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Fotos: Farol de Notícias / Manu Silva

As mulheres serra-talhadenses são antes de tudo fortes e surpreendentes. Conquistam espaços que a sociedade diz que não são seus, mas mostram com muita propriedade que estão legitimadas a ser marceneira, mototaxista, delegada ou jornalista. Outro dia, em meio a amigas, encontramos uma eletricista, vaqueira, lutadora de jiu-jitsu que se diverte fazendo trilha de moto na zona rural. Essa sertaneja arretada é a Aline Carvalho, de 26 anos, moradora do bairro Cohab. A moça é prendada na arte de subir em postes e lidar com fios de alta tensão, ofício que aprendeu em São Paulo e na Capital do Xaxado foi que encontrou espaço na profissão.

O FAROL conversou com a jovem eletricista que é natural de Serra Talhada, morou por 15 anos pelas bandas do Sudeste onde estudou eletrotécnica. Fora o sotaque paulista, Aline permaneceu muito sertaneja. “Aos seis anos fui morar em Indaiatuba, no interior de São Paulo. Voltei para Serra aos 21 anos. Lá fiz o curso de eletrotécnica, no Senai, depois entrei no estágio de vendas de materiais elétricos e auxílio técnico. Quando vim para cá não tive mais oportunidade na área, trabalhei no comércio da minha família, ainda trabalhei como vendedora externa e depois vim para a GB Engenharia. Tem quase um mês que estou aqui em experiência”.

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Em busca do sonho de ser eletricista Aline chegou a fazer pequenas instalações e consertos elétricos na casa de amigos, só pelo gosto a profissão. Desde que eu chegou na cidade procurou trabalhar na área, mas não conseguiu. Até que um dia, uma amiga lhe deu a esperança. “Ela trabalha no administrativo da empresa e me falou da vaga, deixei meu currículo e fui chamada para um teste, fiz o treinamento e estou atuando na área de suspensão, religação e fornecimento de energia. Ou seja, no corte e religação de energia. Trabalho com meu parceiro, Thiago Diógenes, e é um trabalho em equipe”, relatou.

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ROMPENDO PRECONCEITOS

Mostrando que esportes e profissões não têm gênero, Aline se destaca também por praticar artes marciais, cavalgada e trilha de motocicletas. “Eu também já fiz jiu-jitsu, por influência do meu irmão que é maníaco e me chamou para praticar, fiquei fazendo mas tive que parar por causa do trabalho, mas pretendo voltar. Já cavalgada eu amo, adoro andar de cavalo. Quando voltei comprei um cavalo para ir para a Pedra do Reino e sempre participo de cavalgadas. Meu primeiro cavalo chamava Codorna e troquei em uma égua, a Dandara, mas ela morreu. Já com relação a trilha é mais uma brincadeira, vou às vezes por diversão”, disse.

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A família de Aline lhe é muito peculiar e apoia as peripécias da menina que também tem uma irmã gêmea, Alana Carvalho. “Ela é totalmente diferente de mim, nos gostos e nas coisas que faz”, afirmou. A mãe, Fátima Leite, é seu maior exemplo de mulher guerreira. “Minha mãe é tudo para mim, se eu quiser andar de cabeça para baixo ela me apoia”. Já o irmão André Felipe, segundo ela é a contradição curiosa. “Lá em casa é interessante, eu sou eletricista e André, fez gastronomia e ama cozinhar”. No fim, o relato marcante da entrevista mostra que é nos braços de uma família unida e consciente, que a jovem nutre a coragem para vencer barreiras.

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A jovem participou da 1ª Cavalgada Feminina de Serra Talhada – Foto: Farol de Notícias / Alejandro García

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Aline ao lado do seu irmão André Felipe, a mãe Fátima, o tio Cosmo e a irmã gêmea, Alana Carvalho – Fotos Reprodução / Facebook 

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