Publicado às 05h11 desta segunda-feira (4)

Por Jorge Apolônio, Policial Federal e integrante da Academia Serra-talhadense de Letras (ASL)

As cenas vergonhosas que Renan Calheiros e seus asseclas representaram no sábado, dia 01.02.19, durante a sessão da eleição para presidente do senado, rebaixaram ainda mais o conceito já rasteiro daquela casa de poder. O pior é que eles passam a impressão de que todos os senadores são iguais a eles, o que não é verdade, ainda bem.

Como se não bastassem os atos ridículos do sábado, tendo sido a sessão suspensa para continuar no domingo, neste dia cometeu-se um crime, isto mesmo, um crime de fraude na hora da votação. Num conjunto de 81 eleitores, apareceram 82 votos. Um “distinto e nobre” senador votou duas vezes. Era só o que faltava. A que nível ELES chegaram. Aguarda-se a investigação. Está tudo filmado. Os dois votos eram para quem? Acertou: RENAN.

Renan é do PMDB, partido que, em 34 anos da chamada redemocratização, presidiu o senado por 30. O PFL, hoje DEM, presidiu durante os outros 4. Renan tentava ser eleito presidente da casa pela quarta vez. Já teve que renunciar a um de seus mandatos de presidente para não ser “impichado” por acusações criminais. Em sua bela ficha, constam atualmente 14 inquéritos em aberto. A lava-jato tem uma cadeia certa para ele, e ele sabe disso. Justamente por tal motivo, tentava se proteger no cargo de presidente de um dos três poderes da república, o poder legislativo.  Eis o perfil do “cidadão de bem” para presidir o congresso nacional..

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O PMDB é aquele partido mestre antigo em “malfeitos” que ensinou essa “arte” ao PT, partido este que superou o mestre exatamente na “arte dos malfeitos”. Ao longo de anos, ambos se aliaram e mergulharam num mar de corrupção, em prejuízo do erário e da sociedade, levando o Brasil a essa tragédia em que ora se encontra.

Nas eleições de 2018, indignado, o povo deu um basta na presidência da república, na câmara e também no senado, renovando seu quadro em 56,8%. Este percentual totaliza 46 novatos na casa, que conta com 81 componentes. Com tamanha renovação, o recado do povo foi claro, e era inadmissível para o povo que um político do naipe de Renan fosse presidente da casa. O repúdio do eleitorado era de quase 100%.

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Se em 34 anos, o PMDB presidiu o senado por 30, e o conceito da casa é um lixo tal qual o do partido, fica óbvio que o maior responsável por essa desmoralização é o próprio partido. Ainda mais depois dos vexames da recente eleição para presidente da casa.

Renan e seus miquinhos amestrados agiram asquerosamente, usando todos os subterfúgios, inclusive acionando na madrugada o juiz Dias Toffoli (outro que o brasileiro instruído e de bem não suporta) para obter dele decisão favorável ao seu pleito e, para surpresa de ninguém, obteve. Proibiu-se o voto aberto e impôs-se o senador Maranhão para presidente da sessão. Foi em vão. Os senadores que lhe faziam oposição escancararam o voto em Davi Alcolumbre, o eleito com 42 sufrágios no primeiro turno, dessa vez sem fraude.

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Renan insistia no voto fechado por saber que vários senadores só votariam nele nessa condição. Se o voto fosse aberto, tais senadores não se dariam a esse constrangimento. Infelizmente, há senadores com esse caráter. Sabendo deste fato e por uma questão de transparência democrática mesmo, a oposição insistia no voto aberto. Descumpridos a determinação intrometida de Toffoli e o desejo obscuro de Renan, deu-se a derrota do senador alagoano, sendo mais uma vitória do Brasil, que, implacavelmente, vai atravessando o mar de lama do atraso. Quando o povo quer, faz acontecer. Funcionou a pressão nas ruas e nas mídias. Avante, Brasil!

Amanhã, mesmo que uns não queiram, será de outros que esperam ver o dia raiar […]

Amanhã, a luminosidade, alheia a qualquer vontade, há de imperar (Guilherme Arantes