.

Em vídeo no YouTube no dia 12 de julho, Eduardo Bolsonaro disse que tem formações acadêmicas adequadas para ocupar o cargo de embaixador. “Essa possibilidade existe não pelo fato de eu ser um mero filho do presidente Jair Bolsonaro. Sou formado em Direito pela UFRJ, advogado concursado, passei na prova da OAB, escrivão da Polícia Federal, uma pós-graduação em Economia”, disse. Entretanto, a última formação acadêmica citada por Eduardo, no Instituto Mises Brasil, que oferece a pós-graduação lato sensu “Escola Austríaca de Economia” ainda não foi concluída, conforme revelou a instituição ao jornal “O Globo”.